sexta-feira, janeiro 29, 2010

O Haiti e a gente tonta! *

1. Na minha ultima crónica neste jornal, escrevi que “Gosto particularmente de crises![…] Depois da tempestade inicial, os momentos de crise, despertam a nossa criatividade, namoram a nossa imaginação, fazendo emergir o melhor dos seres humanos. Ou o seu pior, porquanto as crises carregam consigo a deliciosa característica de nos tornar mais genuínos, mais verdadeiros, fazendo respirar a nossa verdadeira essência!” Recordo o texto, tendo na mente o drama no Haiti, que fez sobressair a generosidade de um País – os Estados Unidos – e o mau feitio de um idiota – obviamente o Presidente Chávez!

Para quem faz um ligeiro esforço para acompanhar a realidade na Venezuela, as palavras de Chávez não surpreendem: a braços com uma grave crise económica, de desvalorização em desvalorização da moeda, privando os Venezuelanos de comprar praticamente todos os bens importados, num clima de uma democracia verdadeira, daquelas que causam inveja aos ditadores, é necessário urdir um inimigo externo, para tentar unir um povo que sofre. Mais surpreendente é o fascínio com que alguma esquerda lusitana aplaude os disparates do Presidente Venezuelano, um verdadeiro mistério do Caracas. Ou não: depois de desaparecer um muro, que não foi derrubado mas que caiu de miséria e vergonha, a inexistência de verdadeiros valores, demanda que algumas pessoas se agarrem a preconceitos e pseudo-valores, de forma a acreditarem que ainda acreditam em alguma coisa!

Um desses preconceitos primários é o anti-americanismo, que os leva a aplaudir todo e qualquer idiota que berra contra os EUA. A nação americana, com os seus contrastes e contradições, oferece-nos exemplos do melhor e do pior: mas saber que eles existem, saber que defendem valores fundamentais como a democracia e a liberdade, ajudam-nos a dormir melhor. Porque podem fazer mil dislates, mas estão lá quando são precisos: seja para salvar a Europa de Hitler e Estaline, seja para ajudar o sofrido povo do Haiti!

* no CA a crónica aparece com um título mais bonitinho...


25 comentários:

  1. Os EUA são como aquele tio rico e distante que ninguém gosta, mas quando a coisa "arde" é chamado para ajudar...:)

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  2. Espadaúdo11:54

    «Tenho dúvidas que a Coreia do Norte não seja uma democracia». É assim que o mais jovem líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, vê o regime de Pyongyang, em entrevista ao Diário de Notícias.

    Isto como sabem, foram declarações feitas há algum tempo, mas refletem bem o pensamento consciente e inconsciente desta gentinha. Ora pergunto eu, será que todas as pessoas que elegeram este gajo para as representar se identificam com estas afirmações e com esta linha de pensamento. É que isto demonstra uma falta de credibilidade gritante.

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  3. Espadaúdo12:20

    Já para não falar do que ele pensa sobre a "democracia" na ilha do Fidel. Eu estive de férias na ilha de fidel em 2005 e comprovei a "democracia" que ele afirma que existe. E não estive em Varadero alheio a tudo o que se passava à minha volta ( para isso tinha ido para Monte Gordo ), mas sim em Havana. Não existem atenuantes para um fulano destes, principalmente na posição em que está. Nem mesmo nunca ter visitado a ilha.

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  4. Zéi14:18

    Das melhores crónicas após-desastre que li. Curta, precisa e sucinta. O que é engraçado é que metade que das pessoas que criticam os EUA nem sabem do papel que já representaram na história moderna ( já para não falar em planos Marshall etc). Claro que não é um mar de rosas, mas que o mundo deve mais aos americanos que os americanos ao mundo, não tenham dúvidas.

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  5. Anónimo17:07

    Claro que devemos aos americanos.
    Devemos o credito mal parado, devemos as guerras do golfo, devemos os mercenarios que fustigam países, devemos as bombas atomicas, devemos a guerra do vietman, devemos a guerra do afeganistao, devemos a libertação da europa do hitler?
    Devemos a libertação ausshwitz?

    Não lavem a historia para lhe tirar as nodoas que voces nao gostam!

    Belo tio rico!
    Tio meu não é!
    Isto nao é anti-americanismo primario é racional!

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  6. Anónimo17:11

    Excelente crónica H - Parabéns.
    E antes os EUA, com todos os males e defeitos que certamente comportam, que "democracias" como as que cita na crónica e que prometem eternamente "amanhãs que cantam" para esconderem fraquezas estruturais causadas por dogmas ideológicos.

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  7. Anónimo17:27

    "os males e defeitos" dos EUA não são também "fraquezas estruturais causadas por dogmas ideológicos"?

    Mas que raio de coisa, pá!

    Isto de chamar burro a uns e asno a outros produz os seus frutos!
    A ignorância!

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  8. @ultimo anónimo .- palavra de honra que não percebi!

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  9. Anónimo17:40

    Tava a fazer uma alusão ao anónimo antes do meu ultimo comentário!

    Tal como o resto dos comentários sobre esta noticia!

    São tendenciosos!

    Por dogmas ideologicos a China, Cuba ou Coreia do Norte podem e devem ser criticados.
    Mas por dogmas ideologicos os EUA fazem males que justificam o bem!

    Não posso crer!

    E não me joguem areia para os olhos! :)

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  10. Anónimo17:43

    Pois ainda estamos num mundo que a expressão máxima de liberdade é o "meu umbigo"!

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  11. @penultimo anónimo - perguntei, porque não percebia onde no meu texto fazia esse tipo de alusões! Agora entendi!
    E só uma nota: falei da Venezuela, porque a esquerda lusitana andava encantada (PM incluido); e o texto foi escrito, ainda antes do Democrata Presidente, ter encerrado um canal privado, por o grave crime de ... não ter transmitido em directo um discurso dele! (que levou À demissão de dois Ministros e manifestações na rua!)

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  12. @ultimo anónimo - apraz-me registar que tem um umbigo livre!

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  13. Anónimo17:59

    Falas na Venezuela mas os comentarios que se seguem diversificam as opçoes!

    Eu nao tenho um umbigo livre!
    A minha liberdade não se faz apenas da palavra! Seria limitar a propria liberdade!Ter palavra e não ter pão, não é liberdade!

    Enquanto isto for subalternizado, temos a cidade que temos, o país que temos e o mundo que temos!

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  14. @anónimo - claro que a liberdade não é um valor absoluto! Daí que fale também em democracia, no seu mais amplo e bonito sentido, que não se resume a existirem eleições!

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  15. Anónimo18:17

    Em democracia as eleições são importantes.
    Mais importante: uma democracia participativa do local para o regional e do regional para nacional.
    Isto tudo muito sucintamente! :)
    Terá de ficar para outra altura!
    Agora é tempo de apanhar o autocarro para Beja. :)

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  16. Boa viagem! E volte para expor a ideia!

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  17. Espadaúdo18:23

    Vários críticos atribuem ao comunismo episódios de violação de direitos humanos observados durante o século XX, como o genocídio ucraniano na União Soviética ou o massacre de um quarto da população do Camboja sob o regime de Pol Pot.

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  18. Anónimo18:32

    Espadaúdo:

    Voce ou é burro ou asno mas vê sempre em frente!

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  19. Acima de tudo, e depois de todos os valores e ensinamentos de uma cultura americana tendo por base a Liberdade e a Democracia, está ai a era Obama e tudo aquilo que ela representa, cooperação. Bem visto H. Já há muito que não lia uma crônica tão boa no CA. E sua inclusive.

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  20. Hewitt - Obrigado! E reconheço que tem razão! É algo que ando a ponderar!

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  21. Voçê diz o que diz... Eu digo isto! é a democracia meu caro H!

    Desde que Hugo Rafael Chávez Frías foi eleito presidente da Venezuela em 1998 e começou a apontar novos rumos para o país, a imprensa começou a “pegar em armas” para combater o chefe de Estado que está dando o tom do debate da esquerda no mundo hoje, principalmente na América Latina, área de influência direta dos Estados Unidos, país alvo dos ataques verbais de Chávez.

    Ele é chamado de maluco, fanfarrão, verborrágico, populista, golpista e ditador, aliado de outro ditador, Fidel Castro. Assim a imprensa se refere a Chávez, e o leitor tende a tomar isso como verdade, mas alguns números são necessários para que se tenha mais clareza e discernimento quando se quiser fazer uma análise da República Bolivariana da Venezuela. São fatores que a imprensa prefere não divulgar.

    Recentemente a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), organismo da ONU sediado no Chile, divulgou relatório sobre os avanços econômicos e sociais na região, onde houve forte queda nas taxas de pobreza e indigência. As causas dessa redução são, segundo o relatório, o bom desempenho econômico em toda a América Latina, com destaque para a República Dominicana, que cresceu 9,1% em 2006, e a República Bolivariana da Venezuela, cujo crescimento econômico foi de 8,5%. São as duas maiores taxas de crescimento, enquanto a média da América Latina e do Caribe foi de 5,6%.

    A Venezuela está entre os países que mais conseguiram melhorar a remuneração de seus trabalhadores, a qual aumentou em mais de 3%, índice só alcançado por Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai.

    Estima-se que 36,5% da população latino-americana sejam formadas de pobres. Individualmente, o país que mais reduziu a pobreza foi a Argentina. Entre 2002 e 2006, o país reduziu a pobreza em 24,4% e a indigência em 13,7%.

    O segundo país com as melhores taxas é a Venezuela, que, entre 2002 e 2006, diminuiu a pobreza e a indigência em 18,4% e 12,3% respectivamente. Segundo a Cepal, “a elevada taxa de crescimento do PIB, bem como a implementação contínua de programas sociais de grande amplitude, permitiram que, somente entre 2005 e 2006, a taxa de pobreza passasse de 37,1% para 30,2%, e a indigência de 15,9% para 9,9%”. O relatório registra ainda que “este acelerado avanço significa um melhoramento importante das perspectivas de redução da pobreza, e incrementa significativamente a facilidade de cumprir a primeira meta do milênio”.

    O Brasil está em 9º lugar na redução da pobreza e em 7º na redução da indigência, apesar de ter conseguido colocar mais de 8 milhões de pessoas na classe média. Entre as dificuldades do Brasil está a histórica má distribuição de renda, a 3º pior do mundo. O relatório da Cepal informa que o Brasil apresenta diminuição de “4,2 pontos percentuais tanto na pobreza como na indigência entre 2001 e 2006”, taxa que tem forte impacto no nível regional, “já que implica uma queda de 6 milhões no número de pessoas indigentes”. Para a Cepal, “um fator crucial por trás deste desempenho figuram os programas públicos de transferência de renda, especialmente o bolsa família”.

    O governo Chávez precisava de médicos para atender a população do interior do país, para onde médicos venezuelanos, em sua maioria filhos da elite, não se dispunham a ir. A solução foi trocar petróleo subsidiado por médicos cubanos. Atualmente 25 mil médicos da ilha de Fidel Castro trabalham no país, reduzindo, por exemplo, a mortalidade de mais de 30 para 13‰, metade da média brasileira.

    As escolas públicas venezuelanas passaram a ter ensino integral, ou seja, as crianças agora chegam à escola, têm suas atividades pedagógicas pela manhã, almoçam, e permanecem com outras atividades à tarde. Os educadores brasileiros sonham com isso.

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  22. Continuando!

    A democracia na Venezuela é outro ponto importante. Conforme escreveu o jornalista Carlos Azevedo, “todas as mudanças promovidas por Chávez foram feitas a partir de eleições, plebiscitos e consultas à população. Desde 1998 realizaram-se dez eleições e plebiscitos no país”. A próxima será para saber se a população aprova as mudanças na constituição propostas por Chávez. Carlos Azevedo lembra que “nenhum governo em tempos atuais consultou tão freqüentemente a população como o venezuelano. Eleições cuja lisura não foi contestada por observadores internacionais. Chávez ganhou todas e por larga margem”.

    E, como não custa nada perguntar, eis o que Carlos Azevedo questiona: “Ou democracia é comprar deputados e fazer passar uma emenda à Constituição no Congresso para permitir a reeleição do presidente, sem consultar a população, como fez FHC mudando a regra do jogo para ganhar um novo mandato em 1998? Isso é democracia ou é golpe? É golpe. Mas para a imprensa oligárquica FHC é o democrata impoluto. E Chávez é que é ditador?” Pode-se fazer mais uma pergunta: será se alguém se lembra que Fernando Henrique Cardoso apoiou o terceiro mandato do ditador Alberto Fujimori, do Peru? Fujimori, acusado de corrupção no Peru, fugiu e hoje cumpre prisão domiciliar no Chile. Ele deverá ser julgado por crimes de corrupção, tráfico de armas e genocídio pela justiça peruana, como informa a revista Carta Capital. Entre as testemunhas arroladas por Fujimori está Fernando Henrique Cardoso como testemunha de defesa.

    Podemos lembrar ainda que a Constituição de 1988 foi promulgada sem participação popular direta; o mandato de José Sarney foi aumentado de 4 para 5 anos e ninguém pôde opinar; os prefeitos eleitos em 1982 ganharam mais dois anos e ficaram com mandatos de 6 anos. Quem foi consultado sobre isso? A Lei de Diretrizes e Bases da Educação aprovada nos anos 90 não teve qualquer participação popular.

    Se para se ter democracia é preciso que haja participação popular, a Venezuela, pelo menos nesse aspecto, está acertando. Se é ter eleições livres, a Venezuela por isso não pode ser condenada. Se é dar melhores condições de vida à população, reduzindo a pobreza, a miséria, e dando mais educação e saúde, então, a Venezuela está no caminho de consolidar sua democracia. Agora, se tudo isso não representar um esforço rumo à democracia, poucos países conhecidos como democráticos terão de ser considerados ditaduras.

    E a mídia, por que não divulga isso? Por que não divulga os números da Cepal/ONU? No entanto, quando o instituto Latinobarômetro publicou que Chávez é um dos menos populares chefes de Estado da América Latina, a mídia divulgou à exaustão. Quando Chávez na ONU se referiu a W. Bush como diabo, a imprensa mostrou isso até não poder mais. E quando o rei Juan Carlos disse “por que não te calas?”, a imprensa não pôde conter-se de felicidade, mas não disse nenhuma vez que, de fato, José Maria Aznar, quando primeiro ministro espanhol, apoiou o golpe de Estado contra Chávez em 2002, e que a Espanha foi o primeiro país, antes mesmo dos Estados Unidos, a reconhecer “o novo governo” de Pedro Carmona, então presidente da Fedecámaras, a federação das indústrias da Venezuela.

    O fato é que a vida dos pobres venezuelanos está mudando e hoje o Estado está sendo gerenciado a serviço dos que, durante toda a história daquele país, foram excluídos dos recursos do petróleo, que uma casta de funcionários da empresa petrolífera venezuelana (PDVSA - Petróleos de Venezuela S/A) usava para seu próprio bem viver. É essa elite que não se conforma em ter perdido suas benesses. E como a imprensa é da elite ela bombardeia o presidente. Caso semelhante ao Brasil, cuja elite não se conforma em ser governado, e bem governado, por um homem de origem popular.

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  23. MP - confundir Lula com Chávez é uma piada!
    Sobre o resto, estamos de acordo: o meu caro aplaude a democracia de Chávez, eu considero-a uma quase ditadura!

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  24. Caro H

    Neste momento o que o braga está fazer ao Sporting é que é uma ditadura :)

    Vamos a ver se o nosso Benfica aguenta esta pedalada do Braga caso contrário sai o norte a ganhar Outra Vez!!


    Cumprimentos divergentes mas democráticos

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  25. @MP - Cumprimentos! (quem nos diria, que iríamos ficar tristes, por o Liedson falhar aquele golo!!!)

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!