Porque se aproxima a Páscoa...

Para um agnóstico que é professor, o melhor da Páscoa são mesmo as férias! O que não significa que estas não possam ser usados para reflexão e meditação.
Já afirmei recorrentemente a minha enorme tristeza por ser agnóstico: sinto genuína e saudável inveja de todos aqueles que têm a capacidade de crer. Adorava conseguir acreditar que existe Algo superior a nós, que existe um sentido místico para a vida, que algures no tempo se fará justiça para aqueles que, com erros e falhas, procuram passar pela vida sem prejudicar os outros, acreditando que a felicidade não se conquista destruindo os outros. Não duvido que seria bem mais feliz se tivesse a capacidade de acreditar no dia do Juízo Final.
Mas a minha total e completa falta de religiosidade, não faz com que desvalorize a profunda influência e importância da Igreja Católica nas nossas vidas. Mais. Numa sociedade em que a justiça continua sem funcionar e na qual valores como princípios e ética são anedotas de café, compreende-se mais do que nunca o quão negativo é para o mundo ocidental o decréscimo de influência na Igreja enquanto regulador social.
Facto que devia e de certeza que preocupa a Igreja Católica. Sem eufemismos, porque nega-lo seria um absurdo, sobretudo entre os jovens é crescente o afastamento da religião em geral, da Igreja Católica em particular.
No caso do catolicismo, a esse afastamento não é estranho o conservadorismo como a Igreja continua a olhar a mulher, o casamento e a sexualidade!
O papel da mulher no seio da igreja, mormente o papel secundário que continua a desempenhar, a proibição do matrimónio aos padres e a sexualidade, quer a questão da homossexualidade quer o problema do preservativo ou mesmo a interrupção voluntária da gravidez em casos extremos, não podem continuar a ser dogmas, exigindo uma profunda reflexão por parte dos homens do clero!
Gostei das declarações corajosas do Bispo de Viseu: provam que no seio da Igreja existem vozes com vontade de levantar a bandeira da modernidade, sem que isso signifique atacar os pilares fundamentais da Santa Igreja. Porque importa nunca esquecer, que o principal papel da Igreja é dirigir o seu rebanho por entre as dificuldades do quotidiano, na esperança da imortalidade divina!