quinta-feira, julho 12, 2007

Patuscada Portuguesa....

Numa época em que tanto se fala no Turismo como um desígnio nacional, será importante a procura da especialização, como meio de alcançar a excelência! Entendo que o novo paradigma do Turismo Português devia ser a gastronomia! A razão parece-me óbvia: se há coisa em que somos exímios é na arte dos tachos.
Basta percorrer o rectângulo lusitano para encontrarmos um país pleno de pequenos e grandes tachos, de almoçaradas em que os convivas repartem em conjunto o bolo, disputando herculeamente cada uma das fatias que, de ano para ano, vão sendo maiores! Se deixarmos assentar a fervura histérica e analisarmos com detalhe as peixeiradas à de Vieira do Minho, a célebre caldeirada no norte, e muitas outras, percebemos que não existe nenhuma querela gastronómica, mas a troca de ingredientes alaranjados, por temperos em cor de rosa!
Também a nossa região nos dá exemplos infindáveis de comidinha caseira, daqueles petiscos tão agradáveis que estão destinados a serem partilhados apenas pelos nossos mais próximos amigos, aqueles que obedientemente batem palmas, que nos dizem sempre que sim, por maior que seja o disparate!
Não é por acaso que, desde sempre, se aconselhou o consumo de vinho em Portugal: não apenas alimenta um milhão de portugueses, como tem a especial vantagem de nos alienar dos problemas essências e nos deixar ficar numa bem disposta sonolência.
Pessoalmente, agora que o calor nos mata, sou fã de uma vinagrada com sardinhas: ainda esta segunda, noite dentro, numa ampla mesa que me fez lembrar a célebre dos apóstolos, doze candidatos lutavam ferozmente por um Manjar Alfacinha; apesar de todos dizerem que é um prato vazio, que armazena arrecadações de bolor e podridão, uma receita mal distribuída, um rol de imperfeições, assistimos a escusos interesses no financiamento da patuscada! Não tenho vontade de azedar esta crónica, mas quem olha para os números da panela alfacinha, fica convencido que existe muito caviar e lagosta a suscitar tanta cobiça!
Mas no meio de tanto prato sujo, num país em que os de sempre comem tudo deixando raríssimas migalhas para os outros, pergunto: porque é que o cozinheiro-chefe, eleito directamente pela força dos nossos votos, escolhe o mais mudo dos silêncios, recusando-se a limpar esta cozinha, cada vez mais suja?

(PS - algumas pessoas têm tido a gentileza de elogiar as minhas foto-montagens: admito que não percebo muito nem sou expert em fotografia, mas gosto imenso de montar...)

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