quinta-feira, novembro 18, 2010

Este estranho fado de ser português...


No sábado da outra semana, quando saciava o vício semanal de começar o fim-de-semana a ler o Expresso no café de há muitos anos, arrepiou-me a capa do citado semanário: escolas abrem nas férias e fins de semana para matarem a fome aos estudantes!
Mas no mesmo instante que senti vergonha por um patético país especialista em desaproveitar recursos, senti orgulho desta estranha forma de ser dos latinos, excepcionais na pequena trafulhice, mas dotados de uma generosidade imensa e comovente!
Porque na miséria da pobreza, a vil pobreza de pedir, descobri professores, aqueles verdadeiros, que não andam a passear pelos sindicatos a lutar pelos seus umbigos, que abdicam dos seus tempos livres, para ajudar a alimentar, quem já não tem o que comer!
Porque é impossível de ter orgulho de ser português quando vou ao Pax-Júlia e vejo um espectáculo de dança, onde quatro bailarinos profissionais partilham o palco com sete portadores de deficiência cerebral, num espectáculo que honra a condição humana, com uma beleza profunda, que nos envolve de uma forma como apenas as deusas e fadas conseguem fazer!
Porque ao lado do país de Sócrates, do Passos que é Coelho, do Jerónimo que podia ser Louça ou do outro a quem ninguém dá Cavaco, há um País onde investigadores ganham prémios internacionais e são pioneiros na batalha contra doenças que trucidam, empresários com coragem de enfrentar o mundo e conseguem produzir e vender excelências, gente anónima que nunca é notícia de rádio nem jornal, mas que dá o melhor de si no seu ofício, que vive com honra e princípios, que nunca desiste de lutar para tornar a vida um sitio um pouco melhor!
Porque esta é grande contradição da portugalidade o espelho de cada um de nós: somos capazes do óptimo, com o mesmo sorriso que fazemos o péssimo! Mas.. o que seria da vida sem as contradições e os erros que fazem de nós serem únicos e irrepetíveis!

4 comentários:

  1. "...somos capazes do óptimo, com o mesmo sorriso que fazemos o péssimo!", extraordinariamente verdadeiro;
    Não posso deixar de referir do que me lembrei ao ler este texto. Quantas vezes, quando acontece algo errado, já ouvimos a justificação "alguém fez assim e por isso também fiz"??(não que considere tal argumento fiavel, contudo não sou a mais indicada para falar sobre o tema)
    Interessante seria usarem a mesma justificação, mas para o certo, se essa escola fez bem (e considero que sim, mas quem sou eu enfim), que outras lhe sigam o exemplo.

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  2. Sempre foi assim, só que, agora sabe-se de tudo, escreve-se sobre tudo e fala-se sobre tudo. E, não é só por cá, há bom e mal em todo o lado, mas, como conhecemos apenas o lado português falamos apenas sobre esse lado. O que é preciso é saber levar a vida para a frente e não se preocupar em demasia sobre os outros...;)

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  3. Um texto interessante,mas Portugal esta muito longe de ser um bom pais para deficientes ,terceira idade,e necessitados.

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  4. Anónimo18:10

    Realmente existe uma grande diferença entre Professores e professores... O H, permita-me, pertence à primeira categoria, juntamente com centenas, quiçá milhares, de outros que honram a "missão" que abraçaram. Quanto aos da segunda categoria, o numero é bem inferior às consequências que infligem à educação das gerações que terão de liderar o amanhã!

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!