"O que nunca ninguém diz, porventura com medo de parecer vaidoso, é que a inteligência tem um preço: a solidão" (Nuno Lobo Antunes)
quarta-feira, setembro 26, 2007
Conselho de Opinião...
Bullfight, Pablo Picasso
Amadas por uns, odiadas por outros, as touradas são uma realidade em Portugal. E foi sobre touradas que versou o Conselho de Opinião de ontem, que pode ser ouvido aqui!
Ouvi o programa, escutei as opiniões e passo a algumas notas necessariamente curtas.
Em primeiro lugar, gostei de não o ouvir falar! Não entenda como 1 provocação mas antes como um elogio, posto que sempre entendi que quando não temos conhecimento suficiente para falar de algo, mais vale remetermo-nos ao silêncio e tentar apreender o máximo sobre o assunto em questão.
Em segundo ponto, sou e sempre fui fascinado pelo "mundillo" dos toiros, pela discussão deste ou aquele ponto (desempenho de toiros em praça, actuações de artistas, cartéis postos em prática por empresas, e todos os demais aspectos com tal relacionados), discussão que sempre verdadeiramente me apaixonou. Estas discussões são mantidas fora e dentro de praça, seja em Portugal ou em Espanha, até porque o mundo dos toiros é absolutamente inesgotável, pressupõe toda uma panóplia de conhecimentos (mais ou menos fundamentalistas) e, mal comparado, pode-se fazer uma analogia com o mundo do futebol, em que cada qual tem as suas preferências e todos queremos ter razão.
Terceiramente, tenho que me considerar como 1 aficionado dito fundamentalista, por duas razões, a primeira delas será que, ainda que entenda e veja as chamadas touradas (termo que abomino) à portuguesa, o que mais me chama a atenção em termos artísticos é a corrida integral à "usanza" espanhola, composta por matadores, picadores e bandarilheiros (fazer apreciações e citar referências tornaria este comment demasiado maçudo..). Já a segunda razão será a defesa da morte do toiro em praça, local indicado para um animal desta magnitude morrer, posto só aí o poder fazer com toda a dignidade inerente a tal espécie brava e nunca num espaço triste e indigno como é 1 matadouro, onde se morre sem pena nem glória.
Estas discussões são bem mais interessantes entre aficionados (quando sabem do que falam ou pelo menos fazem-no com conhecimento de causa advindo quer da vida de toureio, quer da frequência e experiência obtida enquanto público)do que entre aficionados vs anti-taurinos (normalmente desconhecedores da efectiva realidade da vida de um toiro e dos acontecimentos tidos antes e após a lide deste), posto os argumentos serem sempre os mesmos e nunca se atingir conclusão alguma. A meu ver, para ter uma conversa séria de toiros são precisas algumas condições sine qua non, sem as quais tal não será possível. Enunciando algumas, penso que a primeira será necessariamente a sensibilidade para com o tema (que nos faz gostar ou desgostar do mesmo), segue-se o conhecimento de causa (obtido na frequência de praças e na vontade de saber um pouco mais sobre o assunto), um terceiro ponto é o da humildade (sempre fui da opinião que de toiros não percebo nada e que, portanto, estarei sempre disponível para aprender mais com quem o saiba)!
Finalmente, não apenas é da praxe, como é muito justo louvá-lo pela escolha de um assunto como este para debate, numa altura em que todos estamos tão focados num dia a dia algo desumano, onde se discute apenas défices, raptos, assassinatos, etc., tão próprios de telejornais deprimentes e deixa-mos de lado as nossas tradições e a nossa cultura, que quer se concorde quer não, faz com que desanuviemos destas situações tão pesadas. Apenas um reparo, na sua condição de moderador, pretendeu assumir 1 lugar de provocador. Julgo que o deveria ter deixado para quem efectivamente fosse contra a realização deste tipo de espectáculos, pois só assim se poderá dar aos ouvintes a verdadeira noção dos argumentos de ambas as partes e, porventura, esclarec e imbuí-los dos conhecimentos necessários à tomada da sua própria posição sobre o assunto.
@JH - eu assumo que percebo tanto de touradas como de vaginas! Absolutamente nada; sei que existe, já andei lá perto, mas não sei como funcionam! Penso mesmo que ao terminar disse que já sabia o que Pacheco Pereira sentia quando se falava de futebol. Sobre a crítica é pertinente e subscrevo-a; mas... nem sempre todos os convites são aceites, pelo que por vezes temos de improvisar! Mas o lapso existiu: um destes dias alguém terá de falar dos direitos dos animais...
Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!
Bullfight, Pablo Picasso
Touradas? Odeio! Prefiro torradas!
ResponderEliminarTambém não aprecio, como ficou claro! Mas, é interessante ouvir os argumentos dos dois lados!
ResponderEliminarJá aqui antes deixei expressa a minha opinião relativamente ao tema. Apraz-me uma boa e inteligente discussão sobre o assunto, sempre me apaixonou..
ResponderEliminarRemeto mais considerações após audição do programa em análise mas desde já aprecio a referência ao tema!
JH
Ouvi o programa, escutei as opiniões e passo a algumas notas necessariamente curtas.
ResponderEliminarEm primeiro lugar, gostei de não o ouvir falar! Não entenda como 1 provocação mas antes como um elogio, posto que sempre entendi que quando não temos conhecimento suficiente para falar de algo, mais vale remetermo-nos ao silêncio e tentar apreender o máximo sobre o assunto em questão.
Em segundo ponto, sou e sempre fui fascinado pelo "mundillo" dos toiros, pela discussão deste ou aquele ponto (desempenho de toiros em praça, actuações de artistas, cartéis postos em prática por empresas, e todos os demais aspectos com tal relacionados), discussão que sempre verdadeiramente me apaixonou. Estas discussões são mantidas fora e dentro de praça, seja em Portugal ou em Espanha, até porque o mundo dos toiros é absolutamente inesgotável, pressupõe toda uma panóplia de conhecimentos (mais ou menos fundamentalistas) e, mal comparado, pode-se fazer uma analogia com o mundo do futebol, em que cada qual tem as suas preferências e todos queremos ter razão.
Terceiramente, tenho que me considerar como 1 aficionado dito fundamentalista, por duas razões, a primeira delas será que, ainda que entenda e veja as chamadas touradas (termo que abomino) à portuguesa, o que mais me chama a atenção em termos artísticos é a corrida integral à "usanza" espanhola, composta por matadores, picadores e bandarilheiros (fazer apreciações e citar referências tornaria este comment demasiado maçudo..). Já a segunda razão será a defesa da morte do toiro em praça, local indicado para um animal desta magnitude morrer, posto só aí o poder fazer com toda a dignidade inerente a tal espécie brava e nunca num espaço triste e indigno como é 1 matadouro, onde se morre sem pena nem glória.
Estas discussões são bem mais interessantes entre aficionados (quando sabem do que falam ou pelo menos fazem-no com conhecimento de causa advindo quer da vida de toureio, quer da frequência e experiência obtida enquanto público)do que entre aficionados vs anti-taurinos (normalmente desconhecedores da efectiva realidade da vida de um toiro e dos acontecimentos tidos antes e após a lide deste), posto os argumentos serem sempre os mesmos e nunca se atingir conclusão alguma. A meu ver, para ter uma conversa séria de toiros são precisas algumas condições sine qua non, sem as quais tal não será possível. Enunciando algumas, penso que a primeira será necessariamente a sensibilidade para com o tema (que nos faz gostar ou desgostar do mesmo), segue-se o conhecimento de causa (obtido na frequência de praças e na vontade de saber um pouco mais sobre o assunto), um terceiro ponto é o da humildade (sempre fui da opinião que de toiros não percebo nada e que, portanto, estarei sempre disponível para aprender mais com quem o saiba)!
Finalmente, não apenas é da praxe, como é muito justo louvá-lo pela escolha de um assunto como este para debate, numa altura em que todos estamos tão focados num dia a dia algo desumano, onde se discute apenas défices, raptos, assassinatos, etc., tão próprios de telejornais deprimentes e deixa-mos de lado as nossas tradições e a nossa cultura, que quer se concorde quer não, faz com que desanuviemos destas situações tão pesadas.
Apenas um reparo, na sua condição de moderador, pretendeu assumir 1 lugar de provocador. Julgo que o deveria ter deixado para quem efectivamente fosse contra a realização deste tipo de espectáculos, pois só assim se poderá dar aos ouvintes a verdadeira noção dos argumentos de ambas as partes e, porventura, esclarec e imbuí-los dos conhecimentos necessários à tomada da sua própria posição sobre o assunto.
Que Diós reparta suerte!
JH (João Honrado)
@JH - eu assumo que percebo tanto de touradas como de vaginas! Absolutamente nada; sei que existe, já andei lá perto, mas não sei como funcionam! Penso mesmo que ao terminar disse que já sabia o que Pacheco Pereira sentia quando se falava de futebol.
ResponderEliminarSobre a crítica é pertinente e subscrevo-a; mas... nem sempre todos os convites são aceites, pelo que por vezes temos de improvisar!
Mas o lapso existiu: um destes dias alguém terá de falar dos direitos dos animais...
Abraço