quinta-feira, julho 17, 2008

Politicamente incorrecto...



Discriminação racial é definida nos relatórios internacionais como qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência em função da raça, cor, ascendência, origem nacional ou étnica, que tenha por objectivo ou produza como resultado a anulação ou restrição do reconhecimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos económicos, sociais e culturais.

Esta é uma prática vil e obscena que encontra resquícios nos nossos sentimentos mais feios e abjectos dos preconceitos inaceitáveis: e ninguém tente procurar nas minhas palavras quaisquer afinidades com pensamentos xenófobos!

Começo esta crónica com precauções, porquanto numa era de ditadura do politicamente correcto, todos temem assumir de viva voz quaisquer posições que contrastem contra o fascismo das minorias.

Medito hoje sobre os acontecimentos da Quinta do Conde * em Loures, em que alegadamente dois grupos de minorias se confrontaram numa disputa étnica! Nada mais falso, nada mais hipócrita! O que aconteceu em Loures, não é uma disputa de africanos contra ciganos, mas dois bandos de criminosos que empunham armas na via pública e disputam tiros entre eles, alegadamente depois de um negócio de droga que correu mal! Por detrás daquelas pistolas, não estão negros, ciganos, brancos, amarelos, ricos ou pobres, mas estão criminosos que desafiaram o Estado de Direito e transformaram a rua de uma cidade num cenário de guerra!

Confiando na Imprensa de hoje, cerca de 90% dos habitantes daquele bairro vivem de subsídios do Estado, numa casa do Estado onde pagam ou não pagam uma renda privilegiada, não lhe sendo conhecida profissão ou anos de descontos! O que é perfeito exemplo daquilo que o Estado tem feito para integrar todas as pessoas que nascem em Portugal ou escolhem Portugal para morar, esforço que aqui se sublinha e aplaude!

Mas importa nunca esquecer que a integração é uma questão com dois lados! E a Europa lida mal com este problema! Não discriminar, ser intolerante com um discurso racista é sustentar que todas as minorias têm os mesmíssimos direitos que as maiorias, que devemos respeitar as suas convicções, forma de pensar e viver, religião e hábitos; mas nunca esquecer que existem também deveres, que são de todos, minorias e maiorias!

Não ignoro que corro o risco de dúbias interpretações, que alguns vão procurar nestas palavras um discurso intolerante, mas nunca subscrevi silêncios cobardes: e a única forma de combater o racismo é dizer palavras fortes quando os factos o exigem!

Portugal atravessa uma profunda crise económica e a palavra fome é o alimento de milhares e milhares de portugueses, que apesar de trabalharem e pagarem os seus impostos, de contribuírem activamente para o desenvolvimento da sociedade, vivem na inaceitável situação de não conseguirem cumprir os seus encargos! Para estes, brancos, negros, chineses, brasileiros, ciganos, homens e mulheres de todas as cores e credos, o Estado tem sido surdo aos apelos mudos, em nome do mal fadado combate ao deficit e da conjuntura externa madrasta! Mas têm sobrado apoios para todas as minorias, cultivando-se uma sociedade de inércia, o culto da dependência de apoios fartos e fáceis!

Urge dizer sem complexos que discriminar é, não apenas excluir ou restringir direitos a minorias, como dar a minorias um conjunto de direitos que se negam a todos os outros, numa intolerável tirania das minorias! E nunca esquecer que a mais nojenta forma de racismo, é com medo de ser acusado de racista, inventar critérios diferentes, para tratar pessoas, esquecendo que todas devem ser encaradas como iguais!


* Por inacreditável burrice de quem escreveu estas linhas, onde o animal escreveu Quinta do Conde quando devia ter zurrado Quinta da Fonte. Aos leitores (e aos ouvintes) as minhas patéticas desculpas!

8 comentários:

  1. H, subscrevo as suas palavras na integra.

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  2. Anónimo09:43

    H, porque esperas ser mal interpretado ao fazeres este post?

    Só disseste a verdade. Infelizmente a realidade é essa que aqui descreveste. Se não concordamos, temos todos o direito de contestar.

    Na sua grande maioria, as pessoas visadas são mais protegidas do que qualquer cidadão normal, e é por isso que para muitos espertalhões de 1/2 tigela, Portugal é do tipo "República das Bananas".

    Obviamente que existem excepções, não podem ser todos tipificados da mesma maneira e metidos todos no mesmo saco.

    Se houvesse coragem política!...

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  3. Anónimo11:51

    Excelente texto! Com respeito e com coragem! Parabens h

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  4. Cem por cento de acordo no que toca à interpretação dos acontecimentos à luz da ilegalidade cometida. Por criminosos. Ponto.

    Já no que toca às tentativas de integração de minorias haveria outras vertentes a abordar. Até porque, se encararmos como minorias não apenas as raciais ou étnicas mas também as económicas, sócio-culturais, etc, e as medidas de integração se estenderem a todas elas, já não se põe a questão do racismo mas tão somente a da discriminação positiva. Que às vezes é necessária e imprescindível...

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  5. Concordo plenamente, um bom post.

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  6. Anónimo17:49

    Mas afinal é Quinta do Conde ou Quinta das Sapateiras?

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  7. @anónimo: lapso corrigido!

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  8. Mas...
    qual é a proposta alternativa?
    que fazer com essa gente, onde 1 são todos principalmente quando dá para a asneira.
    O Estado Social paga-lhes para eles não estragarem, não roubarem nem matarem e se calhar contem-nos.
    O mudar do estar não lhes está nas perspectivas!

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