Podemos tentar esconder os nossos vícios, dissimular do mundo as nossas falhas e apetências, mas um dia, porque há sempre um dia, a verdade aparece desnuda carregada de evidências: se eu fosse um quadro, era surrealista!
O que não deverá ser surpresa para quem acompanha estes pedaços do blogue! Esta noite divido com quem tem paciência para me ler, Dali, para mim o melhor pintor espanhol de sempre (sim, eu sei onde nasceu Picasso!).
Nesta tela, desenhada na primeira fase de Dali, debruçada na ombreia duma janela abandonada, uma petiza contempla o horizonte, repousada sobre numa ombreia galante, onde a simplicidade da sala contrasta com a exuberância da paisagem!
Intriga-me a rapariga, descontraída e não consigo evitar questionar-me sobre os pensamentos que lhe ocupam o momento, se admira a paisagem ou se a olha sem a ver, demasiado perdida em divagações que se recusa a partilhar! Procuro encontrar nas águas calmas que passam, um espelho que me permita ver aquele rosto, na ânsia de descobrir se ri ou se chora, se o mar vê naquele olhar um sorriso ou se olhos se fecham sem conseguirem sonhar. Ou carrega no rosto o sonho da espera de um marinheiro que regressará aquele porto para a ensinar a amar?
Assumo a mesquinhez da inveja! Queria estar debruçado naquela janela, beber daquele mar, perder-me no azul turvo das divagações, navegar na imaginação daquela solidão!
Talvez sejam apenas os meus olhos, mas sinto a rapariga presa naquela janela, como que sequestrada pela vida, esbulhada da capacidade de embarcar no barco da vida e zarpar daquela sala inóspita! Mas fica, sem saber a razão porque não vai, as motivações para ver os barcos que passam atracada na marina seca da comodista tristeza! Porque, as maiores prisões da vida, nas têm grades e muros altos, homens e mulheres de armas na mão, mas estão dentro de cada um de nós, sobre a forma de medos, pesadelos e sonhos, que nos castram a coragem de lutar, ficando parados, olhando a vida de uma janela, esperando pelo mar que imune segue o seu percurso, azul, longínquo, como aquele céu de fim de dia, que o sol teve vergonha de homenagear!
Excepcional.. Ao seu melhor nivel!
ResponderEliminarBom texto e bom conteúdo!
ResponderEliminarMas... (este eterno mas que nos entala a vida para mostrarmos que também existimos)... todos somos condicionados.
O Baal é um mito.
Há anos dei por mim a pensar qual seria a lei fundamental da existência humana e com algum erro aceitei:
"To be, or not to be!"
Mas SER dá uma "trabalhêra"!
bonito, o quadro. bonito, o texto. bem bonitos.
ResponderEliminarSe eu fosse um quadro era também surrealista...Era um quadro de Magritte =)
ResponderEliminarGostei!
plasticine - o primeiro quadro aqui comentado... foi um Magritte!!
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