Quando os primeiros raios de sol descem sobre a cidade, os bejenses que não fogem da cidade aos feriados e fins-de-semana, mergulham no Parque da Cidade, inequivocamente a marca mais positiva de um falhado programa Pólis! Muitas vezes vejo-os chegar, enchendo o espaço do sorriso único das crianças e perdido num livro não consigo evitar pensar se o sucesso do Parque da Cidade resulta da excelência do local – onde apenas faltam as sombras – ou se da triste melancolia da inexistência de alternativas!
Beja abandonou o jardim público, deixando o espaço morrer de tédio enquanto se espera uma alternativa que há anos me parece óbvia; o Município quis ser o pai afectivo do espaço da Ovibeja, para depois abandonar o filho adoptado, ameaçando o Parque de Feiras e Exposições do cruel ostracismo de ser usada uma vintena de vezes por ano, numa arrepiante impotência para conseguir usufruir as imensas potencialidades do espaço. Insiste-se no decrépito edifício da Casa da Cultura e deixa-se arrastar uma solução para o antigo estádio, na esperança que o terramoto da passagem do tempo destrua o pouco que resta para se erigirem alguns edifícios para os beneficiários do costume e a piscina municipal a caminhar alegremente para uma morte anunciada, na esteia do seu contemporâneo mercado municipal. A ligação da cidade ao Rio Guadiana, sem dúvida a mais apaixonantes promessa eleitoral da ultima campanha, arrasta-se no tempo, continuando o rio uma miragem muito ao longe, nos campos do inacessível!
Era fácil assacar responsabilidades ao executivo camarário: três anos de completa apatia, uma gestão para o quotidiano de pão e circo, com rotundas, pequenos jardins e campos de futebol nas freguesias rurais mais apetecíveis, uma exasperante incapacidade para sonhar a cidade, festas e feiras para distrair o povinho e a interiorização de que quando pior, maiores são os ganhos eleitorais, acompanhada de uma fobia ao empresariado, seriam motivos que sobejam para comprar nos inúmeros pecados do actual executivo camarário, as razões para o desgraçado estado da nossa cidade.
Mas, esse nunca foi nem será o meu caminho, do mesmo modo que nunca alinhei nas teorias simplicistas de culpar os diversos governos centrais pelo complexo estado do País. Se todas as carências de Beja se resolvessem com uma mudança de actores políticos, bastaria que o acto eleitoral oferecesse um verdadeiro 25 de Novembro para que a cidade reencontrasse o sorriso há muito perdido!
Desconfio dos partidos e perdi a capacidade de sonhar com o Messias; mas acredito em projectos que sejam passíveis de mobilizar e valorizar aquilo que a cidade tem de melhor para oferecer: os bejenses!
Beja é uma cidade que tem tido vergonha de ser capital de distrito, com a satisfação medíocre de se subalternizar a Évora, como se a pequenez fosse uma virtude, como se fosse verdadeira a inevitabilidade de este ser o nosso cruel destino!
A cidade de Beja necessita urgentemente de um projecto mobilizador: por uma vez na democracia, que não se discuta se determinada rua deve ter trânsito num ou em outro sentido, onde se vai construir a próxima rotunda ou plantar o próximo campo de jogos, nos inúmeros buracos das nossas ruas – que até ao Verão serão tapados, depois deste longo abandono – ou abanar os fantasmas de sempre criando medo no eleitorado; precisamos de conseguir pensar e planear a nossa cidade, responder à pergunta que é crucial: que Beja queremos para daqui a 12 anos?
Escrevo estas linhas na segunda de Carnaval, época em que os foliões se deslocam a Cuba e a Vidigueira, porquanto a cidade os esqueceu; a três meses de abrir um Aeroporto sem que o Governo se tenha recordado de fazer as estradas ou o Município de permitir a instalação de empresas; em plena mudança estrutural na agricultura provocada pelo Alqueva, com uma comovente incapacidade para os empresários locais de usufruírem desse imenso filão! Redijo este texto, durante uma gravíssima crise económica internacional, enquanto os meus conterrâneos enchem o Continente e passeiam no Parque da Cidade.
Mais que culpar os poderes locais e centrais, este é o momento que nos devemos criticar a nós próprios! Tempo de ser exigente com a política e os políticos, de contribuir activamente para encontrar soluções em vez de passar o tempo em criticar os problemas, de ter a audácia de ser um verdadeiro cidadão.
Este é o tempo e o momento de reunir quem estima e ama esta cidade, de convidar os jovens a apaixonarem-se pela cidade e ajudarem a construir um futuro que também lhes pertence! Beja precisa de “causas”, de ousar sonhar o futuro, de assumir as suas valências e oferecer à região e ao País as suas diferenças, as peculiaridades que a tornam única! E de perder este estranho receio de ser capital, quer do concelho, quer da região, quiçá daqui a uma década, do sul do País. Porque não o sonhar é a cobardia de se contentar com a mediocridade!
Beja abandonou o jardim público, deixando o espaço morrer de tédio enquanto se espera uma alternativa que há anos me parece óbvia; o Município quis ser o pai afectivo do espaço da Ovibeja, para depois abandonar o filho adoptado, ameaçando o Parque de Feiras e Exposições do cruel ostracismo de ser usada uma vintena de vezes por ano, numa arrepiante impotência para conseguir usufruir as imensas potencialidades do espaço. Insiste-se no decrépito edifício da Casa da Cultura e deixa-se arrastar uma solução para o antigo estádio, na esperança que o terramoto da passagem do tempo destrua o pouco que resta para se erigirem alguns edifícios para os beneficiários do costume e a piscina municipal a caminhar alegremente para uma morte anunciada, na esteia do seu contemporâneo mercado municipal. A ligação da cidade ao Rio Guadiana, sem dúvida a mais apaixonantes promessa eleitoral da ultima campanha, arrasta-se no tempo, continuando o rio uma miragem muito ao longe, nos campos do inacessível!
Era fácil assacar responsabilidades ao executivo camarário: três anos de completa apatia, uma gestão para o quotidiano de pão e circo, com rotundas, pequenos jardins e campos de futebol nas freguesias rurais mais apetecíveis, uma exasperante incapacidade para sonhar a cidade, festas e feiras para distrair o povinho e a interiorização de que quando pior, maiores são os ganhos eleitorais, acompanhada de uma fobia ao empresariado, seriam motivos que sobejam para comprar nos inúmeros pecados do actual executivo camarário, as razões para o desgraçado estado da nossa cidade.
Mas, esse nunca foi nem será o meu caminho, do mesmo modo que nunca alinhei nas teorias simplicistas de culpar os diversos governos centrais pelo complexo estado do País. Se todas as carências de Beja se resolvessem com uma mudança de actores políticos, bastaria que o acto eleitoral oferecesse um verdadeiro 25 de Novembro para que a cidade reencontrasse o sorriso há muito perdido!
Desconfio dos partidos e perdi a capacidade de sonhar com o Messias; mas acredito em projectos que sejam passíveis de mobilizar e valorizar aquilo que a cidade tem de melhor para oferecer: os bejenses!
Beja é uma cidade que tem tido vergonha de ser capital de distrito, com a satisfação medíocre de se subalternizar a Évora, como se a pequenez fosse uma virtude, como se fosse verdadeira a inevitabilidade de este ser o nosso cruel destino!
A cidade de Beja necessita urgentemente de um projecto mobilizador: por uma vez na democracia, que não se discuta se determinada rua deve ter trânsito num ou em outro sentido, onde se vai construir a próxima rotunda ou plantar o próximo campo de jogos, nos inúmeros buracos das nossas ruas – que até ao Verão serão tapados, depois deste longo abandono – ou abanar os fantasmas de sempre criando medo no eleitorado; precisamos de conseguir pensar e planear a nossa cidade, responder à pergunta que é crucial: que Beja queremos para daqui a 12 anos?
Escrevo estas linhas na segunda de Carnaval, época em que os foliões se deslocam a Cuba e a Vidigueira, porquanto a cidade os esqueceu; a três meses de abrir um Aeroporto sem que o Governo se tenha recordado de fazer as estradas ou o Município de permitir a instalação de empresas; em plena mudança estrutural na agricultura provocada pelo Alqueva, com uma comovente incapacidade para os empresários locais de usufruírem desse imenso filão! Redijo este texto, durante uma gravíssima crise económica internacional, enquanto os meus conterrâneos enchem o Continente e passeiam no Parque da Cidade.
Mais que culpar os poderes locais e centrais, este é o momento que nos devemos criticar a nós próprios! Tempo de ser exigente com a política e os políticos, de contribuir activamente para encontrar soluções em vez de passar o tempo em criticar os problemas, de ter a audácia de ser um verdadeiro cidadão.
Este é o tempo e o momento de reunir quem estima e ama esta cidade, de convidar os jovens a apaixonarem-se pela cidade e ajudarem a construir um futuro que também lhes pertence! Beja precisa de “causas”, de ousar sonhar o futuro, de assumir as suas valências e oferecer à região e ao País as suas diferenças, as peculiaridades que a tornam única! E de perder este estranho receio de ser capital, quer do concelho, quer da região, quiçá daqui a uma década, do sul do País. Porque não o sonhar é a cobardia de se contentar com a mediocridade!
Mas que tem Évora a ver com isto??
ResponderEliminarPego no início - Polis. Polis foi talvez das melhores ideias para as cidades dos últimos 10/15 anos, se fosse bem aplicada.
ResponderEliminarNão nos podemos queixar muito, pois foi dos que correu melhor entre os 42 existentes.
Contudo, foram feitas asneiras. O mais ultrajante é o museu do sítio (Rua do Sembrano) um milhão e meio de euros gastos para nada, esta é a minha grande critica.
Por outro lado, nalguns projectos poderia-se ter feito ligeiramente melhor: parque da cidade, praça da república, jardim público, etc.
Noutros, o comum dos mortais têm maior dificuldade em perceber, Rua de Lisboa, António Sardinha, onde a principal valência está debaixo do chão, não é visível mas necessária.
Nos últimos 34 anos alguém se lembra de outra revolução deste tipo em Beja? Para mim, num balanço Beja ficou a ganhar e mais, com apenas 10% das verbas gastas pela autarquia local, nem deve de ter chegado a 2 milhões dos cerca de 20M€.
Quantas autarquias não queriam uma oportunidade destas.
Pego no fim - "reunir quem estima e ama esta cidade".
ResponderEliminarPorque não encontrar esta dita solução num grupo de pessoas pró-activas, jovens, com ideias válidas, capazes de reunir com o intuito de fazer Beja crescer sustentadamente e com saúde.
Porque não???
Só falta "alguém" que possa começar a mobilizar pessoas e que se dedique a esta causa.
H porque não tu próprio! Conheces bem a n/ cidade, conheces muitas pessoas com poder de decisão, conheces muitos jovens c/ esta visão. Porque não tu!
Quiçá não saia desta troca de ideias, algo realmente positivo para o futuro da n/ cidade, para o futuro das n/ crianças.
Lanço-te este desafio, só precisas de arranjar tempo para a causa
Tu sabes, que eu sei, que tu sabes de quem te pode ajudar. Certo.
@rui p - Honestamente acho que cumpro a minha parte! Faço as crónicas, tenho o programa e alimento um blogue onde se permite discutir com tolerância a cidade, sendo uma casa onde apesar das divergências ideológicas, é cómoda para pessoas de diferentes pensamentos politicos e dispares idades!
ResponderEliminarNão acho que a participação cívica presssuponha aceitar lugares!
Muitissimo boa. És das pessoas que pensa Beja com mais lucidez.
ResponderEliminarUm abraço
PR
@H - não falo em aceitares lugares! Conheço-te bem o suficiente e sei que actualmente não vislumbras qualquer tipo de cargo.
ResponderEliminarÉ pelo afecto que tens à cidade, que falo em criares um grupo de pessoas que "discutam" ideias positivas e que as mesmas sejam apresentadas aos orgãos capazes e com poderes para as pôr em prática.
Tudo em prol da cidade.
Subscrevo!
ResponderEliminarSr. H, entendo algumas das suas palavras/reflexões, mas tenho a certeza que a cidade não é assim tão má como você "a pinta". Podemos não ser perfeitos, mas somos muito melhores agora do que há 15 anos atrás, onde não existia nada em Beja. Tudo era igual. Agora não, agora estamos a mudar, a ficar melhores, a ficar mais "ecléticos". E assim, vamos chegando lá. Não em 4 anos, mas ao longo do tempo...
ResponderEliminarE isso de estar sempre a criticar quem vai ao Continente demonstra de alguma forma que gosta de se meter de "bicos de pés". Deixe lá isso! É sempre giro ir à Worten ver aquelas tecnologias todas...
E se houvesse uma Fnac cá... Ui...
Mais não escrevo porque tenho que ir ver a 2ª parte do Benfica vs Leixões.
@Pedro - penso que é uma questão de ambição ou falta dela: há quem se contente com a Beja de hoje. Eu não! E não acho que a cidade esteja melhor do que há quinze anos!
ResponderEliminarNão é falta de amibção. Nós, Portugueses, é que temos aquela ideia que os outros é que são bons e nós somos uma ruins. É daquelas coisas que esta nos genes do portugueses. Como a de escarrar para o chão ou mandar lixo na auto-estrada.
ResponderEliminarE como disse, até concordo com algumas coisas que disse, mas volto a repetir, a cidade não é tão má como você a descreve. Séria bom que outras coisas tivessem sido feitas, mas outras foram feitas que também fizeram bem à cidade.
Desculpa amigo H, mas estou com o Pedro - tirando a parte do Mod...não, Cont'nente e Worten, raramente passo por lá :)
ResponderEliminarAgora, Beja sempre teve esse "defeito", criticar, criticar, e fazer? Não há ninguém! Os que fazem algo são criticados, e como são sempre os mesmos que fazem algo já não ligam às críticas! Porquê? Porque não há ninguém que apresente melhores soluções!
Por outro lado, também sou um pouco como tu, faço a "minha" parte nos blogues e alguma intervenção cívica na associação da bicharada e no(s) coro(s). Uma pessoa que trabalha por conta própria como eu pouco mais pode fazer por falta de mais tempo disponível, infelizmente!
E - não te metas na política! Terás sempre um "carimbo na testa", alguma classificação que te deram e que te exclui automaticamente de coisas futuras que possas e queiras fazer - outro defeito que essa cidade tem.
@Pedro - não sei se é "cliente habitual do viagra", mas, se há algo que caracteriza este blogue é o prazer pela divergência de opiniões, sendo, por isso mesmo, frequentado por pessoas de todos os quadrantes sociais e políticos!
ResponderEliminarNeste espirito de tolerância e frontalidade, deixo-lhe um repto: o que não é verdadeiro, dos factos que apresentei?
Confesso que só há pouco tempo comecei a visitar o seu blog, mas o que deixa transparecer das suas opiniões é que Beja esta péssima e eu discordo disso. Mas o meu primeiro comentário foi mais em certas passagens do seu post, como por exemplo: "inequivocamente a marca mais positiva de um falhado programa Pólis". Falhado programa Polis? Acho que melhorou em muito a cidade. Foram feitos alguns disparates, como por exemplo, terem destruido a linda Praça da República, mas melhorou em muito outras zonas da cidade;
ResponderEliminarou "piscina municipal a caminhar alegremente para uma morte anunciada". A Câmara fez no último ano obras, para logicamente melhorar as condições da piscina para usufruto dos bejenses; ou "as razões para o desgraçado estado da nossa cidade."
Mas concordo com certas coisas que disse como por exemplo: "Beja abandonou o jardim público". Abandonou não por culpa da Câmara porque o jardim mantém-se bonito, mas por culpa dos bejenses que se desligaram completamente desse local.
ou "Insiste-se no decrépito edifício da Casa da Cultura". Realemten era hora de se fazer qualquer coisa...
E voltando ao assunto dos Continentes e afins, é o Mundo que temos e ninguém vive sem ter essas superficies de esbanjar dinheiro por perto. Como os telemóveis ou a internet... "ninguém" vive sem isso.
@Pedro - admito que talvez tenha sido escusada a referência ao Modelo: pretendi fazer uma analogia sobre o pão e circo e provavelmente saiu-me mal.
ResponderEliminarSobre a Pólis, sempre fui muito crítico:
- dislate na Praça;
- dislate na António Sardinha, sendo necessário gastar mto mais para emendar um erro de palmatória;
- jardim de bacalhau foi infeliz;
- o parque de estacionamento da Miguel Fernandes estragou a Praça;
- o Museu do Sitio é um elefante branco que foi usada UMA única vez;
- sobre as piscinas: mantêm-se a indefinição e todos os anos é a ultima a abrir, sem que se entendam as razões!
Espero que venha mais vezes, porque, apesar de discordarmos, os seus contributos são muito úteis! Gosto muito de divergências com pessoas que sabem divergir educadamente! Cumprimentos