Voyerismo...

Estava sentado na esplanada da Praça da Republica, numa destas noites em que o calor nos consome as entranhas e nos rouba o sono e a boa disposição, quando um amigo de outros calendários, me questionou sobre o a minha posição sobre o voyerismo! Nervosamente respondi que a minha posição era sentado, na expectativa que a conversa levasse distinto rumo.
Mas o tipo lá insistiu, pelo que fui obrigado a responder: “- é axiomático que é assertivo”. Resulta sempre! Como ninguém faz ideia do que a afirmação significa, se é que significa algo, a conversa termina por aí, porque o bom tuga tem vergonha da expressão “não sei”, pelo que faz aquela cara de burro instruído, acena afirmativamente e muda de assunto!
Como não quero morrer estúpido, mal entrei em casa procurar no Dicionário Houaiss a definição de voyerismo! Depois de estar alguns minutos a perceber como se escreve a palavra, lá alcancei a definição: “desordem sexual que consiste na observação de uma pessoa no acto de se despir, nua, ou realizando actos sexuais e que não se sabe observada”.
Ou seja, voyerismo é a palavra moderna para mirone!
Eu até tinha vontade de dizer que dentro de cada um de nós, homem ou gajo, menina ou gaja há um mirone putativo, mas, esta treta de ser uma desordem sexual, castra-me o raciocínio!
Senão vejamos: “desordem sexual” é um eufemismo para tarado! Reconhecer que o pessoal tem curiosidade em ver como os outros se portam nas camas alheias é ser tarado, é algo que me deixa apoquentado! E que me desculpem os psis de várias especializações, mas acho que estão enganados. Espreitar a vida dos outros, faz parte do nosso ser colectivo, da nossa portugalidade. Tão natural como mijar o chão do wc, cuspir na rua, ficar pasmado a olhar para os acidentes de trânsito, mandar “bitates” profundos sobre tudo e coisa nenhuma, é o saudável habito de espreitar quecas alheias, mamocas que não são nossas!
Criticar o voyerismo é um preconceito da direita mais reaccionária, confessional e salazarista! Qualquer dia, esses gajos vão querer proibir o “povo” de passar a rua de comércio elitista, só para impedir os tugas de espreitarem nas monstras os vestidos que não podem comprar!
Permitir o voyerismo, mormente pela celebração do santo coito em locais acessíveis ao público é um acto de justiça social, de defesa pelas liberdades individuais, uma forma de protesto contra este Governo de Direito eleito com os votos roubados à esquerda!
Amigos e amigas: dispam-se em público, façam badalhoquices sexuais em público e contribuam para o sentimento nacional e dêem uma lição eficaz a esse reaccionário do Sócrates (que não deve ser voyer)!