Para quem vota por convicção religiosa ou com o mesmo fanatismo com que se é adepto de um clube de futebol, as próximas eleições são apenas mais umas eleições e, como em todas as outras, votam em quem o partido o mandou votar, porque a religião não se discute, aceita-se! Para quem vota tendo por fundamento apenas e tão somente os seus interesses mais egoístas, presumo, que seja simples a decisão de votar!
Mas para aqueles que em cada eleição formam a sua convicção do que será melhor para o País, tendo por base uma análise de pessoas e propostas, esta eleição é dramática, pela profunda dificuldade em escolher!
Nesta eleição ninguém deve abster-se ou votar em branco! Se queremos protestar contra a classe política, vamos massivamente votar em branco nas eleições europeias, porque essas, efectivamente, não servem para nada: mas nunca agora! Nunca nestas eleições! As coisas são demasiado complexas para deixar outros escolher por nós!
Durante três anos o FMI vai exigir rigor na governação, algo a que sempre tivemos alergia! E ganhe quem ganhar vai governar com o FMI! Mesmo que uma coligação PCP/BE ganhasse, obviamente iriam governar com o FMI, engolindo o que têm gritado! Porque a realidade tem muita força e as coisas são como são! O PCP grita em Lisboa contra o grande capital e as construtoras, mas em Beja abriu as pernas para o Modelo, 3 Pingo Doces, Intermarché, Lild, Preço Certo ou como se chama aquilo no mercado, alterou o PDM para vir o Vivaci, os empreiteiros ganharam dinheiro a rodos e obviamente que os executivos comunistas trabalham com a Banca! Porque as coisas são como são e não como sonhamos que deviam ser!
Portugal está falido e importa reconstruir o País, tarefa hercúlea, mas não impossível! Agora mais do que nunca, precisamos de homens excepcionais! E não os temos! Pelo que será mesmo com estes que temos de lavar a triste cara deste abatido País!
Primeiro que tudo, Portugal tem um grave problema de tráfego de influências e ilhas de corrupção, que urge resolver! Sendo que, tal como as moscas, é junto dos partidos do poder que se alojam os corruptos, porque é o poder que sacia o libido dos desonestos!
É preciso ética, mas, sobretudo, que Portugal seja um Estado de Direito que consiga prender criminosos: não é aceitável que num estado com tanta corrupção, só Vale e Azevedo e Oliveira e Costa estejam a contas com a justiça!É verdade que o drama do País não é poucos roubarem muito, mas muitos roubarem pouco: mas, só há legitimidade moral para prender os pequenos criminosos, depois de atacar os grandes!
Por outro lado, não é admissível que o Estado continue a ser fraco perante os três grandes cancros que minam o nosso desenvolvimento: o poder do dinheiro, o poder das ordens profissionais e o poder dos sindicatos!