quinta-feira, janeiro 06, 2011

E quando o mau capitalismo obriga as águias a deixar de voar...


Penso que é a primeira vez que uso este espaço para falar de futebol, embora questiono-me se é sobre futebol que vos vou falar! Timidamente confesso que sou benfiquista - algo difícil de digerir nos últimos meses -, por razões impossíveis de explicar! Porque a paixão pelo futebol é uma das irracionalidades da vida, uma paixão estranha mas verdadeira, que nos cega tal como as outras paixões, que nos arrasta e nos comove, nos faz sorrir e até chorar, que provoca em nós sensações que desconhecíamos ter, que nos envergonham e comovem, que nos provocam reações que pensávamos ser imunes!
Sou imensamente racional nas minhas condutas, mas admito que no estádio me transfiguro, que pulo,  grito e chamo nomes ao arbitro, que berro com a emoção do golo, que mais de uma vez, senti uma caprichosa lágrimas a varrer-me o rosto de emoção; porque a paixão pelo futebol é assim e, quando deixar de o ser, quando perder a irracionalidade, então o futebol perde a sua magia, o seu estranho encanto, a sua razão de existir! 
Pelo que escrevi e por tanto que podia ter escrito, sou céptico desta modernice de racionalizar e empresarializar o futebol, como se fosse uma qualquer industria ou ciência exacta! Como temo a descaracterização dos clubes, pelo desaparecimento das suas referências! No caso do meu Benfica, durante anos e anos olhava para o campo e perguntava-me: quem é aquela gente que joga com o equipamento do meu clube?! Ou, para trazer para o artigo aquilo que o motivou, que águia espanhola é aquela que dança no nosso relvado?!
Porque o Benfica tinha uma águia bejense, uma águia que voava com Paixão ao seu clube, com a devoção de uma chama imensa, numa entrega pura, generosa, altruísta! Uma águia de alguém que dedicava o melhor da sua vida a um clube que amava e ama com devastação, alguém que nos habituámos a ver viver em função do seu Benfica!
Mas ao chegar a águia espanhola, a águia bejense foi recambiada para o rendimento mínimo, ficando a outra a pavonear-se com estilo pelo estádio do Luz e, ao que parece, em casamentos, baptizados e aniversários, onde o seu tratador, juntava outro ordenado, ao vencimento que o Benfica lhe pagava, porque, isto de ser águia estrangeira dá direito a pagamento! Até que a águia embirrou com um Director e seguiu o seu voo, para um qualquer local onde pode ganhar maior ordenado! Porque neste futebol sem paixão, até as mascotes são transferíveis…

5 comentários:

  1. Li uma vez algures que não deixaram a águia entrar na Luz, foi a espanhola ou a bejense?

    E, lendo o teu texto, posso até dar-me por feliz por dragões existirem apenas em lendas (lol)

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  2. Anónimo10:50

    Falar sobre futebol em Portugal é um exercício de imbecilidade ao qual me vou dedicar por breves linhas.
    Compreendo que desperte paixões e sentimentos primordiais no ser humano é esse o objectivo, é o circenses nacional numa altura em que o panem começa a faltar.
    No entanto se formos racionais e fizermos um esforço de abstracção, ao olhar para o que representa o futebol em Portugal não podemos ficar indeferentes sendo que temos mesmo de ficar.
    Uma 'industria' que caso fosse uma verdadeira Industria não existia! Uma industria com passivos como as empresas futebolísticas nacionais encerravam! Imediatamente! Porque podem os Clubes/Empresas de Futebol subsistir nesta vergonha? O que traz realmente o Futebol a um país como Portugal em termos económicos, quando fazem negócios bilionário com dinheiro que em ultima instância não existe através de empresas sediadas em países estrangeiros?
    Muitos jogadores (aqui apenas mencionando os que ganham ordenados pornográficos) fogem descaradamente aos impostos descontando provavelmente quantias irrisórias relativamente à massa bruta do salário (chamar salário ao que ganha um jogador de futebol é no mínimo uma afronta a quem trabalha para sobreviver)!
    Dado ser um comentário numa publicação sobre uma palhaçada com penas e ser um pouco descontextualizado termino com um pensamento que infelizmente me invade as sinapses de vez enquando:
    Um país que constrói 10 estádios quando precisa de 5 hospitais é um país de elites imbecis e povo manso que merece aquilo que tem.

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  3. Anónimo11:07

    A águia bejense foi trocada pela espanhola, porque na luz adora-se dançar "el tango".
    eheheheh
    Embora o caminho que seguem seja mais a "el tanga".

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  4. Caro H como quem aqui vem comentar este seu "post" ou não é do Benfica ou então não é de Beja como tal a essência daquilo que nos quis transmitir desvia-se para comentários paralelos. Por invejas de quem não pode fazer um dragão voar no estádio do Dragão e passear um leão no estádio de Alvalade deleitam-se assim a criticar a Àguia que voava no estádio da Luz.
    Que a par com o espectáculo que é o futebol, realizáva um espectáculo de cetraria, uma tradição de treino de aves e de caça, fortemente enraízada no nosso país.
    Esta tinha um defeito, o de ser espanhola porque para termos uma àguia verdadeira a voar no estádio da Luz, devido à legislação apertada para a detenção de certas rapinas seria difícil a um Falcoeiro português.
    A ideia inicial foi com paixão de um Bejense, talvez seja agora altura de agarrar a oportunidade que lhe retiraram aquando da vinda da espanhola.
    Deveria esse nosso amigo de Beja entretanto ter frequentado um programa de novas oportunidades para o treino de rapinas e talvéz até tivesse adquirido uma rapina mais corpulenta e legalmente autorizada a voar nos nossos céus em demonstrações de cetraria.
    Eu teria feito isso porque mais dia o meu sentido de prevesibilidade dizia-me que a espanhola ia embora e lá estaria uma Vitória de Beja com Paixão a voar no estádio da Luz ...à procura de novas VITÓRIAS...

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  5. @anónimo - Infelizmente, alguns ainda entende, que para se ser intelectual, temos de abominar o futebol!
    O que devemos criticar é o excesso de futebol na realidade portuguesa: porque se criticamos paixões circenses, amanhã acabamos com as praias, que também alienam as pessoas das suas referências e valores sociais!
    Duas notas breve: hoje em dia os jogadores pagam impostos: aliás, muitos imigram, na procura do benefício fiscal!
    Sobre os estádios, dez foi um exagero: mas.. de quem foi a culpa?? Mas, dito isto, bem sei que já Durão Barroso fazia a demagogia dos hospitais, realizar o Euro em Portugal foi uma excelente medida!

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