sexta-feira, maio 06, 2011

A insuportável pobreza do ser ou o drama do eleitor, parte um...

Para quem vota por convicção religiosa ou com o mesmo fanatismo com que se é adepto de um clube de futebol, as próximas eleições são apenas mais umas eleições e, como em todas as outras, votam em quem o partido o mandou votar, porque a religião não se discute, aceita-se! Para quem vota tendo por fundamento apenas e tão somente os seus interesses mais egoístas, presumo, que seja simples a decisão de votar!
Mas para aqueles que em cada eleição formam a sua convicção do que será melhor para o País, tendo por base uma análise de pessoas e propostas, esta eleição é dramática, pela profunda dificuldade em escolher! 
Nesta eleição ninguém deve abster-se ou votar em branco! Se queremos protestar contra a classe política, vamos massivamente votar em branco nas eleições europeias, porque essas, efectivamente, não servem para nada: mas nunca agora! Nunca nestas eleições! As coisas são demasiado complexas para deixar outros escolher por nós! 
Durante três anos o FMI vai exigir rigor na governação, algo a que sempre tivemos alergia! E ganhe quem ganhar vai governar com o FMI! Mesmo que uma coligação PCP/BE ganhasse, obviamente iriam governar com o FMI, engolindo o que têm gritado! Porque a realidade tem muita força e as coisas são como são! O PCP grita em Lisboa contra o grande capital e as construtoras, mas em Beja abriu as pernas para o Modelo, 3 Pingo Doces, Intermarché, Lild, Preço Certo ou como se chama aquilo no mercado, alterou o PDM para vir o Vivaci, os empreiteiros ganharam dinheiro a rodos e obviamente que os executivos comunistas trabalham com a Banca! Porque as coisas são como são e não como sonhamos que deviam ser! 
Portugal está falido e importa reconstruir o País, tarefa hercúlea, mas não impossível! Agora mais do que nunca, precisamos de homens excepcionais! E não os temos! Pelo que será mesmo com estes que temos de lavar a triste cara deste abatido País! 
Primeiro que tudo, Portugal tem um grave problema de tráfego de influências e ilhas de corrupção, que urge resolver! Sendo que, tal como as moscas, é junto dos partidos do poder que se alojam os corruptos, porque é o poder que sacia o libido dos desonestos! 
É preciso ética, mas, sobretudo, que Portugal seja um Estado de Direito que consiga prender criminosos: não é aceitável que num estado com tanta corrupção, só Vale e Azevedo e Oliveira e Costa estejam a contas com a justiça!É verdade que o drama do País não é poucos roubarem muito, mas muitos roubarem pouco: mas, só há legitimidade moral para prender os pequenos criminosos, depois de atacar os grandes!
Por outro lado, não é admissível que o Estado continue a ser fraco perante os três grandes cancros que minam o nosso desenvolvimento: o poder do dinheiro, o poder das ordens profissionais e o poder dos sindicatos!

2 comentários:

  1. Anónimo12:46

    Uma reflexão excepcional! O blogue anda quase perfeito!

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  2. Anónimo00:12

    “Vivemos num tempo atónito que ao debruçar-se sobre si próprio descobre que os seus pés são um cruzamento de sombras, sombras que vêm do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos não termos ainda deixado de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca virmos a ser” (Santos; 1987).

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!