quinta-feira, março 18, 2010

Mortes na Escola (titulo tipo Correio da Manha)

Nas ultimas semanas, com desmesurado destaque para o alegado suicídio de um aluno e discretamente no caso do suicídio de um Professor, o País comentou aquilo que os especialistas de hoje chamam de bullying, ou seja, actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.

Não vou falar sobre suicídio: é um tema demasiado complexo, que não domino e sempre entendi que quando não entendemos um tema, o silêncio é um discurso eloquente. Mas se não gosto de falar do que não sei, tenho prazer em debater o ensino.

Ponderei muito antes de escrever estas linhas: por um lado estou ciente que as minhas posições não são politicamente correctas e, por outro, tenho algum receio de juntar a minha voz à histeria, pretendendo deixar claro que o bullying sempre existiu, mesmo antes de cabeças pensantes inventarem um anglicanismo para baptizar o fenómeno!

Quero deixar clara uma declaração de interesses: continuo a acreditar que a Educação é o melhor mecanismo de justiça social, que é através da formação que se esbatem as diferenças de classes: luto e vou lutar sempre pela igualdade de oportunidades, que permita a que cada um, pelo seu trabalho e mérito, possa ter uma vida mais confortável que os seus antecessores. Não ignoro que hoje é mais simples aderir a um partido, abanar caninamente a cabeça e esperar uma injustificada benesse: mas vou bater-me sempre pelo ensino!

Mas é preciso repensar a escola, mormente a noção de universalidade no ensino: se todos temos de lutar para que a Escola seja para todos, para que os jovens de todas as idades tenham acesso ao ensino, em todos os seus graus, nunca devemos esquecer que o ensino é um direito, não um dever! Que na escola devem estar todos aqueles que querem estar na Escola, mas esta não deve ser um prisão ou um campo de refugiados onde são depositados jovens, que ao longo dos tempos deram provas que não querem aprender, não respeitam quem aprende e ensina, cuja única finalidade que prosseguem é permitir que os pais recebam rendimento mínimo e aperfeiçoarem a arte da criminalidade!

Não é para estes que existe o escola e a universalidade do ensino não é incompatível com a expulsão de quem tem comportamentos desviantes, quer contra colegas, quer contra professores ou funcionários!

Durante uns anos cultivou-se uma ideia romântica do ensino, onde a escola era um sítio para as crianças e adolescentes serem felizes e desfrutarem! Uma ideia bonita, como bonitas são outras ideias parvas: a Escola é um local onde se trabalha, onde se premeia o mérito, um local onde a exigência deverá ser sempre um critério fundamental! Um espaço que deve procurar a excelência, onde apenas fazem falta aqueles que querem lá estar: sejam alunos, ou professores!

14 comentários:

  1. Anónimo00:40

    Concordo consigo parcialmente!
    Por vezes , os comportamentos desviantes resultam de outros factores que nada têm a ver com a escola mas é nela que se refletem as angustias e revoltas e quase sempre atacando os mais fracos...

    Todos devem frequentar as escolas e quando surgem sinais indicadores de disturbios , estes não devem ser ignorados como se verifica na realidade...
    É nas escolas que se identificam , ou deveriam identificar problematicas de foro psicologico e familiar .
    As escolas têm obrigação de cooperar na tentatva de as solucionar e responsabilizar as familias !
    Mas ....fazem isso ? sim , mas não como deviam!
    Alguem sabe se o menino que "desapareceu" ,alguma vez teve uma palavra da professora?
    O que aconteceu aos que o "massacraram"?

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  2. Anónimo01:00

    1º gosto do mormente... é clássico. ( tinha que começar a parvejar porque agora estou para aí virada)
    2º foste-te embora a meio da conversa ( detesto isso)
    3º absolutamente de acorde que a escola são para aqueles que realmente se interessam por ela e que demosntram resultados, no entanto é necessário ocupar o tempo dos outros, os que não querem ou não gostam com coisas que sejam uteis para eles e para a sociedade para evitar o ócio e a criminalidade.
    4º O ponto de vista da Raquel é muito importante. Por exemplo, acabaram com os professores de ensino especial, é sabido que nem todas as crianças têm a mesma facilidade de aprendizagem mas isso não quer dizer que não sejam dedicadas ou interessadas e que no seu próprio tempo não tenham até bons resultados, mas se forem esteriotipadas em timings que se julgam os mais correctos vão de certeza perder o interesse.
    4º e para não fazer disto um testamento, acabaram com os psicologos nas escolas e são raras as que os têm, agora com todos os fe´nómenos de agressividade e quando os professores têm que se preocupar mais com o preenchimento de papeis do que com os alunos, não entendo.

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  3. Anónimo01:01

    epá isto ficou mesmo grande =)

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  4. Anónimo01:03

    lOU: Obrigada , esqueci-me de referir o ponto 4, que é de importantissimo!

    (não está grande....)

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  5. B.L.10:21

    Na minha opinião a escola deve ser para todos, e deve continuar a ser obrigatória. Portanto, chegam as escolas todo o tipo de alunos, com diferentes níveis sociais.
    Para mim escola é um complemento da educação familiar, esta faz aquilo que os pais não estão capacitados para fazer.
    Logo pergunto vamos deixar sem educação, que nasce dentro de familias com problemas?
    Estes não têm o direito de ser ajudados?
    É claro que neste caso os principais problemas são a falta de educação dada pelos pais e a falta de normas nas instituições para fazer face a estes problemas.

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  6. Raquel - não vou rebater: limito-me a sublinhar a minha ultima frase da crónica!

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  7. Lou - concordo com mto; mas do ponto 3, uma nota: não é a escola que os afasta do ócio e criminalidade: praticam-na na escola, sobre colegas e professores!

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  8. BL - no ultimo conselho de opinião, onde debatemos os outros, fiz uma sugestão que arrepia: uma espécie de serviço militar, para jovens que cometem ilícitos no âmbito escolar!

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  9. Anónimo12:09

    H: Todos sabemos que muitos professores estão por obrigação ....!!

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  10. A-N-Ó-N-I-M-O13:42

    Eh pá, atão é assim; tirem das escolas esses psicócologos da treta cheios de teorias da treta a mamar do orçamento sem fazer nada que se veja e deem autoridade aos professores, continuos e direcção dessas escolas para, sempre que necessário, aplicar um (ou mais) par de tabefes "á antiga portuguesa" nos meninos/as malcriados ... Nunca falhou e não consta que haja por aí grandes nem pequenos "traumas de infância" ... Muito pelo contrário ...

    Prontos pá, agora podem desancar no Anónimo hehehehehehehehe

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  11. @anónimo - porque desancar?!

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  12. Anónimo23:53

    Muito bem anónimo exceptuando um pormenor,a violência escolar existe há muito tempo(embora com tendência a aumentar quer em nº de casos quer no grau de violência), até naquele tempo em que se tinha de chamar Sr Professora Tal, e eram postos na rua aqueles que á mínima disturbassem uma aula.
    O sistema educativo mudou bastante mas a dinâmica familiar também e é aí que reside o problema.
    Professores sem autoridade,auxiliares sem se puderem mexer,pais demasiado permissivos , ausentes e que muitas
    vezes alimentam esse tipo de comportamentos, é no que dá!


    ps( há 25 anos fui vitima de violência escolar,não o relatei na altura por... vergonha. Na maioria das vezes a violência vem daqueles que são considerados a "nata" do meio escolar, agora pensem nisto!)

    Ass. Papalagui

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  13. Anónimo00:27

    Papalagui: fogooooo, temos que falar urgentemente!

    bjs

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  14. Concordo contigo, para variar :)

    Adorei a diferença entre Escola e escola!

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