

"O que nunca ninguém diz, porventura com medo de parecer vaidoso, é que a inteligência tem um preço: a solidão" (Nuno Lobo Antunes)
Quando numa manhã por semana faço estas crónicas, visto as roupas de comentador e ofereço a minha opinião sobre um qualquer tema que merece protagonismo.
Não entendo que o meu papel, seja investigar, reunir documentação, levantar o farol da verdade ou da razão. Limito-me a comentar um qualquer evento ou acontecimento, que seja notícia! Ou, como no caso de hoje, algo que teimosamente não seja noticia.
Faço parte do imenso lote de bejenses, que tem imensa curiosidade por saber mais sobre o Beja Digital, que procura quebrar este ensurdecedor silêncio, que apenas não contagiou três ou quatro vozes na blogosfera, um comentador e um politico regional.
Por imperativos profissionais, tenho imenso interesse por todos os temas relacionados com a Sociedade da Informação; sou daqueles que desde há muito acredito e defendo a pertinência deste admirável mundo novo. Mas, e apesar de razoavelmente informado, pouco ou nada sei sobre este projecto!
Sobre o BejaDigital existe um nevoeiro de dúvidas que importa serem esclarecidas, perante o cidadão comum, longe dos lugares de acesso à informação, que se questiona com incredulidade inquieta sobre as esparsas referências ao projecto!
Desde logo, penso que os munícipes gostavam de saber, quanto custou o projecto! Se já terminou, que existe mais para além do site, que justifique os cinco milhões de Euros, que alegadamente se investiram nesta ideia. Sendo correcto o valor, como foi gasto esse dinheiro!
Penso que todos estamos de acordo no diagnóstico de que em Beja ainda existe muito para fazer no que diz respeito à Internet, razão pela qual, ainda tudo isto parece mais estranho!
De uma vez por todas, seria interessante que os responsáveis do projecto nos saciassem a curiosidade; caso primem pela omissão, era importante que os jornalistas fizessem a sua função, que os partidos cumprissem as obrigações, não bastando gritar em público que o Beja Digital é um projecto como misterioso, ilegível e apagado.
Porque a raiz da democracia, o respeito pelo cidadão, passa pela transparência de processos, pelo esclarecimento sobre a utilização dos dinheiros públicos!
- Supervisora Geral de Bem-Estar, Higiene e Saúde ( mulher da limpeza)
- Coordenador de Movimentações e Vigilância Nocturna ( segurança)
- Distribuidor de Recursos Humanos (motorista de autocarro )
- Especialista em Logística de Combustíveis ( empregado da bomba de gasolina)
- Assessor de Engenharia Civil (trolha )
- Consultor Especialista
- Técnico de Limpeza e Saneamento de Vias Públicas (varredor )
- Técnica Conselheira de Assuntos Gerais ( cartomante/taróloga )
- Técnica Especialista
- Técnica Especialista
- Especialista em Logística de Produtos Químico-Farmacêuticos ( traficante de droga)
(adaptado de um e-mail)
Imbuído no meio de prazos e projectos, o sono tranquilo foi atormentado por um pesadelo que me despertou inquieto! O sonho – vamos baptiza-lo assim para fugir da redundância – era sobre a cidade de Beja sem que nunca tinha existido Ensino Superior.
Pela mente perpassou-me uma cidade em que os jovens tinham de migrar para Lisboa para continuar os seus estudos - caso as famílias tivessem condições económicas para suportar esta imensa empreitada -, sendo que na sua gorda maioria, eram forçados a engrossar abruptamente o mercado de trabalho não qualificado, onde quer que os empregos os levassem! Uma região em que as largas centenas de pessoas às quais a vida esbulhou na adolescência a possibilidade de seguirem estudos superiores, não teriam tido a possibilidade de na idade adulta perseguirem um desejo de criança e em regime pós-laboral alcançarem a almejada licenciatura.
Em sobressalto, imaginei uma cidade que, se hoje tem imensas carências de quadros qualificados, não oferecia nenhumas condições para o regresso a casa dos filhos da terra, abandonando-os à sua sorte no litoral do País ou pelo estrangeiro, quebrando os laços que os ligam à cidade onde cresceram.
Keith Haring - 1958/1990 (1988)
Nem todas as pessoas admiram o trabalho de Keith Haring. A Pop Art, é provavelmente dos estilos mais incompreendidos da história da arte, pela suprema dificuldade de interpretar a critica irónica a uma sociedade cada vez mais consumista. O apego à verdade, obriga a reconhecer que a incompreensão de Pop Art encontra alguma justificação, no paradoxo de em dado momento se tornado naquilo que procurou criticar.
Cedemos à tentação de expor Andy Warhol, por entende que esta semana se justificava a alusão à vida de Haring.
Escolhemos o “Self Portrait with Juan", uma obra profundamente provocatória, mas que está longe de ser uma das mais conhecidas do artista; fizemo-lo, por ter sido pintada no ano em que lhe foi diagnostica SIDA, doença cujas complicações lhe roubaram a vida.
Nessa altura, no fim da década de
O quadro que hoje apresentamos é auto-biográfico, sendo umas das muitas obras homo-eróticas do artista, que desde sempre assumiu descomplexadamente as suas tendências sexuais, ousando abordar nas suas telas e graffitis uma temática, ainda audaz naquela época.
Fisicamente faleceu aos 31 anos, mas a sua imensa obra reservou-lhe um lugar no palco da eternidade, onde continua a pintar a cultura nova-iorquina, com as suas cores fortes, risco rígido e temáticas controversas!
Nas últimas semanas, o panorama cultural da cidade de Beja foi tema de conversa. Basta o facto de o tema ser discutido, para ter valido a pena lançar o debate. Em tom de carta aberta, dirijo-me hoje ao Director do Pax-Júlia.
Faço-o depois de ter sublinhado, ser minha convicção que o Pax-Julia é a principal casa de espectáculos da cidade, uma espécie de oásis num quase deserto cultural. E faço-o no meu estilo e registo: não para denegrir o que se faz de positivo, mas para procurar contribuir para optimizar o espaço, deixando aos responsáveis algumas sugestões que julgo serem construtivas.
De inicio, uma questão orgânica; defendo que o Director do Pax-Julia devia ser nomeado por uma comissão de pessoas ligadas à cultura da cidade, sendo independente da Câmara Municipal de Beja. Deixo claro um ponto, para evitar interpretações ínvias! O nome designado, até pode ser o actual Director, cujo desempenho me considero incompetente para avaliar! O que aqui defendo, não se relaciona com pessoas ou personalidades, mas como uma questão de princípios, de métodos de funcionamento, sendo a minha convicção que estes lugares deviam ser completamente independentes do jogo partidário.
Acharia interessante, que a programação tivesse na génese um amplo consenso; parece-me exequível que o Pax-Julia tenha um Conselho Consultivo, com competências para debater a programação e juntar sugestões.
Sobre o cartaz, reitero o que muitas vezes disse; defendo uma maior aposta no cinema comercial, quer para espevitar a concorrência, quer como forma de financiamento. Isto na questão do financiamento, porque só através de financiamento próprio se sublinha a independência. Neste desiderato, alerto para a necessidade de procurar mecenas, na cidade e região, que utilizem os benefícios fiscais disponíveis, “investindo” na cultura da cidade.
Ponderaria ainda, uma tentativa de revitalizar a cafetaria, espaço magnifico que poderia ser maximizado com exposições, pequenos colóquios e conferências, entrando no roteiro dos bejenses.
Obviamente que não posso subscrever dois meses de encerramento anual; penso que seria possível encontrar uma programação alternativa para o Verão.
Sobre a divulgação, mantenho o que sempre pensei; conheço bem o argumento de que os meios disponíveis permitem ao cidadão curioso e diligente o acesso à informação! Mas, gostemos ou não, vivemos dias e vidas complicadas, em que se exige um comportamento activo dos agentes culturais na procura dos seus públicos; era importante o regresso da saudosa agente cultural, conjugada com a disseminação de alguns cartazes pela cidade, sem que seja pecado a divulgação através da blogosfera.
Termino esta carta que vai longa, desejando-lhe as maiores felicidades profissionais: nunca esqueço, que o seu sucesso é o sucesso da cidade, o único valor que realmente importa…
Depois de algumas destas crónicas terem sido mal interpretadas, venho hoje não apenas afirmar que não sou machista, como fazer a defesa da condição feminina, insurgindo-me contra todas as formas de discriminação das gajas! As mulheres são o melhor do mundo e merecem ser protegidas e aclamadas!
É preciso explicar a essas bestas reaccionárias, que as mulheres são o mais precioso tesouro do mundo, devendo ser tratadas com o mais exemplar respeito. Irritam-me os homens insensíveis e egoístas que insistem em mudar as fraldas aos putos, dar banhos aos gaiatos, leva-los ao infantário, egocêntricos ao ponto de roubarem às mulheres os privilégios da maternidade, invejosos por não terem vagina, que procuram esbulhar estes prazeres únicos que ligam a mãe às suas crias.
De todos os trastes machistas, deixo uma palavra de censura para os que são tão picuinhas e desconfiados, que roubam à mulher as tarefas caseiras, lavando e passando, pretendendo amesquinha-las com a acusação implícita de que elas sozinhas não conseguem tomar conta da casa. Acredite leitor, que existem homens de tão baixa índole, que até lavam os wcs!! Sim, armam-se em arrogantes e vão limpar a sanita!!! Desde logo, urge ensinar a respeitar o espaço da mulher, evitando importuna-la na cozinha ou quando está a lavar a roupa ou limpar a casa!
Com excepção do cozinhar! O gajo deverá cozinhar, uma a duas vezes por ano, de forma a ensinar como se faz! As gajas não gostam de comer, razão pela qual, é preciso o homem ensina-las como se faz, de forma a não serem obrigados a, depois de umas bejecas com os amigos, chegarem a casa cansados e terem de comer uma treta qualquer!
Um homem a sério, um homem com “O” grande é aquele que sabe valorizar a mulher, não a obriga a ir trabalhar, forçando-a a sair de casa para passar oito horas por dia rodeada de estranhos, em locais inóspitos, só para ela compensar a sua incapacidade de trazer para casa os proventos necessários à subsistência! Claro que uma mulher deve estudar e tirar a licenciatura: não apenas para alguns gajos terem empregos, mas também para elevar o nível cultural das conversas de cabeleireiro e de fila de supermercado.
É contra os energúmenos que exigem das suas gajas o coito, que lavro este protesto: é imperdoável que em pleno século XXI essas bestas ainda não tenham percebido que a mulher honesta não aprecia fazer o sexo! Esta bestialidade da carne que conspurca a alma, deve ser feita fora de casa, com as profissoputas e não no regaço terno que embala os filhos legítimos!
As gajas são o melhor do mundo e merecem toda a nossa atenção e carinho! Não pense meu atento leitor, que quando falo em carinho, me refiro a palavras bonitas e presentes caros! As mulheres não gostam dessas lamechices, nem de boas prendas! Mais do que palavras, querem o calor da sua atenção, que lhe prove a cada momento a sua estima e o seu amor! E nada melhor que uns valentes murros e cenas de ciúmes, para provar como ama a sua gaja, quanto a venera! É um facto comprovado pela ciência e por outras pessoas com esperteza na cabeça, que o homem que ama a sério é agressivo e ciumento! Mesmo quando o ciúme é infundado, como no caso de o tipo chegar a casa de forma inesperada e encontrar a esposa rodeada de preservativos usados; nesta situação, mesmo sem ter razoes objectivas para duvidar da fidelidade dela, deve dar-lhe umas valentes cachaporradas, só para ela ficar ciente da força da sua paixão… Vai ver que, quando ela regressar do Hospital, o vai amar ainda mais!
Francisco José de Goya 1746 - 1828 (aprox. 1800)
É impossível não colocar ambas as versões de uma mesma preciosidade.
Segundo rezam as crónicas, a roupa foi colocada na “maja” por cobardia do génio espanhol, quando foi informado que o marido da sua musa (eufemismo para modelo e amante) se dirigia para sua casa, de molde a obter satisfações, tendo-se fechado toda a noite no estúdio, para a manhã dar à luz um novo quadro!
Na análise ao quadro, sobretudo ao Maja Despida importa ter presente a sua data, para valorizar de forma justa a coragem do pintor em oferecer um nú, numa Espanha ainda terrivelmente tradicionalista e subjugada ao peso da Igreja Católica, não passando incólume às garras da Inquisição.
Na vida de Goya urge distinguir dois momentos, que marcam o homem e o pintor: uma juventude apaixonado, com aventuras e romances tórridos, concessões à boémia e uma segunda fase, marcada por um sinistra doença que o jogou para um cama, parcialmente cego e surdo! Estes acontecimentos estão marcados na sua arte, tendo o seu traço ficado mais livre e as suas cores mais sombrias. Inequivocamente neste sentido, uma das suas mais excepcionais obras “Saturno comendo os seus filhos”.
Das complexidades da vida de Goya, com profunda influência na sua arte, era o seu espírito revolucionário, o paradoxo de, por viver sobre a protecção do Rei, perseguir e ser perseguido pela Inquisição. Pintor do Rei, a salvo das garras da Inquisição, o mesmo Goya que pelos dias pintava frescos em Capelas e Conventos, pela noite desenhava postais onde retratava os horrores da Inquisição.
Maja despida é um quadro audaz, provocatório, extremamente erótico para o seu tempo, com um contraste de cores único, iluminando a mulher, real não mitológica, rendida numa cama, entregue aos caprichos do artista que, alegadamente pela primeira vez na história, ousou colocar numa tela os pêlos púbicos femininos…