terça-feira, outubro 23, 2007

Praxaria, por Jorge Serafim

Depois de palavras críticas de António Revez, também Jorge Serafim dissertou sobre as praxes: na integra a crónica no Correio Alentejo.
"Sem um rasgo de originalidade mas em nome de um nobre princípio, o da integração, planificam-se e executam-se uma série de acções todas elas, carregadas de enorme dignidade para o crescimento e amadurecimento do ser humano. Estes maravilhosos e interessantíssimos rituais, símbolos da passagem do adolescente para a fase adulta, a que os veteranos denominam de praxe, segundo os próprios, tem o objectivo fundamental de integrar o novato estudante no meio académico e abrir portas para um efectivo conhecimento do que a cidade tem de melhor para oferecer aos seus novos efémeros habitantes. Com especial incidência nos seus monumentos mais significativos: bares, “discos”, tascas, restaurantes baratuxos, quintas à noite, o café do mercado às seis da manhã, os franguinhos do alemão, os hambrugues do Mac, o Parque da Cidade para baptizos de praxe, a charca do Jardim do Bacalhau para baptizos de praxe o lago esverdeado do Jardim Público para baptizos de praxe, de pedra e cal, ano após ano repete-se a mesma lenga-lenga. Rostos pintados, roupa interior usada exteriormente por cima da verdadeiramente exterior, éferrreaa prá ti, éferrreaa pr’a mim, éferrreaa para quem o quiser apanhar. Quanto mais maldosa imaginação mais tradição. E assim vamos de vento em popa sem um grupo de teatro universitário em Beja. Sem um grupo de música que não seja o das tunas universitárias. Sem uma capacidade propulsora de sentido crítico. Sem uma efectiva abertura para o meio que o acolhe. O ensino superior tem a obrigatoriedade de ser um espaço privilegiado de educação, de formação, de interrogação, de discussão, de confronto, de revolução de conceitos e ideias, de renovação, de experimentação. É o espaço onde se exerce democracia a torto e a direito. Mas também é o seu pulsar e o seu barómetro. Chamar tradição a práticas onde praticamente se discrimina quem se assume como objector de consciência é um sinal de que a tal democracia também se exerce em códigos próprios, socialmente aceites na mais profunda demagogia, à margem da tolerância, da diferença e da razão. A praxe não integra nem nunca integrou alguém em lado algum e mesmo que o fizesse, com certeza que puxando um bocadinho pela moleirinha, se descobriria estratégias muito mais eficazes de atingir os tão dignos propósitos a que se propõem cumprir as gentes de capa e batina. E porque não uma democratização desta tradição? Provavelmente a democracia já não chega a tanto."
Hoje ao fim da tarde, no programa Conselho de Opinião, respondem os alunos; como a cidade acolhe os estudantes é o mote para uma conversa com um aluno do Instituto Politécnico de Beja!

22 comentários:

  1. Anónimo14:53

    quem vai ser o aluno?

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  2. Por razões que me parecem óbvias, é um aluno da Estig, designado pela Assoeciação de Estudantes. Chama-se João é de Engenharia Informática e teve o privilégio de nunca ter sido meu!

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  3. Anónimo17:41

    Alto la'!

    nada contra as praxes, fui praxado na ESAB, já la vão alguns anos, ainda a escola era em frente ao pulo do lobo, havia o gang da pivia, o e' aqui, cocteau, quero dizer quando eramos meia duzia, e Beja ainda tinha piada, ainda a biblioteca municipal não existia, etc etc etc...

    a praxe,quando bem feita vale a pena, quando e' numa de integrar, e não de humilhar, ai sim, mas agora PORRA, que falta de imaginação, e aquelas gajas vestidas de morcego,pejadas de pins e autocolantes, e mais os gajos das tunas, so' apetece desatar 'a chapada, a comecar pelo gajo do pandeiro, tenho uma especial predilecção por esse caramelo...

    lembro-me no 1 dia que cheguei a Beja 10 de jan. de 1990 (ano da PGA), fui praxado e depois perguntei onde se bebia uma cerveja e mandaram-me para a Leitaria, estanho nome, pensei eu...
    Mal entrei, um veterano (o temível Camisinha) mandou-me sentar e disse-me que so saiamos dali depois de 10 cervejas cada um...
    so' me lembro de estar no Ufos a pedir para me levarem para casa, tb já n sabia onde vivia 9era por cima do Saiote). Nesse dia tb conheci o Serafim na Escola Secundaria, bons tempos

    com isto tudo, perdi-me... isto de ter estudado ciências,e o teclado não ter acentos, e 15 anos a "estagiar" em Beja, da' nisto!!

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  4. agora imagina que não tinhas sido praxado...

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  5. Anónimo19:04

    Revez:estou a tentar...quanto tempo?

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  6. o praxanço tolheu-te a imaginação?

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  7. Anónimo19:24

    revez:tas a respirar bem?

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  8. Anónimo01:50

    Em relação as minhas praxes participei nela em conta, peso e medida. So participei nakilo k me interessava. Dps este ano no papel de veterano tive um papel bem passivo, como n concordava com determinadas "tradições" nao fiz valer o meu poder hierarquico para nada. Nao consegui evitar algumas praticas, tb n me juntei a elas.

    Mas eu sou da Eseb, onde até sao praxes bem softs, quando comparadas com as da Esab, Estig e Ess.

    Enfim, tenho pena de nao ter tirado algumas fotos de coisas k vi.

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  9. Caro Serafim, quanto ao facto de não haver mais actividades estudantis, deve-se este em parte a que quando solicitada ajuda a alguns camaradas seus (leia-se CM de Beja), não recebiam-mos respostas e quando a recebiam-mos era negativa, foi necessário que certos comunas chegassem às associações de estudantes para que a dita câmara municipal despendem-se alguma ajuda. Falar "sentado na cadeira do poder" sem saber do que fala é muito fácil e normal vim de certos pessoas.

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  10. Anónimo10:46

    Seu, salvo seja H., cuidado com as palavras ;)

    JH

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  11. Kalias, não posso falar de todas as praxes, nem todas as Escolas. Surpreende-me o seu comment, na parte que concerne às praxes da Estig. Não vi nem ouvi relatos de que os limites do bom senso tenham sido ultrapassados.
    Se sabe algo que eu não sei, pode de modo anónimo mandar-me email para ireflexoes@gmail.com!

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  12. Anónimo14:50

    quais são as razões obvias para esse tal joão da ESTIG?
    pergunto porque todas as associações elegeram, por unanimidade, um aluno como seu representante e que esta talvez fosse mesmo a opção mais obvia.

    Rodrigo Martins

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  13. Rodrigo, seria absolutamente inviável, ter 4 alunos como convidados! Por outro lado, a escolha não recaiu sobre um aluno, mas sobre a Associação de Estudantes, que nomeou um aluno, pelos seus próprios critérios.
    Sobre a razão de ser a A.E. Estig a convidada, até podia argumentar com o facto de ser a maior escola; mas não era verdade! É por ser a minha Escola! Respeito a opinião contrária, mas parece-me ... óbvio!

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  14. Amanhã será lida na Pax a "última página do Diário da Francisca", aluna universitária que terminou o cursinho em Beja e que fez, no seu diário pessoal, um balanço dos anos passados aqui.

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  15. @amrevez - não quero ser desmancha prazeres, mas acho que amanhã vai ser lida uma coisa sobre o abraço Barroso/Sócrates! Será na sexta-feira?

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  16. @h
    Tens toda a razão! Enfiado neste buraco atulhado de livros e papéis, nem sei às vezes se é dia se é noite, nem a que dias ando. Será lida na 6ª, mas já a tenho nas mãos.

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  17. @amrevez - isso é conversa!! É a tal mania dos gajos de esquerda de quererem monopolizar o "protagonismo"! ehehehe

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  18. @h - isso é verdade!! Aliás, estou a ver se consigo eliminar este blog, e banir-te da Pax e do Correio Alentejo! Não é que o dizes e escreves tenha alguma pertinência ou interesse, mas é só para as pessoas não se dispersarem...

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  19. Agora a sério: lê a de amanha no CorreioAlentejo.. Pode ser que gostes!

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  20. @h - Lerei. E já agora ouve na pax ou lê no blog a crónica sobre a Francisca, universitária em Beja... acho que é uma "caricatura" com piada.

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  21. Anónimo01:00

    Caro H continuo com a duvida!
    Disse-lhe que existe um aluno (repito:UM) que foi eleito por unanimidade por todas as associações de estudantes e a minha questão é porque é que não foi esse aluno...
    Abraço
    Rodrigo

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  22. Rodrigo, desde logo assumo a minha ignorância; não sabia que existia UM aluno eleito pelas Associações para as representar! Acredito em si, mas assumo que não faço ideia quem seja, nem a que título foi eleito.
    Sobre o resto, reitero: assumo que a escolha foi minha e quis que recaísse sobre um aluno da minha casa-mãe!

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