António Manuel Revez é sociólogo, investigador, escritor e cão danado nas horas vagas. Quando pensei neste post, ia colocar excertos da crónica publicada no último CorreioAlentejo. Mas, depois de ler outra vez, não me apetece retirar uma vírgula: por isso, fica na integra!
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"É preciso alternativa. Chegados praticamente a meio do mandato autárquico bejense, já os mais cépticos podem confirmar as suas negras expectativas, os mais convictos sentirem-se frustrados e os mais iludidos desenganarem-se. Beja permanece prisioneira de uma oligarquia comunista pequeno-burguesa cada vez mais desintegrada partidariamente e mais consolidada na manutenção da “coligação dominante”, o que, ainda traz compensação eleitoral, conseguida pela fidelidade partidária dos idosos, pelas promessas de carreira e oferta de emprego para os politicamente próximos, e pela “jogada segura” de muitas famílias de clientes, fornecedores e prestadores de serviços da câmara, que preferem não arriscar uma mudança partidária no executivo da câmara, de consequências por vezes nem sempre favoráveis para os credores.
Também pouco a pouco se vão denunciando ou sendo denunciadas as subterrâneas ou “petiscadas” relações entre os responsáveis autárquicos e os patos-bravos da construção, os especulativos fundiários, os investidores imobiliários, configurando uma promiscuidade flagrante entre os interesses políticos, económicos e pessoais. Esta situação, que vem do passado, ajuda a perceber por que é que adversários políticos de direita se amansam em engraxamento de polimento ao executivo comunista ou se empinam em estapafúrdia colagem de posições. O que parece absurdo e incoerente politicamente ganha a razoabilidade das vantagens económicas e pessoais quando se descobre que o senhor “A” tem vários terrenos em banho-maria à espreita da urbanização, ou quando o senhor “B” aguarda decisões de licenciamento, ou quando o senhor “C” confia que as múltiplas transgressões urbanísticas cometidas não lhe acarretem penalizações e embargos. E por isso, afinal, não espanta que certos apoios políticos venham donde seria mais improvável virem.
Este quadro evidencia também a incapacidade dos partidos em controlar e fiscalizar politicamente os “seus” autarcas, os quais ganham um protagonismo e um poder de influência que trazem reféns as estruturas partidárias locais e regionais e as condenam ao assentimento político ou, então, a “disparar para o lado”, elegendo como alvos o Governo nacional ou os adversários políticos. Foi neste lance estratégico que surgiu o Movimento BAAL 21, uma extraordinária oportunidade para o PCP envolver muitos daqueles que “serve” e capitalizar a insatisfação geral em torno do “triângulo” mítico do desenvolvimento, desviando as atenções do impasse estratégico e inépcia governativa de muitos dos seus autarcas.
Este quadro também se alimenta de uma inércia impressionante, favorecida pela oposição política, que vem anestesiando ao esquecimento aberrações como a longevidade interina do director do “Diário do Alentejo”, o silêncio face ao grotesco “Beja digital”, o falhanço do “Município Participado”, a anedota do “Beija”, o “flop” da “Colina do Carmo”, o “truque” do empréstimo contraído pela autarquia, a inexistente Carta Cultural do Concelho, a indefinição da Casa da Cultura, a inoperância do Gabinete de Informação da autarquia, o homicídio dos grandes eventos culturais para a juventude, a patetice caricata da “BejaSenior”.
A isto tudo e muito mais deve somar-se um presidente de Câmara com um perfil totalmente desajustado ao cargo que exerce. Uma pessoa de impertinências e birras, impermeável às críticas, capaz de sacrificar o interesse comunitário ou a justeza de um apoio a uma associação ou a uma iniciativa por razão de incompatibilidade pessoal ou antipatia por um promotor. Para além disso, não levou a cabo uma anunciada e esperada reestruturação dos serviços e seus responsáveis, limitou-se a alguns “arranjos” internos justificados, mas manteve vários “intocáveis”, protegidos de vereadores, apesar da continuada incompetência daqueles, e até promoveu figuras que têm levado a associar-se o nome da Câmara Municipal ao disparate, ao arbítrio, e à impunidade. E, mais grave que tudo, não tem a mínima ideia do que seja um “projecto de cidade”, é um esforçado “gestor de contingências”, sem uma visão estratégica para a cidade.
Perante isto tudo encontramos uma oposição política atabalhoada e inconsequente, quer no âmbito da vereação, quer em contexto de Assembleia Municipal, salvo raras excepções mais rebeldes que alinhadas.
Ora, chegados a meio deste mandato autárquico vai sendo tempo de se pensar e construir uma alternativa. Uma alternativa que não pode nascer da aprovação dos aparelhos partidários, nem de alianças pós-eleitorais. Uma alternativa que deve começar agora a ser desenhada e que pressupõe um empenhado investimento de independentes e daqueles que, apesar das suas ligações partidárias, tenham a boa vontade política suficiente para pôr constrangimentos partidários de lado e a sabedoria e sensatez de se unirem em torno de um projecto plural e aberto, especialmente receptivo ao contributo dos cidadãos e das suas estruturas representativas e fortemente motivado para fechar um “ciclo político” unicolor na câmara municipal de Beja, ciclo que está saturado de vícios, desperdícios e cumplicidades e que não pode, a continuar, hipotecar, mais uma vez, o futuro de Beja e das suas gentes".
Este quadro evidencia também a incapacidade dos partidos em controlar e fiscalizar politicamente os “seus” autarcas, os quais ganham um protagonismo e um poder de influência que trazem reféns as estruturas partidárias locais e regionais e as condenam ao assentimento político ou, então, a “disparar para o lado”, elegendo como alvos o Governo nacional ou os adversários políticos. Foi neste lance estratégico que surgiu o Movimento BAAL 21, uma extraordinária oportunidade para o PCP envolver muitos daqueles que “serve” e capitalizar a insatisfação geral em torno do “triângulo” mítico do desenvolvimento, desviando as atenções do impasse estratégico e inépcia governativa de muitos dos seus autarcas.
Este quadro também se alimenta de uma inércia impressionante, favorecida pela oposição política, que vem anestesiando ao esquecimento aberrações como a longevidade interina do director do “Diário do Alentejo”, o silêncio face ao grotesco “Beja digital”, o falhanço do “Município Participado”, a anedota do “Beija”, o “flop” da “Colina do Carmo”, o “truque” do empréstimo contraído pela autarquia, a inexistente Carta Cultural do Concelho, a indefinição da Casa da Cultura, a inoperância do Gabinete de Informação da autarquia, o homicídio dos grandes eventos culturais para a juventude, a patetice caricata da “BejaSenior”.
A isto tudo e muito mais deve somar-se um presidente de Câmara com um perfil totalmente desajustado ao cargo que exerce. Uma pessoa de impertinências e birras, impermeável às críticas, capaz de sacrificar o interesse comunitário ou a justeza de um apoio a uma associação ou a uma iniciativa por razão de incompatibilidade pessoal ou antipatia por um promotor. Para além disso, não levou a cabo uma anunciada e esperada reestruturação dos serviços e seus responsáveis, limitou-se a alguns “arranjos” internos justificados, mas manteve vários “intocáveis”, protegidos de vereadores, apesar da continuada incompetência daqueles, e até promoveu figuras que têm levado a associar-se o nome da Câmara Municipal ao disparate, ao arbítrio, e à impunidade. E, mais grave que tudo, não tem a mínima ideia do que seja um “projecto de cidade”, é um esforçado “gestor de contingências”, sem uma visão estratégica para a cidade.
Perante isto tudo encontramos uma oposição política atabalhoada e inconsequente, quer no âmbito da vereação, quer em contexto de Assembleia Municipal, salvo raras excepções mais rebeldes que alinhadas.
Ora, chegados a meio deste mandato autárquico vai sendo tempo de se pensar e construir uma alternativa. Uma alternativa que não pode nascer da aprovação dos aparelhos partidários, nem de alianças pós-eleitorais. Uma alternativa que deve começar agora a ser desenhada e que pressupõe um empenhado investimento de independentes e daqueles que, apesar das suas ligações partidárias, tenham a boa vontade política suficiente para pôr constrangimentos partidários de lado e a sabedoria e sensatez de se unirem em torno de um projecto plural e aberto, especialmente receptivo ao contributo dos cidadãos e das suas estruturas representativas e fortemente motivado para fechar um “ciclo político” unicolor na câmara municipal de Beja, ciclo que está saturado de vícios, desperdícios e cumplicidades e que não pode, a continuar, hipotecar, mais uma vez, o futuro de Beja e das suas gentes".
CONCORDO NA INTEGRA COM O QUE É DITO PELO ANTONIO,SO NAO VEJO COMO É POSSIVEL CORTAR AS PERNAS AO POLVO QUE ENVOLVE A NOSSA AUTARQUIA, E TODOS OS INTERESSES INSTALADOS NA MESMA.
ResponderEliminarCaro H,
ResponderEliminarRegisto com apreço a divulgação da crónica. Um dos objectivos da mesma era o de suscitar o debate e a reflexão em torno de uma "alternativa" credível.
Só mais uma coisa, na minha opinião, essa alternativa também passa por ti.
E digo-o sem saber sequer as tuas motivações e disponibilidade.
Abraço
Assino por baixo!
ResponderEliminar@AMR - A crónica merece ser lida! Com muita atenção! Se ainda estamos no momento de fazer o diagnóstico, com agrado compreendo que muita gente, de diferentes perspectivas, está de acordo com os problemas! Mas... existirá a mesma convergência no que concerne a soluções?
ResponderEliminar@H
ResponderEliminarJá reza a história que há experiências bem sucedidas de convergência entre "diferentes" na composição de listas de candidatura aos órgãos autárquicos. Isso implica compromissos, cedências e capacidade de identificar o fundamental em detrimento do acessório. Encontrar soluções que ponham de acordo pessoas que têm divergência políticas entre elas não é fácil, mas, muitas vezes, após discussão franca e aberta, chega-se à conclusão que convergimos no mesmo sentido.
Excelente texto! Ainda estive para fazer um post sobre este texto, mas não tive oportunidade. Oportuno, certeiro e muito verdadeiro!
ResponderEliminarÉ so para deixar aqui o meu apoio ao teor da crónica de AR. Provavelmente manifestarei publicamente este meu apoio.
ResponderEliminarPara que conste!
Frente Popular rosa/laranja/eufémia
ResponderEliminarÉ impressão minha ou está aqui em marcha uma frente comum para o assalto ao Municipio de Beja?
E já agora será que todos os que aqui se manifestam sob anonimato estão depois disponiveis para avançar? E já agora será que todos os que se manifestam e os que não se manifestam tem como única preocupação a cidade ou os interesses são outros. Ou será que alguns estão pensar assim numa coisa tipo Lisboa " o Zé fal falta" com o resultado final a ver a quem o Zé faz falta. E só mais uma coisinha será que esta frente laranja/rosa/eufémia não será uma mistura muito explosiva.
Se me garantirem um tachinho eu manifestarei publicamente o meu apoio.
Caro anónimo,
ResponderEliminarPelos vistos o único anónimo aqui é o senhor... vá-se lá saber porquê.
Quanto aos que rubricaram concordância com o teor da crónica, faça lá o senhor anónimo a contabilidade para ver quantos "tachos" é que eles já ganharam com esta coisa da política e da intervenção cívica. Talvez assim seja obrigado a mudar de argumento.
Já agora, qualquer "frente" ou "mistura" que se venha a constituir não "tomará nada de assalto". É que a "legitimidade revolucionária" é própria de outras forças políticas (daquelas que distribuem "tachos"..) e nós somos pela "via eleitoral".
Bem haja.
AMRevez
Agora vou deixar de ser anónimo passo a ser Joaquim António ou serei Manuel Joaquim ou Maria Cascalheira, bom não interessa, anónimos á parte...
ResponderEliminarRetiro com gosta a questão do "tomar de salto" sobre a legitimidade revolucionária não tenho dúvidas que sobre essa matéria a "Frente Rosa/Laranja/Eufémia" se distingue da outra do milho a tal Verde/Eufémia. sobre os tachos diz bem ainda não "ainda não tiveram" não quer dizer que não queiram vie a ter, mas isso também não importa nada,importa sim é que venha logo essa "Frente Rosa/Laranja/Eufémia" (é só uma sugestão de nome)que eu sei a quem isso vai agradar muito.
Manuel Joaquim ou será Joaquim Manuel
O Manuel Joaquim já tem tacho, ou então não se lembra!
ResponderEliminar@nónimo ou Manuel Joaquim ou Joaquim Manuel - começo por dizer que tenho dificuldades em entender a alusão ao rosa! Dirige-se a algum benfiquista?
ResponderEliminarSobre o resto, apenas uma nota: nas suas palavras faz alusão ao António Revez e ao João Espinho! Pergunto-lhe: que tachos tiveram? Lutaram por eles?
Gosto de debater, mas acho que mesmo sob anonimato (e nenhum deles o fez!!) devemos ser intelectualmente honestos!
o AMR afastou-se do PCP-Beja que hoje crítica: honestamente é capaz de dizer que ele não teria uma vida mais simples, se tivesse ficado no partido?
o JE, quando o partido do qual é militante estava no Governo não se coibiu de fazer duras críticas: com excepção dele e do Eng Ramoa, que outras vozes do PSD-Beja o fizeram?
Pense nisso...
Não vale a pena: é mais um dos que já engoliu a cassete. São todos assim. Jamais será convencido pela razão. O Homem acredita mas não sente, e se o toca não quer ver.
ResponderEliminarDá vontade de rir, o revez e o espinho e quem mais? O revez seria o presidente com as áreas da cultura e do ensino, onde tem uma interessante experiência; o espinho ficava com o apoio aos comerciantes locais e as relações internacionais, onde também tem créditos; já agora podiam também chamar a Mad que tem muita experiencia no trabalho com idosos e podia ficar com os pelouros da terceira idade e das telecomunicações....deixa-me rir
ResponderEliminarVenha daí essa alternativa. Espero por ela.
ResponderEliminarDe forma ingénua, sonho com o dia em que a cor política passará para segundo plano em relação ao interesse da região e daqueles que cá vivem. Em sociedades moral e intelectualmente mais desenvolvidas o bem comum ultrapassa a cor política. Mesmo sem maiorias absolutas e as coisas andam para a frente. No nosso país ainda existe um trabalho de fundo a fazer, a começar logo pelas crianças no ensino primário e por aí a cima, para criar sociedades melhores, de homens e mulheres mais informados, que formem uma boa democracia que pouco tenha a ver com a actual.
Deixo-vos uma pergunta (de leigo na matéria), será que o actual sistema de financiamento das câmaras municipais (antiga SISA), não levará a que estas fomentem a quantidade de construção (prédios e poucas áreas verdes) em detrimento da qualidade (moradias). Excepção do parque nómada que depressa se transformou em bairro residencial de moradias em banda para uma etnia que tanto contribui para o PIB. E voltando à pergunta, não será atraente demais a quantidade de fundos que entram deixando por isso transformar o perfil urbano numa selva de prédios.
Quaisquer que sejam as eleições, não voto em partidos, mas sim em pessoas, por isso venha daí essa alternativa, pela cidade, pela região,pelo país e terão este voto.
Fiquem bem
Manuel