sábado, julho 23, 2011

Lucian Freud


Não há nada mais aviltante que o mau jornalismo, esta ânsia de narrar o inarrável, de contar algo quando nada há para dizer, o deserto de ciência numa época que dizem ser silly, que condena os jornalistas a inventar conceitos para ocupar as gordas horas de telejornais e as letras imprensas da imprensa! Abjectamente, ouvi algures por aí que Lucien Freud tinha morrido!!! Como se enquanto existir um quadro Freud possa morrer, como se um escritor não fosse imortal nas suas palavras, como se enquanto a música tocar numa qualquer rádio se possa dizer que o cantor morreu!
Inspirado no seu homónimo tio, Freud foi quem melhor pintou as mulheres, que as viu como gosto de me ver a mim e a os outros, o artista que guardou em si a sapiência de perceber que todos somos igualmente vulgares e desinteressantes nas nossas qualidades, que as nossas qualidades são aborrecidas, que aquilo que nos torna verdadeiramente únicos e especiais, a razão que vale a pena amar e ser amado, são os nossos nano defeitos, as nossas falhas, as nossas imperfeições! 
A mulher que dorme desnuda sobre a cama, não está refém de ginásios, de dietas hediondas, de botox, de plásticas,  da frágil superficialidade do acessório, de quem venera o desnecessário e se aborrece perante o pertinente: a mulher que descansa sobre a cama, dorme o justo sono dos satisfeitos, é uma mulher inteira que se ama e entrega, ciente dos seus defeitos, mas apaixonada pelas suas virtudes!

3 comentários:

  1. Anónimo02:06

    Muito bom!

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  2. Anónimo19:50

    Excepcional!

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  3. Anónimo10:29

    1º este Lucien Freud é neto e não sobrinho de Sigmund Freud;

    2º oponho-mo determinantemente ao culto de depreciar as qualidades: penso que é fundamental termos confiança nas nossas qualidades e não ter inveja ou mesquinhez ao reconhecer as qualidades dos outros. Afinal, qual é o prurido em reconhecer que uma pessoa é fantástica ou sublime num determinado domínio/maneira de ser ?? Acho que este reconhecimento não deve nem envaidecer em exagero quem tem qualidades, nem inferiorizar quem não goza das mesmas (por certo terá outras!.

    3º não me parece credível a sua descrição da "mulher inteira" tenha um "sono satisfeito". Não é a 1ªvez que enfatiza a autenticidade da interioridade da mulher em detrimento de factores estéticos e/ou superficiais, contudo, continuo a não o achar suficientemente convincente.

    4º apenas concordo (e plenamente!) sobre a extrema importância dos "nano defeitos" enquanto razão para amar e ser amado.

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!