segunda-feira, abril 27, 2009

25 de Abril, sempre...

... mas o Abril de Novembro, não o de Março.
Não participo em nenhuma das iniciativas comemorativas do 25 de Abril - que sempre me pareceram um pouco patéticas - porque nunca precisei de meter um cravo na lapela e gritar Abril sempre para não me esquecer que sou democrata!
Como em todos os anos, ouvimos nestes dias alguns gritaram que morreu o espírito de Abril, brandir contra a democracia colocando-a em causa e as recorrentes insinuações sobre a falta de liberdade de expressão. E o uso e abuso de expressões fascizantes de forma tola e recorrente.
Com data venia acho que este é o maior branqueamento que se pode fazer ao período Salazarista!
Nas últimas três décadas - e não obstante alguns dislates revolucionários - Portugal cresceu muito, em todos os níveis, seja qual for o indicador! E procurar nega-lo é espírito de avestruz!
Não tenho filiação partidária e desde há muito que sou severo crítico dos partidos, obcecados em alimentar as suas clientelas, usando o aparelho de Estado (central e local) como algo de sua propriedade usada para servir os mais escusos interesses! Como, desde sempre defendi e há muito que escrevo, que de todos os pilares da democracia continua a faltar o da Justiça, pedra absolutamente indispensável no Estado que se deseja de Direito: deve envergonhar-nos a todos que um cidadão anónimo demore 5 anos para conseguir uma acção de despejo, as empresas largos meses para receberem uma factura, que um zé anónimo ou um zé sócrates passem anos com o estigma de uma pseudo acusação sobre eles, sem que nada se decida, ou casos como a Joana, Maddie ou Casa Pia!
Mas criticar os poderes e ser exigente com a democracia, não é pretender negá-la como alguns pseudo democratas tanto fazem!
Faço parte do eleitorado flutuante, tendo votado quase sempre entre o PS e o PSD; se a memória não me falha, apenas votei uma vez CDU e duas CDS. E raramente me arrependi das escolhas que fiz. É verdade que Portugal continua pobre e com tremendas dificuldades, aumentadas pela crise internacional. Mas felizmente que na ressaca da revolução o povo foi sábio do caminho que seguiu e hoje as nossas referências são os países europeus, não Cuba, China, Vietname ou a Correia do Norte, para não falar da moribunda Russia!
Uma última nota para a liberdade de expressão que dizem estar em risco! Haja vergonha e respeito por aqueles que deram a sua vida a lutar pela liberdade! E para os mais desatentos, deixo apenas uma frase: antes falar era um perigo e pagava-se caro pelo direito de dizer o que se pensa! Hoje, se alguns calam o que pensam, não é por tecer as consequências, mas por saberem que se tiverem calados conseguem ser favorecidos! E não me peçam para confundir coragem com canalhice!

6 comentários:

  1. Anónimo12:49

    Excepcional texto, H! Mais um!!!

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  2. Hugo: Bem hajas!
    Pela inteligência, pela frontalidade, pela clareza de ideias e, acima de tudo, pelo que nos ensinas diariamente. Ler-te é, além de um prazer, uma aprendizagem constante.

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  3. Também raramente me arrependi das escolhas que fiz. And big girls (as big boys) don´t cry ;-)
    Feliz Liberdade, H!

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  4. Anónimo17:23

    ESTOU DE ACORDO COM TUDO MENOS COM ESSA QUESTAO DA RUSSIA ESTAR MORIMBUNDA, CUIDADO EU TAMBEMSOU SOCIAL DEMOCRATA MAS QUATO À RUSSIA NAO ME PARECE ESTAR ASSIM TAO MAL

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  5. @anónimo 5,23 - quis referir-me ao momento antes da libertação!!

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  6. Um desiludido...02:07

    Falar da Liberdade é sempre um tema saudável. Mas falar da Liberdade é, naturalmente, falar de Abril. É claro que nem todos ficaram agradados com a Revolução dos cravos, porque perderam previlégios e, outros houve, que colheram privilégios demais.
    E é por isso que nos tornamos no país que hoje somos. As desigualdades são cada vez maiores e o prometido em Abril ficou, em grande parte, por cumprir.
    Principalmente porque os principais mentores, os que levaram à prática o 25 de Abril, gente pouco dada às "coisas" da política, foram, logo que possível, substituídos pelos "políticos", grande parte deles com interesses no passado e que, rapidamente, promoveram a transformação da esperança que Abril havia trazido à esmagadora maioria do povo português. Esses senhores são hoje, muitos deles, novos ricos, enquanto as desigualdades crescem e o descontentamento aumenta. É preciso fazer qualquer coisa, com a urgência possível, porque, doutro modo, não poderemos augurar nada de bom. E o tempo urge.

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