Uma nota breve sobre comunicação social regional...

A comunicação social é desde há muito um dos meus vícios predilectos; não imagino forma mais deliciosa de começar o fim-de-semana que a leitura do jornal no café, da mesma forma, que desde há anos sou viciado nos programas de televisão e rádio onde pessoas inteligentes debatem sobre o País e o Mundo. No caso da Rádio, tive uma ligação no inicio da adolescência com a então Rádio Voz de Beja, pelo desde sempre, qual mulher grávida, guardei em mim o bichinho da rádio.
Quem tem genuína paixão pela comunicação social, preocupa-se com a sua integridade e independência, combatendo a subserviência económica e a dependência dos poderes políticos; por isso, desde há anos enquanto cidadão, tenho escrito e falado sobre a independência da imprensa, especialmente da imprensa regional, da qual, amiúde sou crítico, divergências que assumo e assino, na luta por uma maior transparência, valor que me parece o mais importante num órgão de comunicação social!
Uma guerra nem sempre simples de travar, tantas vezes isolado, perdido na hipocrisia daqueles que se queixam em surdina sem coragem de dizer alto o que gritam em grupos fechados.
Pelo que fica dito e pelo muito que ora se cala, é uma surpresa agradável perceber que recentemente algumas vozes se começaram a preocupar com a transparência da comunicação social; acho estranho, que essas mesmas vozes tenham ficado caladas, provavelmente por distracção, quando dinheiro dos municípios pagavam um jornal totalmente ao serviço de caprichos partidários ou quando outro órgão de comunicação era obscenamente subsidiado por dinheiros municipais, para desinformar consoante o interesse do dono! Infelizmente, por esses dias, os novos arautos da liberdade da informação, estavam distraídos, tremendamente ocupados, para agora emergir dos buracos, gritando como pegas virgens, procurando confundir para baralhar, ao abrigo do velho principio de que quem não está comigo está contra mim!
Tenho pena, que gritem tanto, sem perceber o essencial: que a absoluta independência não existe, porque os jornalistas são homens e com tal não imunes às suas próprias convicções, aos seus desejos, muitas vezes aos seus preconceitos, porque os órgãos de comunicação nem sempre consegue ser independentes do poder económico, porque outros são cobardes e se entregam ao conforto de receberem para ser a voz do dono! Mas terrivelmente importante é a transparência: que sejam os leitores através do mercado a fazerem a sua triagem entre o verdadeiro jornalismo e a propaganda, entre quem interpreta as duas faces da notícia e os outros que se limitam a tomar uma das posições; que os cidadãos exijam ao Estado, central e e local, independência na informação, que cedam à tentação da manipulação por instrumentos políticos ou económicos. Porque não há verdadeira cidadania nem verdadeira democracia, sem órgãos de comunicação verdadeiros. Por muito que isso faça doer a quem tem medo da liberdade…