Regressei a casa há meia dúzia de minutos: o tempo de preparar um chocolate quente e desapertar o nó da gravata, depois de mais uma noite de aulas! A primeira depois das férias: e não escondo que tinha saudades. Gosto da sala! Por isso e só por isso tenho aguentado canalhices, insistindo em ficar! Porque gosto de ser Professor. Ou daquilo que para mim é ser Professor!
Penso que é por estes dias o IPBeja vai implementar com uma coisa pornográfica a que chamam avaliação dos docentes! Deixem-me escrever o mais importante antes de tudo o resto: tenho profunda estima e respeito por quem coordenou este projeto: o João Leal faz parte da gente boa e competente desta casa e, não é por culpa dele, que se pariu uma avaliação tão grotesca! Aliás, para terem uma ideia, a avaliação é tão má que até os sindicatos concordam com ela!!! Avalia-se tudo, excepto essa coisa horrorosa e tenebrosa que é o mérito das pessoas! O trabalho em aula, a essência da nossa actividade, conta algo entre nada e um máximo de 4% da avaliação total! Fica tudo dito com um exemplo… três visitas de estudo, (que no meu caso podem ser ao Tribunal de Beja) valem mais que 360 horas de aulas!
Auto-exclui-me deste processo, exceto quando escrevi estas linhas: mas tal como sustentei em outros momentos, uma má avaliação é melhor que não existir avaliação: mesmo, em casos como este! O que mais me irrita neste processo é que se perdeu uma oportunidade luminosa de responder à mais pertinente questão de todas: qual o papel do Professor no século XXI na época pós-Bolonha?!
Chamem-me todos os nomes, mas no dia que o Professor deixar de ser um comunicador, que abdicar de ser uma referência para os seus alunos, alguém que lhes desperta curiosidade e está presente para lhes acalmar as dúvidas, perde a sua essência e, cumulativamente, a sua razão de existir!
Paguei e vou continuar a pagar o preço de pensar pela minha cabeça e recusar-me-ei sempre a lamber o cu de idiotas, mas nunca vou abdicar de lutar pela liberdade de dizer o que penso, respeitando divergências, mas sem eufemismos, cinzentismos ou receios pudicos de imaculadas: irei jogar as regras do jogo, mas manterei as minhas, ou seja, não obstante achar que é idiotice, irei cumprir as novas regras de avaliação, sem escamotear as minhas profundas divergências!
Paguei e vou continuar a pagar o preço de pensar pela minha cabeça e recusar-me-ei sempre a lamber o cu de idiotas, mas nunca vou abdicar de lutar pela liberdade de dizer o que penso, respeitando divergências, mas sem eufemismos, cinzentismos ou receios pudicos de imaculadas: irei jogar as regras do jogo, mas manterei as minhas, ou seja, não obstante achar que é idiotice, irei cumprir as novas regras de avaliação, sem escamotear as minhas profundas divergências!
Acredita: "Qual é o papel do Professor no pós-Bolonha?" é uma questão que coloco a mim mesma todos os dias...Principalmente no regime de ensino que frequento...
ResponderEliminarExcelente, Professor Hugo!
ResponderEliminarBastante pertinente este texto:)
ResponderEliminarSó um HOMEM de muita coragem assina um texto assim!
ResponderEliminarObviamente se a avaliação corresponde ao caminho mais fácil... Os resultados só servirão para "justificar" as palmadinhas nas costas dos "afillhados" e correligionários... porque afinal os bons profs não são os que sabem mais... mas os que sabem ENSINAR... e tenho visto no IPB, que é o caso que conheço, mas certamente não é caso unico, professores com p pequeno, como pequena é a sua mente, que só empatam os alunos, denegando auxilio a quem tem dificuldades, encerrando-se na sua torre de marfim e levando ao fracasso o rebanho que lhe foi confiado! MAS tambem tenho visto Professores com P grande... que sabem ensinar... que formam Pessoas, e que contribuem para o Sucesso dos seus Alunos. Resumindo e concluindo, o sistema de avaliação deveria ajudar a separar o trigo do joio, e ajudar a melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos, que afinal é o principal objectivo...
ResponderEliminar@anónimo 18.04 - É timida a fronteira entre a coragem e a estupidez: tão timida, que nem sempre sabemos onde uma começa e a outra termina!
ResponderEliminarMas... a maior liberdade do mundo é a liberdade de nada ter a perder!
E viva a ex-ministra!
ResponderEliminar@anónimo - A ex-Ministra não tutelava o ensino superior. Infelizmente!!!
ResponderEliminarSim, porque a avaliação que ela inventou para o Secundário e Básico, essa sim, era justa e premiava os bons professores e distinguia-os. Tal e qual.
ResponderEliminarDepois de ter defendido aqui o indefensável e alguém cuja a única preocupação foi lixar os professores do Básico e Secundário de alto a baixo para poupar dinheiro, agora chupe com uma avaliação injusta e filha da puta (tal como nós estamos a chupar) para ver se gosta.
@anónimo - vocês não são avaliados: o processo morreu é hoje uma vergonha!
ResponderEliminarHá anos e anos que sou avaliado pelos meus alunos! E gosto! Muito! E repito o que escrevi: mais vale uma má avaliação, do que não ser avaliado! Mas... é apenas uma opinião! Há quem tenha pavor de ser avaliado...
Lá está vc mais uma vez a falar do que não sabe.
ResponderEliminarNós somos avaliados, temos aulas assistidas, etc, etc. O processo decorre normalmente, os parâmetros é que são absurdos, ridículos e nada têm que ver com o ser bom ou mau professor.
Mais uma vez fala do que não sabe. Já é costume. E avaliados pelos alunos somos todos e também gosto muito de o ser. E gostava muito de o ser também de forma séria e efectiva que premiasse os bons e castigasse os maus. Coisa que nem esta nem a que a ex-ministra preconizava fazia.
E sem dúvida que há quem tenha pavor de ser verdadeiramente avaliado, sobretudo aqueles que gostavam da avaliação da ex-ministra e que foram avaliados, não por aquilo que valiam como professores, mas pelos cargos que tiveram nas escolas ao longo dos anos.
@ anónimo das 23h 02 m -- ainda não percebeu que o H tem um umbigo maior que a Praça da Republica ?
ResponderEliminarIsso da Avaliação de Professores é para a plebe .
O H como sobredotado e como ser superior unicamente pode ser avaliado pelos alunos.
Um pouco de humildade não lhe fazia mal.
@anónio - Alguém o informou mal: o que tenho grande é a pila, não o umbigo!
ResponderEliminarReitero: quero ser avaliado, seja qual for. Acho esta uma estupidez, mas nao tenho objecções: exceto deixar a minha opinião e assumi-la!
Algo dificil nos dias que hoje! Ser cobarde dá prémios... como os meus caros bem sabem!
@outro anónimo - Já não tenho paciência para discutir a ex-Ministra: no devido tempo disse o que pensava, debati com quem tive que debater e tenho uma opinião clara que é conhecida e assumida! Sabe: pensar o mesmo que o resto do rebanho nunca me atraiu!
ResponderEliminarDebater eternamente a ex-Ministra é coisa de ressabiado! Dixit
Hugo, não percas tempo com estes idiotas frustrados que a unica coisa que sabem fazer é atacar e ofender!
ResponderEliminarNão conheço o Hugo, não sei se ele será assim como vc diz.
ResponderEliminarQuero acreditar que, no elogio que faz à ex-ministra, o Hugo está sobretudo mal informado e fala por impressões e não por opiniões fundamentadas na leitura dos documentos.
Ainda assim, bastava o absurdo das Novas Oportunidades para qualquer pessoa minimamente inteligente colocar a ex-ministra no lugar que ela irá ter na história do ensino em Portugal: a pessoa que mais promoveu a ignorância e, em última análise, destruiu o pouco que ainda restava de sério no ensino português.
Agora que me dá um certo gozo ver a fúria do Hugo em relação a uma avaliação a que vai ser sujeito e que é, sem tirar nem pôr, tão canalha quanto a da ex-ministra, lá isso dá.
Mas pronto, o rapaz acha que, mesmo assim, é preferível uma má avaliação... oxalá quando vir algum colega incompetente e menos habilitado que ele a progredir e ele não, não mude de opinião.
@anónimo - se não sabe o que eu disse do Ministra e da Avaliação, porque diz que não tem opiniões fundamentadas?
ResponderEliminarNão seria mais inteligente ler primeiro o que escrevi e criticar-me depois?!!! É só uma ideia...
Será que algum dos comentadores leu os documentos em causa ou sabe as razões do h para falar em canalhices, nomeadamente a perseguição?
ResponderEliminarLi o que escreveu aqui sobre a ministra. Concordo com algumas coisas e outras não, como não poderia deixar de ser.
ResponderEliminarE obviamente que a ministra não fez só coisas más. Por exemplo, as aulas de substituição, o Inglês no 1º ciclo e outras coisas mais avulsas foram boas medidas.
Mas o saldo final é muitíssimo negativo e nenhum professor digno desse nome pode de forma alguma elogiar alguém que destruiu a escola.
Quanto a ressabiamentos, se bem se lembra este diálogo só começou depois de vc vir aqui deitar foguetes e apanhar as canas depois de um ridículo relatório PISA que já foi mais do que desmontado, até por dados do próprio ME. Apresentou-o como prova do sucesso das medidas da ex-ministra.
Quem desenterrou a múmia foi vc e pelos vistos e ressabiado e vc que, não sendo desprovido de inteligência, como os seus textos demonstram, já percebeu bem a asneirada que cometeu ao apoiar aquela alimária. Agora não quer é dar a braço a torcer. Olhe, torça a pila, já que que afirma ser assim tão grande. Dixit
@anónimo - Durante o ano quente em que se discutiu educação, fiz dezenas de post, centenas de comentários sobre educação, convidei sindicatos, professores e pais para o Conselho de Opinião e sempre mantive as minhas convicções, debatendo com todos os que quiseram e souberam debater: acha que mudava de opinião por 3 comments seus??!
ResponderEliminarSe não vou continuar a discussão, foi porque terminnou quando mataram o legado da Ministra! O meu caro faz um balanço negativo, eu faço um muito positivo: são coisas da vida!
Agora.. discutir eternamente os mesmos argumentos.. é coisa de idiotas! E.. como diz o Presidente.. quer saber mais.. procura no histórico do blogue: está lá tudo!
Abraço e fim!
@outro anónimo - claro que eles não querem saber de perseguições e canalhices!! óbvio que isso não interessa!
ResponderEliminarFim e, já agora, um bom Ano Novo.
ResponderEliminarHugo, nunca perca a coragem de dizer o que pensa! O IPB precisa de si! O futuro do IPB passa por si!
ResponderEliminarCaro Hugo (no próximo comentário deixo os formalismos de lado:) foram várias as reuniões que tentei ter com os docentes do IPB ao longo de todo o processo de discussão desta avaliação. Para a importância do assunto, estas reuniões tiveram uma participação minima, pelo que, infelizmente, não foi o único a auto excluir-se deste processo. É muito mais fácil auto excluirmo-nos dos problemas do que lutarmos pela resolução dos mesmos. Agora se nos auto excluimos dos processos, fará sentido criticar os mesmos? Não é essa a ideia que transmite em vários dos seus posts, nem era essa a ideia que eu tinha de si.
ResponderEliminarQuanto aos sindicatos gostarem desta avaliação...penso que sabe onde "moro" no IPBeja, caso queira mesmos saber o que UM sindicato pensa.
Caro Luis Luz, vou deixar para outro dia a minha opinião sobre sindicatos e sindicalistas, até porque, o meu caro, é daqueles que não persegue quem pensa diferente!
ResponderEliminarSobre a minha não participação no processo e a consequente falta de legitimidade para criticar depois, recordo-lhe apenas, que, no momento em que os docentes foram ouvidos, fui daqueles que enviei um documento a quem de direito (aliás, documento que é publico e infra pode ler!).
Não fui às reuniões do Sindicato, nem estas nem outras, pelas opiniões pelo movimento sindical nos dias de hoje: mas.. estive no processo!
Quando digo que me auto-exclui é no sentido que entendi que era uma guerra perdida: não são apenas os professores do secundário que têm medo da avaliação!
Um abraço, porque gosto de gente que assume as divergências!
http://ireflexoes.blogspot.com/2010/03/podia-ser-uma-especie-de-carta-aberta.html
E assim se cala um sindicalista...
ResponderEliminarOs professores do Secundário... pois está claro. dá jeito tratar e generalizar assim as coisas.
ResponderEliminarAté cheguei a pensar que vc era sério. Afinal não passa de mais um filho da puta ressabiado com os professores do secundário.
Agora finalmente percebi a grande paixão pela ex-ministra: era aquela que ia castigar os professores do secundário, esses párias.
Deve ser algum trauma de infância.
Enquanto não estás a lamber seja o que for aproveita para corrigir os erros ortográficos...
ResponderEliminarHoje vais ter muitos comentarios e visitas porque estas no umbigo.
ResponderEliminarApoiaste a Milu? A vida da muitas voltas e agora levas com a avaliaçao da treta.
Caro anónimo, sou um gajo a quem, tendo em conta o seu contexto temporal, é fácil calar, pois normalmente demoro algum tempo entre escrever o comentário, ler as possíveis respostas, e voltar a escrever de volta. Trata-se de um espaço temporal demasiado elevado, no seu entender... Para mim, chama-se ter vida, mas por favor, que isto não o impeça de continuar a despejar as suas pequenas frustrações em mim...(se eu não lhe responder, não leve a mal,é apenas porque me conseguiu calar de vez).
ResponderEliminarHugo (como prometi, vou-me borrifar para os formalismos:) não entendo a generalização que fazes relativamente aos sindicatos e a quem deles faz parte. As reuniões que marquei, nunca foram para qualquer tipo de imposição de ideias ou opiniões "sindicais" (penso que isso era claro nos meus mails). Dada a importância do assunto considerei (opinião pessoal e não necessariamente de sindicalista) que seria fundamental todos nós acompanharmos este processo e discuti-lo entre nós, e não de forma isolada, como, infelizmente (na minha opinião) acabou por acontecer. Considero que é através da troca de opiniões, da discussão saudável, do conhecimento partilhado que enriquecemos (não duvido que partilhas isto comigo). Estou certo que partilhamos ainda outras coisas relativas à avaliação, tal como a necessidade de uma séria avaliação pedagógica dos docentes (que eu pessoalmente também não vejo na actual). Agora a "desculpa" de não ir às reuniões por preconceitos relativamente aos sindicatos?! Temos que nos conhecer melhor (antes que isto fique demasiado parecido com uma carta de amor, é melhor ficar por aqui).
Para finalizar apenas uma pequena informação, no sindicato onde estou não me pagam o tempo que dispenso para tentar certificar-me que os nossos direitos e deveres são cumpridos com justiça (reparaste que evitei o uso da palavra "luta"?) Faço isto no meu tempo livre porque, de acordo com a minha mulher, devo ter um gosto mórbido em levar porrada.
Quais erros?!
ResponderEliminarLuis, tenho má opinião dos sindicatos, não de sindicalistas de per si! E, sempre que me convidares para uma reunião para debater ensino, estarei presente: exceto se for o sindicato a convocar! Aliás, como já colaborei com partidos mas não entro em sedes!
ResponderEliminarE termino com uma breve nota: ao sublinhares que não recebes do sindicato nem usas as horas a que tinhas direito, vais ao encontro do que penso: infelizmente, demasiada gente, usa os sindicatos para interesses pessoais e por caprichos políticos: e é para isso que eu não tenho paciência.
Abraço, absolutamente heterossexual :D
"e recusar-me-ei sempre a lamber o cu de idiotas"
ResponderEliminarAplicar o acordo ortográfico é como ter a língua enfiada meio-metro no recto dos idiotas.
Não, anónimo. No meu caso é preparar-me para cumprir uma obrigação legal, algo que me vai ser exigido ainda este ano.
ResponderEliminarE... não me pagam para ter estados de alma...
Em relação ao txto que o Hugo colocou inicialmente devo dizer, como ex. Aluno do da Estig que:
ResponderEliminar1- se houvesse coragem para se avaliar o trabalho em aula dos professores, o seu mérito como docentes e não como conhecedores das matérias (são duas coisas diferentes para mim), teriamos um grande problema pois fiacriamos com muito poucos docentes com avaliação positiva.
2- quando diz que "no dia que o Professor deixar de ser um comunicador, que abdicar de ser uma referência para os seus alunos, alguém que lhes desperta curiosidade e está presente para lhes acalmar as dúvidas, perde a sua essência e, cumulativamente, a sua razão de existir!" devo dizer que isto é muito bonito e de facto deveria de ser assim, contudo, infelizmente muito poucos docentes são vistos como uma referência para os alunos e lhes despertam a curiosidade.
3- Concordo plenamente que pensa pela sua cabeça e que é assim que deveria ser com todos os outros docentes, contudo não é o que acontece, alguns/muitos deles limitam-se a debitar as "cábulas", as folhinhas que os acompanham desde o primeiro dia em que começaram a dar aulas sem se atreverem a actualizá-las, a questionar se defacto aquilo ainda é útil, se defacto no "mundo real" (fora da escola)ainda se aplica ou embora não se aplique trás alguma mais valia.
ass: Super