sábado, julho 09, 2011

Dance, 1963 por Marc Chagall

Posso morrer estúpido - e nesse coerente como vivi - mas vou eternamente acreditar que Chagall é o mais romântico de todos os pintores!
Sendo ele próprio o espelho da mundividência, um verdadeiro cidadão no mundo, que nasceu russo, morreu francês, que se refugiou nos estados unidos orgulhoso da sua condição judia, depois de se ter apaixonado pela revolução russa, teve a grande coerência da incoerência daqueles que nunca deixam de procurar respostas! 
Não é por acaso que Chagall é azul, não fosse a sua obra imbuída de um sereno sentimento de procura, uma certa melancolia por vezes quase cobarde, mergulhada na serenidade quieta da fé, numa placidez perante os imponderáveis, um acreditar quando todos duvidam! 
O quadro que vos ofereço é um encantamento recente, daqueles que nos despertam, mas que depois se esfumam, como ondas cansadas que morrem na areia de uma praia desabitada numa noite quente de verão: vejo nela a diversidade, pessoas que dançam de si e para si, outras acompanhadas, outras que me parecem terrivelmente solitárias no meio de imensa gente, pessoas que dançam a sua própria música, com sons e gestos diferentes, com tonalidades próprias de quem não se limita a sentir os sentimentos dos outros! É refrescante, numa sociedade cada vez mais repetitiva, cada vez mais homogeneamente cinzenta, ver pessoas felizes nas suas diferenças, centradas em si, sem desleixar ou amesquinhar os outros!
E depois, quase perdidos, aqui como em outros dos seus quadros, desenha-nos bocejos de vermelhos, espalhados, uma quase casualidade, o espanto incongruente de deixar o publico inquieto na suspensão inglória, de desconhecer se o vermelho é sangue de calor, de excitação, de paixão ou o vermelho sujo da brutalidade dos insensíveis mal educados! Não fosse Chagall um homem complexamente simples...

3 comentários:

Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!