quinta-feira, abril 30, 2009

A Sombra da Chuva, por Margarida Brito

Tenho a mania de ler o que se escreve em Portugal. Por esse motivo, já regressei a casa carregando muita e cara porcaria literária. Embora sempre achei que um mau livro continua a ser algo muito bom! Mas se tenho tara pelos clássicos, a mania de ler autores portugueses permitiu-me conhecer coisas maravilhosas como Enquanto Salazar dormia, de Diogo Amaral ou o interessantíssimo Estranha forma de vida, de Carlos Ademar (que bem mais tarde descobri ser o pai da coxa).
Cheguei à Sombra da Chuva de uma forma diferente. Desde logo, o nome da autora oferece-me recordações de um passado longínquo, a coincidência homónima de alguém que me tentou ensinar a sorrir.
Confesso que termino a leitura irritado com a Autora arrepiado com o ultimo capítulo. Eu sei que a inveja é pecado, mas encantou-me o detalhe em cada frase, o modo criterioso como escreve cada palavra, os silêncios no livro (não consigo explicar melhor, do que usando esta enigmática expressão), a forma excepcional como trata a língua portuguesa, o facto como em cada página nos recorda como é saboroso ler algo bem escrito.
A Sombra da Chuva não é um romance para ler na praia ou durante o trajecto de metro: o livro merece uma lareira acesa e um copo de bom vinho em copo alto, um queijo que terá de ser de Serpa, para saborear com calma, beber da experiência de Alma, aprender com a triste alegria da pequena Flávia (a quem só faltam uns caracóis) e encontrar a Sancha que temos dentro de nós, ou bem próximo de nós...
A Sombra da Chuva é um livro que se passa no Inverno, onde a chuva bate na janela de vidro cuspida por um céu cinzento breu, em que as palavras nos convidam a pensar: é preciso algo mais para dizer que é uma leitura fascinante?

5 comentários:

  1. Bem...depois disto, só resta mesmo a alternativa de comprar o livro! Que "prefácio" delicioso...

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  2. ...como da chuva se faz sol...
    (e fica o silêncio, no lugar das palavras que não cabem)

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  3. Margarida B+J22:06

    "A coincidência homónima de alguém que me tentou ensinar a sorrir". Agradeço e retribuo todo esse carinho. Sei que sou eu.

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  4. É sinal que ainda te recordas do teu nome!!! Claro que eras tu, ruindade!

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  5. O pai da coxa agradece a preferência o que releva o seu elevado bom gosto, apenas um pequeno reparo: o colega escritor Domingos Amaral não gosta de ser confundido com o seu pai, Diogo.
    Um abraço

    Quanto à coxa, fica grata pela referência ao moribundo tasco. E garante-lhe que A Sombra da Chuva está a partir deste momento na lista dos livros a ler.

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