quinta-feira, outubro 02, 2008

As praxes...

A semana que encerra o mês de Setembro fica marcada pelo regresso às aulas no Ensino Superior. Sem computadores Magalhães como na Primária, portáteis a bons preços como no secundário, os alunos do Superior chegam aos seus destinos e deparam com Instituições esquecidas pela tutela, que procuram sobreviver num pântano financeiro, que estrangula investimentos e desmotiva aqueles que insistem em não desistir, que desde há anos lutam contra a precariedade e os constantes dificuldades de financiamento.

No caso concreto do Instituto Politécnico de Beja, apesar dos constrangimentos da interioridade, constatasse que o número de alunos situa-se em muito aceitáveis padrões, com excepção da Escola Agrária que não fica imune às dificuldades que arrasam esta área do saber. Acresce que o presente ano irá ficar marcado pelo novo regime jurídico das Universidades e Politécnicos, que traz novidades e dúvidas ainda complexas de interiorizar.

Mas nada disso importa para os novos alunos que escolheram Beja para realizarem os seus estudos superiores; como infelizmente, pouco importa à cidade que tende a olhar os estudantes como energúmenos barulhentos, cuja única vantagem é a possibilidade de por preços obscenos arrendar casas e quartos bolorentos.

Vem esta introdução, já demasiado longa, na decorrência dos costumeiros vomitados sobre as praxes! Não escondo que não gosto de praxes e no meu percurso académico nunca praxei nem fui praxado! Como ninguém pode escamotear ou esquecer que, praticamente todos os anos e em todos os locais, praticam-se rituais absurdos e criminosos, atentatórios dos Direitos Individuais, que podem, devem e são sancionados pelo Direito Civil e Penal. É obviamente inaceitável que encobertos por um qualquer ritual de iniciação se aceitem sem censura práticas violadoras da Ordem Jurídica. Mas dito isto, importa esclarecer que as condutas anti-jurídicas durante as praxes, sendo recorrentes, não deixam de ser uma ínfima minoria, perpetradas por meia dúzia de mentecaptos que depois de terceira cerveja perdem a lucidez e se entregam a inaceitáveis desvarios!

Criticar todas as praxes, confundindo uma minoria destas práticas com a sua totalidade, para além de desonestidade intelectual é demonstrador que a mentalidade destes é similar aos que abusam das praxes violentas, sem que, no caso dos críticos, se possa alegar a “idade da parvoíce” como causa de exculpação!

Defendo, desde há muito, que as praxes se façam exclusivamente dentro das Instituições, onde é possível exercer algum controlo, reprimindo práticas inaceitáveis e longe dos olhares mesquinhos e maledicentes; obviamente que acho uma tolice ver estudantes universitários a guincharem nas ruas, pintados e com as roupas das mães e dos pais ou os pijamas das primas: mas respeito que a noção de divertimento aos dezoito anos seja diferente da que tenho hoje; o que sei é que quem é praxado participa de livre vontade, que criam laços fortes com os alunos mais velhos, que percebem que tudo não passa de uma brincadeira, tola, mas uma simples brincadeira! A experiencia que tenho – e já são cinco mais dez anos – é que depois de um dia de pinturas, gritos, ordens tolas e pseudo-humilhações, quando o sol se põe os mais jovens alunos vão jantar a casa daqueles que tentam fazer de carrascos e todos juntos partilham brincadeiras, sorrisos e outras coisas que por pudor não escrevo.

Tentar esconder isso, não é cegueira: é estupidez…

16 comentários:

  1. Anónimo14:02

    parabens pelo post

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  2. Anónimo14:10

    Muito bem dito, principalmente os ultimos parágrafos...

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  3. Anónimo14:21

    Como sempre, a defender os "seus meninos"!
    Obrgado, Professor!

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  4. Anónimo15:36

    Uma aula simulada é praxe?

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  5. É o texto que faltava sobre esta "prática", os meus mais sinceros parabéns!

    Sou contra a praxe, sempre o disse e vou continuar a dizê-lo. Porquè? Porque ninguém garante que uma praxe, por mais simples e "harmoniosa" que seja, não possa influenciar de uma forma negativa um ou outro aluno!

    Ainda hoje, vi às dezenas alguns "praxados" a passear de pijama pelas ruas da nossa cidade. Não vi sorrisos em nenhum deles, muito pelo contrário.

    É uma questão que se levanta todos os anos por esta altura. E também, todos os anos são conhecidos alguns abusos, e são esses abusos que "estragam a sopa" daqueles que pretendem que essas praxes sejam úteis aos novos alunos.

    Certamente que no próximo ano falaremos de novo sobre o assunto!

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  6. @Zig -
    Por acaso, esses "desgraçados" dos pijamas, acabaram a tarde numa praxe que é uma "aula fantasma", torturados por esse que vos escreve.
    E posso GARANTIR duas coisas: que estavam divertidos (assustados, mas divertidos) e que foram informados que a todo o momento podem abandonar as praxes e A TODO O TEMPO recusarem quaisquer práticas. E uma coisa lhe dou a certeza: em GEstão, não se atrevem a pisar o risco!!!

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  7. Parabéns pelo artigo H, está muito bem escrito e revela o que a grande, aliás esmagadora maioria de nós, quer que sejam as praxes; um movimento e uma tradição integracionista, em que todos têm opinião e todos brincam e se divertem!

    Também me cabe dizer-te que nesta tua resposta ao Zig escolheste o pior exemplo possível... os alunos de gestão não pisam o risco, é verdade, mas unicamente por medo e nunca por respeito aos veteranos e supremos! infelizmente escolheste as praxes mais violentas da nossa escola para dar como exemplo!

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  8. admito que me expressei mal na resposta ao Zig: os finalistas de Gestão de este ano, estou SEGURO, não se vão atrever a pisar o risco! E foram bem avisados hoje! Não posso obviamente falar de todos os estudantes do IPB, mas, especificamente estes, não se vão atrever...

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  9. Anónimo16:15

    @estoriaseoutrasconversas -
    Não deves conhecer minimamente o pessoal de Gestão para proferires injurias desse tipo. As praxes mais violentas das escolas??? Não sabes o que dizes.

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  10. Anónimo21:37

    LOL

    ele pode nao saber mas eu sei
    ja estive em gestão, mas mudei de curso dentro da estig

    e fui praxado com gestao e o meu atual curso, e nao tem nada a ver, é certo que o grupo de gestao é mais coeso e unido, mas as praxes sao um pouco abusadas
    por exemplo temos uma praxe noturna do ano passado em que foi dado de beber agua aos caloiros ate estes vomitarem por excesso de ingestao da mesma
    e nao me venham dizer que é mentira

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  11. @aluno da estig -
    Honestamente, nunca tinha ouvido falar nisso! Com frontalidade deixo escrito, que não acredito; não me leve a mal, mas, entre palavras anónimas e "miudos" que bem conheço, acredito nestes. Mas, deixo escrito: se isso aconteceu, os lesados que falem, que comuniquem esses acontecimentos, que "algo" se fará. Esteja certo!

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  12. Anónimo15:29

    A praxe é típica de instituições sem qualquer grau de exigência, nem para professores nem para alunos. Por isso a praxe é generalizada em Portugal de norte a sul. Nos EUA, Inglaterra, Alemanha entre outros países a sério não há praxe, HÁ TRABALHO. É preciso trabalhar-se muito, quer para pagar as altas propinas quer a exigência das próprias instituições. O resto são histórias da Carochinha.

    Tenho pena dos pobres portugueses, que fazem milhentos sacrifícios para colocarem os seus descendentes em instituições fraquinhas (não há uma instituição de ensino superior português entre as 500 melhores do mundo) e onde estes, à pala da praxe e da queima das fitas fazem figuras de bêbados e de putas.

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  13. @anónimo: Não vou debater a sua opinião, que respeito! Mas, deixo uma questão: quis mesmo dar o exemplo dos EUA? Acha que o que se passa em Portugal com o que chama "bêbedos e putas" tem comparação com o Spring Break americano?

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  14. Anónimo10:16

    Vejo que o nosso amigo anonimo 3:29PM

    nao conhece mt bem a realidade americana

    e quanto ao que chama "bêbedos e putas"
    ninguem obriga ninguem a beber em semanas academicas ou queimas de fitas. e que os filhos do nosso amigo anonimo nao venham no futuro fazer figuras de putas e bebados em queimas de fitas quando ingressarem no ensino superior

    M

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  15. Anónimo16:09

    gostei do post... msm n gostando d praxes vexe k n as condena e as tenta perceber... so esta la kem ker, kem n ker n é obrigado.... simplesmente fazemos akilo k nos fizeram a nos a uns anos atras...
    no final do dia tiramos as capas e mostramos kem somos afinal...pk no fundo somos boas pessoas que apenas representam um papel k lhes foi atribuido... bjs h =)

    p.s: kt ao bilhete, n perca os proximos episodios lol

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  16. Anónimo22:49

    Grande comentário.

    Quanto aqueles que dizem que Gestão é muito violento, que tenham noção da realidade e só depois falem.

    "Esses" de Gestão são aqueles que todos os anos à talvez mais de 10 anos fazem um jantar de curso onde constantemente juntam mais de 120 pessoas incluindo ex-alunos com mais de 40 anos e professores.

    "Esses" de Gestão são aqueles que vão levar os caloiros a casa para eles não irem sozinhos à noite.

    "Esses" de Gestão todas as noites organizam jantares em suas casa para que os caloiros não passem as primeiras refeições fora de casa sozinhos.

    "Esses" de Gestão causam muita polémica por um único motivo,

    GESTÃO É UM TODO QUE LUTA PELO MESMO ANO APÓS ANO (a dor de cotovelo é muito dura).

    Mesmo agora um pouco longe de Beja...COM GESTÃO NOS CORAÇÕES...FORÇA GESTÃO VAMOS CONTINUAR A VENCER...

    JC

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!