terça-feira, janeiro 04, 2011

A cunha, por Daniel Oliveira

A cunha não resulta de uma propensão nacional para a aldrabice. É a informalidade de quem não se organiza. E, num país pequeno onde toda a gente se conhece, a cunha é a forma das redes de contactos valerem mais do que o esforço e a competência. Ela tem efeitos na qualidade do que se faz ou na justiça das decisões que se tomam. Mas ela é, acima de tudo, um travão à mobilidade social. Quem está mais longe do poder não consegue empregos, é mais facilmente vítima de arbitrariedades, passa por calvários burocráticos a que outros são poupados. Basta olhar para os quadros das principais empresas, para os apelidos que se repetem e para a pequenez da nossa elite para perceber como essa rede informal é eficaz. E nas decisões administrativas passa-se o mesmo: se as regras não são claras e previsíveis e quem toma decisões não é rigoroso a aplicá-las a cunha subsitui a justiça. E é inevitável que assim aconteça.
Não basta não tolerar a cunha. Podemos e devemos continuar a fazer as coisas como se ela não existisse. Mas não chega, porque ela acaba sempre por se impor. A cultura do rigor nos procedimentos de quem tem de tomar decisões - políticas, administrativas ou empresariais -, seja no Estado ou no setor privado, é a única arma eficaz contra a informalidade das redes de contactos.

13 comentários:

  1. Anónimo15:07

    A propósito de cunhas , fazer post ao abrigo do novo acordo , parece coisa abrasileirada , não acha? :)

    ResponderEliminar
  2. @anónimo - é o Português que temos. No próximo ano letivo vou ser obrigado a escrever assim. A ideia é começar a habituar-me!

    ResponderEliminar
  3. Anónimo15:10

    Então e eu que sou aluna ,não sei escrever assim. também irei ser obrigada?

    ResponderEliminar
  4. @só mais tarde. Nós é que temos de começar a escrever português esquisito ainda este ano!

    ResponderEliminar
  5. Anónimo15:13

    Já não é para mim!

    Este novo acordo é feio.

    ResponderEliminar
  6. Vamos habituar-nos... Pense assim: hoje era impensável escrever pharmácia, phutebol ou phoda!

    ResponderEliminar
  7. Anónimo15:32

    Qualquer dia tiram-lhe o H e fica só ugo!pela logica ...já pensou nisso? LOL

    ResponderEliminar
  8. Sim! Mas os nomes próprios ficam inalterados! Ou seria o blogue do

    ResponderEliminar
  9. Anónimo15:45

    Mas já não tiraram o c ao vitor?

    ResponderEliminar
  10. Anónimo16:54

    Então dir-se-ia:
    - O agão do mextre J M Mextre dretor do osprital, nã lentra feijanito no ku, ten ca un cuurricolo cate paresse que foi kagado generali

    ResponderEliminar
  11. maria18:27

    A etiqueta "esquecida" é provocações? Ou é outra coisa qualquer? ;)

    ResponderEliminar
  12. Maria - é um convite a pensar...

    ResponderEliminar
  13. Anónimo23:30

    Cuba: 5 ministérios e central sindical iniciam despedimentos


    Cinco ministérios cubanos e a central sindical única iniciaram hoje o processo de redução dos funcionários do Estado, num plano que prevê a eliminação de meio milhão de postos de trabalho, indicou a agência espanhola Efe.

    Os ministérios de Indústria Açucareira, Agricultura, Construção, Saúde Pública e Turismo foram os escolhidos para começar o «reordenamento laboral», uma das principais medidas aprovadas pelo governo de Raúl Castro para ultrapassar a grave crise económica que asfixia a ilha.

    Funcionários de vários destes ministérios confirmaram à Efe o início do processo e adiantaram que este será realizado de forma paulatina, nos próximos quatro ou cinco meses, em função da dimensão e da quantidade de trabalhadores de cada unidade.

    Diário Digital / Lusa

    ResponderEliminar

Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!