quinta-feira, agosto 27, 2009

Lingerie...

O título não é grande coisa, mas quis deixar claro que o post versava a intimidade!
Regressei à praia da minha infância! A praia onde fui estupidamente feliz na adolescência, a praia que marcou decisivamente a minha idade adulta...
Se coloco os óculos da racionalidade e contemplo a "minha praia" é muito pouco mais que patética em Agosto: o estacionamento faz-nos pensar em suicídio, o desordenamento do território convida ao homicídio, o urbanismo nem se consegue explicar com incúria gananciosa e incompetência (estou a ser simpático na análise, porque a alternativa é pior e penalmente relevante!!) e, mesmo para comprar pão, é necessário fazer sexo oral ao padeiro! (deixei de comprar pão aqui, porque estavam com calos!).
Mas por mais feia e inóspita que esteja a minha praia, faz-me sorrir percorrer as ruas desde sempre, mesmo num tempo em que não me conhecia, perder-me no meio de estranha e incógnita gente ou regressar aos locais de sempre, onde a gente me trata pelo nome! Na areia da minha praia até o livro enfastiante ganha outro sabor, nas águas da minha praia mergulho e reencontro o sorriso perdido - e deixem-se de merdas, que não há água como a água da minha praia -, deleito-me num reconfortante banho e mergulho na minha infância, num descontentamento contente, com recordações que o tempo não esquece, de tempos onde tudo era sonho e vontade, onde o passado se funde no futuro e nos permite acariciar o presente!
Não sou cego para as evidências, mas o que é a razão quando esbate no coração? Porque as coisas mais belas do mundo, os amores e desamores, as paixões, empatias e simpatias, mesmo as antipatias, não encontra razão na razão, são importantes, apenas porque são!

12 comentários:

  1. Anónimo01:09

    È então por isso que voltas aos lugares onde foste feliz...

    Eu vivo feliz a não voltar aos lugares onde fui feliz...

    Prefiro não tocar naqueles momentos que um dia foram mágicos e especiais de uma forma única.

    Prefiro acreditar que aqueles momentos podem sempre regressar...

    Sempre que eu quiser pois contento me com aquilo que o português tão bem entende...a saudade!

    Imaginando somente que nada mudou e que tudo é como fora outrora.

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  2. Bonito e profundo texto!
    Já agora, qual é essa praia?

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  3. Anónimo02:23

    Monte Gordo é minha praia de infância. Qual é a tua?

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  4. Anónimo10:37

    PRAIA DE ALTURA

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  5. Anónimo13:04

    As "minhas praias" tambem são optimas! Adão e Eva, cabeço , ricucu...
    Mas este ano não fui para lá de ferias só fds.
    Depois de ler este texto tão profundo e lindo (como quase sempre) deu-me uma vontade de ir agorinha dar um mergulho!

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  6. Anónimo14:25

    também tenho uma praia de eleição

    e essa sim é uma praia com bastante sucego, tanto que é que só lá vou com os meus pais de jipe, pois no caminho afundar-se-ia os pneus no caminho areoso, até lá chegar e depois é praticamente deserta, local mesmo ideal para descansar, e não, não é no algarve, como a maioria costuma pensar que só no algarve é que existem boas praias. eu recomendo especialmente as praias do sudoeste litoral e costa vicentina.
    por que é lá, na minha praia, que encontro uma paz enorme e é tão profundo quando no final do verão encontrar a praia quase vazia, estender a toalha e dormir ou ler um livrinho se me apetecer.

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  7. Anónimo02:04

    "...onde o passado se funde no futuro e nos permite apreciar o presente..."
    Para mim o texto, se bem que muito interessante, valeu essencialmente por esta frase.
    Muito profunda! É importante que possamos, a cada momento, APRECIAR O PRESENTE, que de certo modo é o fruto da vivência do passado e dos anseios para o futuro.Força!...

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  8. Anónimo02:40

    Sou comunista e muitas vezes venho ao teu blogue e fico irritada! Discordo das suas posições politicas, mas tu escreves muito bem e hoje fiquei comovida. O texto está lindo!
    E falas de Monte Gordo! Lembro-me de ter ver ai, muitas vezes

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  9. Anónimo16:34

    A senhora é comunista ... muito bem ... também gosta de Monte Gordo ... muito bem. E de pão?

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  10. Anónimo21:51

    Divino!
    Simplesmente divino!
    Adorei!...

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  11. Anónimo21:56

    o passado não volta nunca... nem pode... mas que deixa as suas marcas, os seus vestígios, a saudade... ah lá isso deixa, seja na praia, no campo ou na cidade. tenho saudades da minha infância e da minha adolescência... tenho saudades dos meus pais...

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