segunda-feira, agosto 14, 2006

Suposto Aeroporto de Beja ou RIP de um nado morto

Por razões irrelevantes neste contexto, nunca fiz nenhuma afirmação pública sobre o projecto do Aeroporto de Beja; abro aqui uma excepção a coberto do manto do anonimato responsável.
Este será um respeitoso e saudosista post: o título deveria ser rest in peace. Optei por o não fazer, por me ocorrer uma dúvida tautológica: pode morrer o que nunca nasceu?

Para quem desconhece a realidade que aqui se fala, importa clarificar que a cidade de Beja tem uma Aeroporto Militar, a herança dos Alemães, com duas pistas absolutamente extraordinárias, um clima espantoso, reunindo condições ímpares para a aviação comercial. Desde há mais de uma década que um conjunto restrito de sonhadores, vivem na ilusão de construir aqui um aeroporto, que seria um fenomenal pólo de desenvolvimento de toda a região sul do país, especialmente do Baixo Alentejo, orgulhosamente das mais pobres regiões da Europa rica.
Para tanto, até se procurou cria um lobby, como se numa terra sem dinheiro nem votos fosse possível conjugar pressões e vontades…

Durante anos, para calar as tímidas vozes, o poder politico deixou os baixo alentejanos brincar aos projectos, entretendo-nos com uma suposta empresa de desenvolvimento, que procurou com uma pá remover areia onde apenas encontrava pedra; depois, abutres, aproveitando uma suicida cadeia accionista, pairaram sobre a empresa, verdadeira moscas sobre um suculento naco de merda, estuprando-a, aniquilando a sua depauperada dignidade.

Por fim, uma estúpida e insana OTA, arruma definitivamente o projecto na gaveta do esquecimento, deixando os tontos a falar de aeroporto para o turismo e uns alguns preguiçosos militares a brincar aos aviões…

É o pais que temos; traidor desse Afonso Henriques que não nos deixou ser espanhóis…

3 comentários:

  1. Convido-o a visitar a Base Aérea, para que perceba que não há necessidade de construir um aeroporto, que é a ideia que a maioria tem, quando se fala deste projecto. Está quase tudo lá e os entendimentos com a parte militar está feita. As decisões políticas é que são tomadas em sentido errado. E contra isso não há nada a fazer, pois quem as toma tem a legitimidade do voto (sei que prometem muito, mas às vezes também não se percebe o que é prometido).
    Fica o convite feito, também para verificar como os "preguiçosos militares2, auxiliados por cerca de 140 civis, fazem da Base Aérea a unidade com mais horas de vôo da FAP.

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  2. Prezado Nikonman,
    agradeço o amável convite mas vou declinar: acredite que conheço a base e sei bem que o investimento a fazer-se era estupidamente baixo. Se não existe um Aeroporto em Beja a única razão é a falta de vontade política, incluindo-se aqui os militares, pouco receptivos ao projecto.
    Quanto ao meu anti-militarismo confesso, um dia, explicarei as minhas motivações. ´
    Não vou entrar em polémicas; se a expressão preguiçosos militares é ofensiva, retiro-a; improdutivos militares, parece-lhe mais adequada.

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  3. Não considerei a expressão ofensiva, talvez injusta, principalmente quando a ideia que existe é que a Base Aérea ficou abandonada após a saída dos alemães, o que é absolutamente falso.
    Foi só por isso que fiz aquela observação.

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