Nas últimas semanas, o panorama cultural da cidade de Beja foi tema de conversa. Basta o facto de o tema ser discutido, para ter valido a pena lançar o debate. Em tom de carta aberta, dirijo-me hoje ao Director do Pax-Júlia.
Faço-o depois de ter sublinhado, ser minha convicção que o Pax-Julia é a principal casa de espectáculos da cidade, uma espécie de oásis num quase deserto cultural. E faço-o no meu estilo e registo: não para denegrir o que se faz de positivo, mas para procurar contribuir para optimizar o espaço, deixando aos responsáveis algumas sugestões que julgo serem construtivas.
De inicio, uma questão orgânica; defendo que o Director do Pax-Julia devia ser nomeado por uma comissão de pessoas ligadas à cultura da cidade, sendo independente da Câmara Municipal de Beja. Deixo claro um ponto, para evitar interpretações ínvias! O nome designado, até pode ser o actual Director, cujo desempenho me considero incompetente para avaliar! O que aqui defendo, não se relaciona com pessoas ou personalidades, mas como uma questão de princípios, de métodos de funcionamento, sendo a minha convicção que estes lugares deviam ser completamente independentes do jogo partidário.
Acharia interessante, que a programação tivesse na génese um amplo consenso; parece-me exequível que o Pax-Julia tenha um Conselho Consultivo, com competências para debater a programação e juntar sugestões.
Sobre o cartaz, reitero o que muitas vezes disse; defendo uma maior aposta no cinema comercial, quer para espevitar a concorrência, quer como forma de financiamento. Isto na questão do financiamento, porque só através de financiamento próprio se sublinha a independência. Neste desiderato, alerto para a necessidade de procurar mecenas, na cidade e região, que utilizem os benefícios fiscais disponíveis, “investindo” na cultura da cidade.
Ponderaria ainda, uma tentativa de revitalizar a cafetaria, espaço magnifico que poderia ser maximizado com exposições, pequenos colóquios e conferências, entrando no roteiro dos bejenses.
Obviamente que não posso subscrever dois meses de encerramento anual; penso que seria possível encontrar uma programação alternativa para o Verão.
Sobre a divulgação, mantenho o que sempre pensei; conheço bem o argumento de que os meios disponíveis permitem ao cidadão curioso e diligente o acesso à informação! Mas, gostemos ou não, vivemos dias e vidas complicadas, em que se exige um comportamento activo dos agentes culturais na procura dos seus públicos; era importante o regresso da saudosa agente cultural, conjugada com a disseminação de alguns cartazes pela cidade, sem que seja pecado a divulgação através da blogosfera.
Termino esta carta que vai longa, desejando-lhe as maiores felicidades profissionais: nunca esqueço, que o seu sucesso é o sucesso da cidade, o único valor que realmente importa…
"O que nunca ninguém diz, porventura com medo de parecer vaidoso, é que a inteligência tem um preço: a solidão" (Nuno Lobo Antunes)
sexta-feira, novembro 23, 2007
Uma espécie de Carta Aberta
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Vê lá se não és acusado de diplomacia "saloia"...
ResponderEliminarMas nesta altura o senhor director não poderá ler e saborear esta dolente missiva, pois estará certamente a frequentar (por 50 euros) o workshop da querida Gisela, e a "aprofundar a consciência de si numa perspectiva holística e integradora".
Eu não consegui dinheiro para me integrar holisticamente, mas não quis deixar de dar no meu blog a minha contribuição integrativo-cristã para o evento, numa perspectiva de divulgação etéreo-uterino-gramatológica.
Já que aqui se fala e se preocupa com a cultura (e bem!), e se evocou os filmes, eu sem querer abusar, lanço-lhe um desafio mais objectivo.
ResponderEliminarO desafio é igual ao que já me fizeram a mim, pelo que lhe passo para dar seguimento (se o entender) a este movimento nos blogs.
Pense num tema à sua escolha e reúne em torno desse tema 3 filmes que para si o podem representar bem.
Depois tem de publicar um post e argumentar o porquê dessa escolha.
Se quiser pode dar uma vista de olhos no meu resultado e quem sabe seguir a genealogia de onde esta ideia surgiu.
http://armpauloferreira.blogspot.com/2007/10/transposio-da-bd-para-cinema.html
Não tenho a menor dúvida que arrancará um tema a puxar ao tom dos excelentes posts uterino-consciênciosos que tem exibido com mestria por aqui.
Bons filmes!
Um desafio muito muito interessante! Vou tentar faze-lo!
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarMuito bem. Mas essa de "sem que seja pecado a divulgação através da blogosfera" é que não entendi....
ResponderEliminarPor ciume, foi eliminado um comment! A minha mania de ser importante, leva-me a apagar comments que insultem outras pessoas que não eu!
ResponderEliminarzig - é um desafio que já repeti várias vezes; colocar alguns blogues da cidade, no mailing list da imprensa e permitir a divulgação (à imagem do que fazes no teu!)
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