segunda-feira, maio 14, 2007

Ode aos comentaristas anónimos!!!

A pretexto de uma brincadeira de café entre amigos, um anónimo amiguinho escreveu: "Voce dá o dito e cinco centimos para ver se o reconhecem como gente. Por acaso já reparou o ridiculo em que cai desdobrando-se em palcos, na clara procura de protagonismo, tenha pena de nós e poupe-nos, vai ter que correr muitos kilometros para igualar o seu progenitor esse sim foi fadado ao longo da sua carreira com o dom da unbiguidade."

A resposta, ABSOLUTAMENTE EXCEPCIONAL veio da pena de um outro anónimo: na minha narcisista opinião, do melhor que aqui foi escrito! Porque há comments que merecem ser post, fica na integra, com um obrigado!

"Ao ler este anónimo, e plagiando o texto de um iletrado boçal que li "confesso ... é daquelas coisas que um gajo le e fica toda fodido por nao ter escrito"! :-)
Só uma autoridade literária e esclarecida como este anónimo poderia produzir semelhante raciocínio.
Analisemos a profundidade técnica e científica desta retórica.

O autor começa por afirmar: "Voce dá o dito e cinco centimos para ver se o reconhecem como gente".
Repare-se como há uma miríade de estilos nesta frase. O clássico e erudito, temperado com uma nota saloia. Um provérbio popular, adaptado ao modelo europeu de integração. Um ar de modernidade num raciocínio tradicional. A elevação é evidente. A alusão disfarçada ao poema de Augusto Gil é deliciosa. O @h não é gente certamente. O anónimo revela-se aqui como Deus criador, gestor do parque humano da blogosfera.

E depois a parte do texto em que o anónimo conquista o seu público. É um jogo de sedução sem retorno. Atente-se: "Por acaso já reparou o ridiculo em que cai desdobrando-se em palcos, na clara procura de protagonismo,

O anónimo fala agora ao coração do demo, esse velhaco capaz de nos impôr a sua presença. Eu próprio sofro diariamente com esta omnipresença. Várias vezes me vejo obrigado a desviar-me do @h em tudo quanto é sítio. De manhã, de tarde e à noite, ele está lá. Aposto até que foi o @h quem foi buscar o anónimo, obrigando-o a escrever no blog que aquele criou de propósito, premeditadamente, para coagir as pessoas e impôr a sua presença.
É ele quem me obriga a ligar o computador, a aceder ao seu blog e a ler os seus textos e depois a comentá-los. E às vezes não o faço porque estou farto dele, não o levo a sério e porque os seus textos são vagos banais e cheios de lugares comuns. Eu também não perco tempo com este parvo porque se o fizesse, no mínimo era tão ou mais parvo quanto ele.
Fica tão só por explicar como é que um iletrado boçal consegue escrever. A explicação é fácil. Se já assistiram aos filmes dos exorcismos, viram como as gajas possuídas depois de vomitarem os batidos do Mac Donalds e de simularem o coito, começam a escrever e a declamar em idiomas que desconhecem. É a manifestação do demo.
Reparem ainda noutro pormenor: a frase é interrogativa. Mas o ponto de interrogação não existe. Não é que o anónimo seja iletrado ou diminuído intelectualmete. Não! A culpa é do h@ que aproveitando o estatuto de administrador do blog, o apagou para expôr ao ridículo o anónimo enquanto este anuniciava a Verdade. O @h não só é iletrado, como é maldoso e traquina. Mexer nos pontinhos dos outros é coisa que não se faz! E repete a maldade com os acentos tónicos.
Mas o texto segue em crescendo: "tenha pena de nós e poupe-nos, vai ter que correr muitos kilometros para igualar o seu progenitor esse sim foi fadado ao longo da sua carreira com o dom da unbiguidade.
A construção frásica é excélsia. A elevação literária brilhante. Peço também que tenha pena de nós. Deixe-me o computador em paz, não me obrigue mais a vistá-lo @h. Por favor! Não me obrigue a escrever e a ser lido, mesmo que seja à sua custa. Sinto-me aprisionado no meu próprio computador. A minha vida já não é a mesma.
A referência ao progenitor é necessária, adequada e séria. Os argumentos são demolidores. Por esta altura já o @h está ansioso pelo fim do texto, prostrado e vergado à força avassaladora destas acusações e comparações. Isto é o mesmo que comparar a Coca-cola com a Spirit Cola.
E mais uma revelação: o demo tem pai. Obrigado anónimo.

E depois o extase:
"Discordo! Melhor do que idiota ocasional só mesmo iletrado boçal. E discordo mais!: Se ninguém o levaria a sério pela sua cara de parvo, menos ainda o levam a sério pelos textos vagos, banais e cheios de lugares comuns.
O anónimo tem a patente da máquina da discórdia e do levar a sério. Faz.lhes alusão por saber que o h@ quando não anda de palco em palco à procura de protagonismo, estuda alguns temas de maior interesse, com resultados visíveis e respeitados.
Voltando aos referidos aparelhos: a máquina da discórdia tem um botão com variador de intensidade. Até agora ou se discordava ou se concordava. Eram valores absolutos. Agora não: discorda-se mais e discorda-se menos. Há ainda o programa de lavagem do discorda-se assim-assim e do discorda-se um bocadinho e um bocadão. E há um programa de discordância económico com pré-lavagem em que se lava a má língua de quem, sem mais, se dedica a falar mal dos outros por inveja, trauma ou tara.
Reparem como todo este texto é preciso, denso, consequente e elevado. Este anónimo é um espanto. O maior e mais letrado, maior que o pai. E todos o conhecemos. É reconhecido na blogosfera como o special one da escrita. Obrigado anónimo por existires e abdicares do teu tempo em benefício do povo perseguido pelo @h.
Senhor Anónimo: Pronto! Está satisfeito? Soube-lhe bem?
Agora que alguém já se deu ao trabalho de, por instantes, lhe dar a atenção que parece procurar em vão, e depois de ter subido ao palco a meio da cena interrompendo a peça, sem que ninguém o pedisse ou sequer desejasse, faça um favor a quem frequenta este espaço e vá fazer um blog seu, convide meia dúzia de retardados dispostos a lê-lo e compre um espelho que lhe permita compôr a sua mediocridade. "

9 comentários:

  1. Anónimo15:13

    Começo a ficar envergonhado! :-)

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  2. Eu que agradeço! O texto está excelente!

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  3. lol!parece que o seu blog atrai uma parada de anonimos idiotas sem fim...isto ta bonito esta...se quiser aparecer hoje as 19 jogo meia final

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  4. Não percebo estas reacções! Os blogs estão infestados com uma escol de indefectíveis que se desfazem em vénias, lambidelas, palmadinhas nas costas,assentimentos,concordâncias de todo o tipo; e cada vez que alguém afirma uma crítica, uma discordância, uma ironia, uma "maldade", cai o carmo e a trindade e o verniz estala em deploráveis contra-ataques...
    Quem não tem estômago para o contraditório e até para a crítica leviana, e se sente constantemente "posto em causa", não devia repensar ou "resolver" algumas coisas pessoais?

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  5. Anónimo18:31

    Extremo:

    Não há que ter receio em reconhecer o mérito dos outros. Ninguém rejeita críticas. O que acontece é que há reacções que não são críticas: são exercícios ordinários de contradição e inveja.
    O teu blog é a melhor imagem do significado e interesse que essa permanente indisposição e facilidade no ataque merece das pessoas.
    Só tens retorno no espaço dos outros. O teu blog é a melhor imagem do teu discurso: um deserto de ideias dirigido para uma plateia deserta.
    Mete a tua doutrina no teu espaço e fica à espera que alguém te responda.

    A man who moralises is usually a hypocrite.

    Oscar Wilde

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  6. Meu caro oscariano,
    Pregar no deserto parece ser a fatalidade dos eleitos, e meter a foice em seara alheia, a fatalidade dos desassossegados.
    Mas, contudo, há uma valiosa diferença entre nós: enquanto falo estupidamente para uma parede e invado, com essa marca, o quintal dos outros, a V. Exa não se lhe conhece paradeiro criativo, ou vegetativo, apenas estas constantes aparições fantasmagóricas em socorro de não se sabe o quê nem com que motivações.
    Como tal, com ou sem retorno, eu posso ensinar-lhe a criar um blog, e assim, pondo doutrina à mostra e com assinatura, já poderemos todos, ou secar no seu deserto, ou chafurdar no seu pântano.

    P.S.: De qualquer modo, agradeço a V. Exa ser um dos raros visitantes do meu blog, e dar tão bem conta do deserto que para ali vai. Ou será V. Exa um camelo?

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  7. @extremo - Mesmo o meu caro, que assumidamente nao aprecia o "h" reconhece duas coisas:
    - não apago comments desagradáveis para mim, e ultimamente têm sido muitos (mesmo quando não são criticas, mas meros ataques, não às ideias, mas à minha pessoa);
    - dou destaque a textos que gosto: como bem sabe já o fiz com um texto seu!

    Não temo a crítica nem o debate de ideias! Nem tenho medo de dar valor aos outros!

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  8. @ h
    V. Exa é um desmancha prazeres, mas ok...
    Há uma tremenda vantagem em ter um blog anónimo (até que nos descubram a careca). Ela diz respeito à vida própria de uma personagem, que criamos e em reação à qual temos uma dívida de coerência e focus identitário. É um divertimento como outro qualquer, e um exercício de estilo. E livra-nos de uma distorção muito chata: que é a de nos confundirem e associarem sempre à personagem criada, especialmente quando a personagem tem pouco a ver com a pessoa real.
    V. Exa vive nesse limbo de difícil saída. Uma ambivalência desconfortável: por um lado quer dar liberdade ao seu "h" (um sujeito meio tolo que não fode nem sai de cima...), por outro lado limita-o no horizonte da dúbia correspondência com o "fiel depositário".
    Repare como V. Exa oscila entre a vontade de ficção e a vontade de seriedade, nos posts e nos comentários. Essa dualidade aprisiona os dois termos da equação, e chega a um resultado que não é carne nem peixe.
    Isto para lhe dizer que não o gramo nem deixo de o gramar, isto dá-me gozo, tão só, de vez em quando "viro-me práqui", e que o "extremo" é um dos meus animais de estimação: prolixo, obsessivo, intelectivo e impertinente. E tem de continuar assim, senão morre a personagem... Quer dizer, talvez já tenha morrido, ao explicitar-me. Mas ele aguenta-se.

    Ass: O dono do "extremo".

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  9. @dono do "extremo" - assumi, desde sempre, que este blogue não era anónimo, mas com pseudónimo!
    Compreendo-o: dá gozo criar heterónimos, mas decidi não ir por aí!
    Este mal frequentado buraco, não deixa de ser aquilo que no fundo sou, com momentos de seriedade, com momentos em que brinco, em que gosto de ser tolo, tontos, inconsequente. Até ao limite, quero deixar vivo o parvo que há em mim, sem deixar que aquilo que faço, determine aquilo que sou!
    Bem sei que passeio num limbo, numa dualidade que nem sempre é fácil equilibrar!
    Se assino com "h" sem juntar 3 letras e o sobrenome, já deixei escrita a razão: quero conservar a liberdade de linguagem, a faculdade de dizer todos os disparates do mundo!
    Vá aparecendo...

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