quinta-feira, outubro 14, 2010

Gastronomicamente falando!...


Eu adoro comer. E quando digo que adoro comer, refiro-me a gastronomia. É sem vergonha que confesso que não me importo de fazer quilómetros para comer algo que me dê verdadeiro prazer. Como também adoro cozinhar: sou de raros casos em que tenho paciência para cozinhar apenas para mim! Aliás, tenho até a mania de partilhar as minhas estranhas e semi-originais receitas de cozinha!
Trago esta minha mania à colação nesta manha de Outono, porque ontem, quando corria para o almoço, reparei no cartaz que anunciava para breve a 1ª Semana da Caça em Mértola: não faço ideia do cartaz do evento, mas horas depois ainda só consigo pensar numa açorda de perdiz!
Sempre que me falam em feiras gastronómicas, recordo Santarém, sem esconder um olhar nostálgico, quase comovido ao recordar uma das verdadeiras maravilhas de Portugal: porque sou acérrimo defensor das feiras de caça, das do grão, das açordas, do borrego ou do porco, da feira do grelo, das semanas da comida gourmet e outros eventos onde se evoque a gastronomia portuguesa!
No caso da nossa cidade, vivemos no paradoxo da nossa gastronomia ser excepcional e os restaurantes bejenses serem medianos – adjectivo escolhido por cortesia para os meus bons amigos da restauração! A verdade pode não ser bela, mas a realidade é que hoje ninguém faz quilómetros para vir a Beja comer! (comida de  restaurantes…)

E é esse estranho e nefasto paradoxo que todos temos de contrariar: porque a gastronomia não mata apenas a gula, é um saboroso propulsor do desenvolvimento económico, uns instrumento de valorização turístico, um momento para exacerbar a excelência.
Gostava de ver em Beja uma feira de gastronomia: uma feira que não imitasse o que já se faz de bom, mas que fosse nossa, original (pelo menos, não vejo referências no Google), que tivesse a capacidade de mostrar Beja, primeiro à região, depois ao País, um dia ao Mundo! Falo de uma Feira Gastronómica do Azeite, onde desfilavam todos os pratos que o azeite pode oferecer. Com colóquios, workshops, debates e tudo o mais que um bom evento merece!

22 comentários:

  1. xxxiiii

    se essa proposta fosse desenvolvida eu sei quem iria torcer a orelha... Moura!
    Terra de azeite sem que a este lhe demonstrem apreço...
    Sei que a essa Camara já foram algumas vezes sugeridas formas de desenvolver o conceito (nunca enquanto feira gastronómica, que eu saiba)e nunca foram levadas em consideração.

    Excelente proposta!

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  2. Zéi00:54

    Tem toda a razão em relação à restauração em Beja, medíocre, dispendiosa e em 90% dos casos com serviço sofrível. Mas tem solução, faça 30km e em Serpa arranjo-lhe de rajada 4 restaurantes acima da média Bejense, Molhóbico, Pedra de Sal, Lebrinha(ok, mais pela imperial, mas têem quase sempre cabeças de borrego) e taberna do Engrola.

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  3. Anónimo01:08

    hUGO

    o SEU PAI TEVE O MELHOR RESTAURANTE EM BEJA"INFANTES" .nÃO QUER REABRI~LO E SERVIR-SE DA ESPERANÇA QUE DEVEM TER. GOSTARIA DE VER OS INFANTES DE NOVO A SERVIR PRATOS E DOCES MARAVILHOSOS.

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  4. @anónimo - não tenho dinheiro para isso! Infelizmente!

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  5. Anónimo11:33

    Porque colocou esta foto?

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  6. Anónimo11:36

    Para muitas pessoas, abrir um restaurante parece ser uma actividade simples e interessante, principalmente quando se pensa que se tem um dom especial para a culinária.
    Infelizmente, os números do sector comprovam que isto não é o suficiente para começar, e muito menos para manter um restaurante de pé.
    Dados do ARESP mostram que cerca de 70% das empresas de Restauração fecham as portas nos 3 primeiros anos de existência.
    Isto significa que caso na sua cidade abrissem 10 restaurantes num ano, provavelmente só irão estar abertos 3 daqui a três anos.
    Assim sendo existem grandes hipóteses de nem sequer se conseguir recuperar o dinheiro que se investe. E porque é que isto acontece? Porque grande parte dos empreendedores não possui conhecimento de facto em como gerir um Restaurante (planeamento, finanças, marketing, custos, compras, stocks, legislação, gestão de pessoas…).
    Pela sua descrição percebe-se que em Beja não existem bons restaurantes, mas afinal o que é um bom restaurante?
    Falo somente dos que conheço, o Fialho em Évora (sabia que passa dias sem servir refeições), ou o Curva em Évora (que está sempre cheio, imagine porquê, 6€ a dose), é um paradoxo, não é?
    Se calhar cada cidade tem os Restaurantes que merece, pelas suas crónicas que acompanho com uma regularidade relativa, você próprio classifica por vezes os bejenses como desilusões como pessoas.
    Falo porque já trabalhei nessa área, e pergunto-lhe, Beja tem uma população activa consumidora de restaurantes? Qual a proporção desses consumidores versus os restaurantes existentes! Mais, será que um Fialho em Beja funcionaria? Normalmente a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha!
    Se você já teve um Restaurante, deverá compreender bem o que falo. A triste realidade, é que as pessoas não possuem dinheiro para ir a Restaurantes com regularidade, e estes não podem sobreviver com visitas anuais por parte dos clientes.
    Mais, a maior parte das pessoas nem conhece o menu, nem o que um determinado Restaurante lhe poderá oferecer.
    Existem também um grande leque de pessoas que gosta de elogiar determinados Restaurantes (os barateiros/com fraco serviço/condições higiénicas duvidosas), porque simplesmente não conseguem ir a outros, onde não se põe em causa a qualidade, a higiene, o serviço e a confecção, e estes factores têm que se pagar, porque custam dinheiro.
    Só quem trabalha nesta área, ou já trabalhou, poderá compreender este texto.
    (desculpe-me pela extensão do mesmo)

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  7. Obrigado pela sua excelente participação!
    Há uma razão maior para Beja não ter hoje restaurantes de referência: a questão económica. Beja é uma cidade de tesos e um bom restaurante paga-se! Por outro lado.. há uma razão sociológica: os homens em Beja gostam de jantar com outros homens em cervejarias!
    Conheço bem o ramo e sei que é complicado manter em Beja um restaurante! E é por isso que não culpo os empresários! Mas.. que o nível é baixo, é! Veja Serpa!
    Uma nota final: a crise da restauração nacional tem outra explicação: o numero patéticamente elevado de cafés que servem almoços! Mata o mercado!

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  8. @anónimo - se o post é de azeite, coloco foto da Oliveira!!! DAhhhhh!! ehehhee

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  9. Anónimo12:23

    Até concordo com o H, agora essa do nível baixo, na minha modesta opinião vai no nível de apreciação da boca de cada um.

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  10. Frango à Guia. O melhor em Beja.

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  11. Anónimo18:47

    Amigo das 12:23,

    Por muito que isso lhe custe, o nível da esmagadora maioria da população de Beja não é baixo. É pior que isso: roça a boçalidade ignorante e arrogante de quem, felizmente tendo algum poder de compra que lhe permite algum desafogo económico, falta-lhe ainda subir mais um patamar na escala social: o da educação (não confundir com instução) que traz consigo um nível de exigência muito maior consigo próprio e com os outros em termos de "saber estar" em sociedade sem bacocos complexos de superioridade e/ou inferioridade.
    Isto reflecte-se não só da fraca qualidade dos restaurantes que por cá temos mas em tudo o resto ... falta por cá uma classe média exigente que faça de Beja uma cidade interessante para se investir no que quer que seja. Porque quem investe pretende, obviamente, ter a sua justa recompensa que é o lucro.

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  12. Em Vale de Vargo (Concelho de Serpa) têm a Feira do Azeite ...

    Não concordo com o "comentarista" CF! O "Frango à Guia" é um restaurante mediano.
    Tem aspirações de 1ª, mas com serviço (quase global) de 2ª.

    Gastronomicamente falando e, para não fugir ao tema principal do post, tenho a certeza (quase) absoluta que onde as pupilas gustativas vão ao rubro e sentem realmente realizadas, aqui bem perto, é em Serpa.

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  13. Jorge - a memória que tenho da Feira de Vale de Vargo é de que evoca o azeite, mas não é gastronómica!
    Mas admito que o lapso possa ser meu!

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  14. Ahhhh, gostei bastante da análise/constatação da actual realidade que se vive na restauração, do anónimo das 11.36.
    Mas esse "problema", dada a actual conjutura economica/social, é global e reflecte-se em todos os sectores.
    Muito naturalmente, só sobrevivem os que reunem as melhores condições e que marcam, de facto, a diferença.

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  15. @ H

    Não, o meu comentário pecou por escasso em tremos de informação.
    É, de facto, uma feira do azeite com as limitaçõe próprias de uma localidade com a dimensão de Vale de Vargo.
    Obviamente que uma Praça como a nossa as "coisas" seriam diferentes ...

    Mas a verdade é que, não raras vezes, surgem entusiastas e num ambiente familiar começam a "nascer" os mais diversos petiscos com a azeite a ser o principal ingrediente. É sempre bom passar por VV nesses dias.
    Uma feira sem grandes pretensões nem aspirações, mas divulga o que de melhor ainda temos ...

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  16. Jorge - tenho um imenso carinho por Vale VArgo e pelas suas gentes. Fui lá professor uns meses! E.. recordo o calor das suas gentes e os excelentes petiscos!
    E.. todas as pequenas feirinhas deviam constar de uma grande agenda cultural do Distrito, porque todas fazem falta! Aliás... fazer de Beja Capital.. era isso!

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  17. H - Moro em Beja e trabalho em Serpa. Subscrevo inteiramente essa realidade.
    Sim, estou de acordo, igualmente, com o 2º paragrafo ...

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  18. Chengdu23:24

    "...há uma razão sociológica: os homens em Beja gostam de jantar com outros homens em cervejarias! "

    Sobre o baixo nível cultural da população de Beja e a sua falta de educação, penso que este parágrafo do H é sintomático. Confusos ?! Pensem bem. Para muitos é uma vergonha sair com a esposa porque podem encontrar os amigos dos copos e serem ridicularizados com os olhares de reprovação. Isto é um fenómeno de imitação tal é a falta de ...vida vivida, não existida que é completamente diferente.

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  19. Anónimo20:06

    Aos anos que digo "se queres jantar bem em beja, vai a serpa". Dizia , digo e hei-de continuar a dizer!

    Já agora e a talho de foice, por ter lá ido e ficado agradavelmente surpreendido pela qualidade da comida, aconselho uma ida ao Centro de Convívio da Abegoaria (a poucos quilómetros de Ferreira do Alentejo), um restaurante tradicional localizado numa antiga escola primária, onde a falta de pretenciosimo das instalações contrasta com os paladares aí servidos!

    jh

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  20. jh - é um na estrada nacional, que, quem olha de passagem, parece um daqueles locais onde raparigas generosas procurar homens apaixonados?!

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  21. Anónimo22:14

    exactamente, parece que estamos em plena recta de pégões! haha

    jh

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  22. @jh - Tenho de experimentar a coisa! E.. ver se lá há bolo!! ehehe

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!