sexta-feira, janeiro 28, 2011

Essa coisa aborrecida chamada democracia

As eleições são o orgasmo da democracia! Ou, se a frase pode ofender os meus mais puritanos leitores, as eleições para a democracia, está como a procriação para o casamento: são aquelas que caracterizam esta, são a sua razão de ser e de subsistir! Mais do que não existir democracia sem eleições, são as eleições que descrevem a democracia!
Por isso o dia das eleições deveria ser de êxtase: contados os votos, eleito, neste caso o Presidente, o país devia elevar-se numa onda de esperança renovada, na crença de que as coisas iriam melhorar! Mesmo que passado uns meses tudo ficasse na mesma e voltássemos a mergulhar na lusitana apatia, nesta nossa tristeza andante, este desalento, neste nosso fado!
Porque é essa a definição de democracia: pessoas ou partidos, oferecem-nos um projecto para o futuro do País, fazem-nos parte de uma crença colectiva, motivam-nos a acreditar num ideal! E a vitória daqueles em que votámos, num projecto do qual também fazemos parte, é um momento de júbilo e de esperança, de confiar que o amanha vai ser melhor do que ontem! A derrota dos que apoiámos deverá ser um momento de reflexão e de igualmente de confiança, um aceitar que não somos donos da razão, um acatar com respeito a vontade da maioria!  
Muitos dos nossos melhores, tanta gente boa deste país deu tanto de si, tanto lutou, tanto sofreu, tanto perdeu, para oferecer à geração seguinte, uma das mais deliciosas prendas do mundo: o presente de sermos livres para em democracia escolher o nosso futuro!
Mais fria do que a noite eleitoral do passado Domingo, só mesmo a temperatura! Porque a noite de Domingo foi o culminar de uma campanha que roçou – ou ultrapassou – o patético, um deserto absoluto de ideias, um lago de demagogia onde tudo se discutiu menos a competência presidencial, um repetir do jogo canalha das insinuações ao carácter, algo que começa a ser a forma recorrente de se fazer política em Portugal!
E domingo os portugueses deram a resposta que estes candidatos mereciam: 53% dos eleitores não se deram ao trabalho de votar, mais de 6% dos que disseram presente, fizeram desenhos sugestivos no boletim ou votaram em branco, 4,5% votaram num Titirica e, apesar de uma campanha medonha, mais de 14% dos eleitores escolherem Nobre!
Destas palavras ninguém procure juntar a minhas voz aos tontas que procuram retirar legitimidade politica ao Presidente eleito, porque, os números são muito similares aos do Presidente Jorge Sampaio e as vozes que agora falam, fizeram no passado o que melhor sabem, i e, calaram-se! Dito isto, escamotear a necessidade de reformular o sistema eleitoral, esconder a urgência em credibilizar a política e os políticos é um atentado contra a democracia!
A democracia é como uma bela mulher: no dia que pensamos que está conquistado para sempre, é o dia em que a começamos a perder! Portugal não tem massa critica para um Presidente, cinquenta membros do Governo, duzentos e cinquenta deputados, duas dezenas de governadores civis, trezentos presidentes de câmara, milhares de vereadores, milhares de presidentes de junta, mais os milhares e milhares de cola cartazes que enchem os gabinetes desta gente toda, empresas publicas e municipais! O eleitor do século XXI não suporta continuar a votar em Zé Ninguens desconhecidos e reclama pelo direito a votar especificamente em quem deseja, ou seja, em círculos uninominais, de forma a poder responsabilizar directamente quem o representa! Mas claro que os partidos não querem ler isto: era só o que faltava terem de escolher pessoas com base na competência…

11 comentários:

  1. Anónimo00:24

    Hugo,está excelente!
    Mas quanto a um ponto, digo ainda que, nunca alguém está conquistado para sempre...a conquista para sempre nunca se dá por adquirida...não há usucapião nessas coisas.
    Mas existe aquela que se constroi diariamente, aquela que não é sinónimo de rotinas...aquela que é sinónimo de conquista, aquela que todos devemos defender.

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  2. Simplesmente genial! Obrigado pela sua lucidez, ainda nos faz acreditar que há um rastilho de possibilidade para reinventar a democracia!!

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  3. Anónimo00:28

    Discordo dos círculos uninominais, que afastam os pequenos partidos! Prefiro circulos eleitorais mais pequenos onde é mais fácil sentir a representação!
    Mas o texto está soberbo! Uma excelente reflexao!

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  4. Anónimo00:59

    Porque é que você insiste em perder o seu tempo em Beja??! Para ser insultado e mal tratado?!
    Rompa o cordão umbilical e siga a sua vida!

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  5. Anónimo12:12

    Soberbo!

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  6. Caro H, sou um leitor assíduo mas comento pouco. Aqui neste espaço raramente se assina o que se escreve e isso deixa-me... sei lá como!
    Dito isto apenas quero deixar uma palavra de apreço ao enorme esforço que o H faz diariamente para lutar por melhores ideais, não só pela nossa cidade como para todo o País.
    Não o conheço pessoalmente, mas penso que pelo que leio, deve ser um Homem (com H grande). Continue todos os dias a engrandecer Beja e os seus habitantes, e a cidade um dia vai reconhece-lo por isso...

    Afinal não são só palavrões e ofensas descabidas que recebe dos seus leitores... apesar de saber que se estes elogios viessem de uma Miúda "cairiam" melhor... mas tb não se pode ter tudo! ;)

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  7. Essa coisa aborrecida chamada um texto em que o autor não faz a mínima ideia do que está a falar...

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  8. Anónimo16:16

    Concordo inteiramente com o Luís Pedro! E infelizmente para si, também não sou uma miuda gira!

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  9. Anónimo16:18

    O aiui tem toda a razão! Toda a gente sabe que o H é antidemocrata! Ainda no Domingo andava de metrelhadora a boicitar as eleições e a lutar pela Ditadura! Até tem uma tatuagem com a foto do Salazar!
    H, vai a Cuba e à Correia aprender a ser democrata!

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  10. Anónimo17:04

    Tens anónimos tão otários!! Diga lá sua inteligência o que está errado no texto!!! Muito se ofende esta gente quando se fala em competencia!

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  11. O "uiui" tem razão! Agora eu ando por aí de chaimite a agredir os democratas! E adorei a tatuagem!!!

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!