1. Um facto é insofismável: a dois anos das autárquicas, o tema está sobre a mesa. E será interessante compreender as razões! Iludem-se quem pensa que o tema apenas foi lançado porque um comentador/analista fez um artigo ou porque um tolo qualquer com algum tempo de antena quis lançar a discussão ou porque um blogue de referência a tem lançado. A questão discute-se porque os partidos e os políticos, de todas as esferas políticas, aceitaram falar sobre ela.
Por outro lado, se a questão de coligação foi para cima da mesa neste momento, é a prova provada do completo desnorte da actual governação autárquica: só isso explica este enorme mas inusitado anseio por novas eleições.
2. Discordo de uma opinião que tenho lido recorrentemente, sobre a necessidade de provar a incapacidade da actual Câmara Municipal: penso ser desnecessário e infrutífero. Desnecessário, porque é demasiado evidente, infrutífero porquanto nada acrescenta ao debate.
Quem votou PCP vai esmagadoramente voltar a mudar: uns, porque continuam a entender os partidos como clubes de futebol, pelo que haja o que houver, o seu voto é fiel; outros, porque temem mudanças; outros, porque convictamente acreditam que é a melhor solução autárquica; muitos, porque mesmo conhecendo todos os vícios e problemas, alimentam-se deles…
A mudança não se fará procurando “converter comunistas” mas apelando ao voto dos abstencionistas, conseguindo provar que há uma alternativa credível.
3. Na busca de uma alternativa, os cidadãos procuram os partidos. Foram e por enquanto ainda vão sendo, um pilar fundamental do Estado. No esquema autárquico concelhio, a alternativa seria primeiro o PS, depois, remotamente o PSD. Pelo que urgia ouvi-los. E assim se fez!
Também desvalorizo a escolha semântica: parece-me irrelevante se os dois partidos estariam disponíveis para uma coligação, para um acordo formal ou para um entendimento não assumido, desde que o resultado útil fosse actuarem em conjunto.
E gostem ou não PS e PSD, tinha toda a lógica que conseguissem uma solução conjunta para a autarquia de Beja.
Desde logo, se há uns anos as diferenças ideológicas entre os dois apenas eram visíveis com uma lupa, por estes dias, nem o melhor dos microscópios consegue estabelecer a destrinça.
Por isso a questão que se coloca aos dois partidos é simples: as estruturas regionais dos dois partidos têm a coragem e capacidade para colocar os legítimos interesses dos bejenses à frente dos interesses dos directórios dos partidos? Deve o PS e PSD dar primazia à região, ou é mais importante o PS- Beja conseguir eleger por Beja um deputado lisboeta, que precisa de GPS para chegar a Beja? Deve o PSD-Beja contribuir para a necessária mudança ou é mais importante impedir que o PS tenha mais uma Câmara na Associação Nacional de Municípios?
Os representantes locais dos partidos dizerem que uma coligação PS-PSD é impossível porque as estruturas nacionais não o permitem, é uma verdade irrefutável que faz todo o sentido na lógica interna dos partidos! Mas, para o cidadão não militante, é uma triste resposta, a derradeira prova que se sacrificam os interesses regionais, em defesa dos desejos de Lisboa!
4. E é por isso que discordo do meu amigo e deputado João Espinho: o debate não está inquinado, o debate esta semana esclareceu-se! Confrontado com o dilema, Paulo Arsénio aceita a coligação partindo de premissas envenenadas e os PSD`s vieram a público matar a ideia. Pelo caminho, mais do mesmo: os dois partidos excitam-se a digladiarem-se entre si, esquecendo a realidade autárquica regional.
Pelo que este é o momento para se iniciar o debate que realmente interessa! Há “espaço” para a criação de um verdadeiro movimento cívico, que consiga arquitectar um programa coerente para governar a cidade? Existindo este programa, deverá esse conjunto de pessoas assumir uma candidatura autárquica? O PS e PSD estarão disponíveis para, uma vez que nunca conseguiram ser solução, abdicar de lutar por lugares na vereação na Câmara para não continuarem a ser parte do problema?
Tenho lido/ouvido algumas pessoas que respeito dizerem que sim. No meu caso, é consabido o meu cepticismo…
Adenda: É axiomático que o debate autárquico está lançado, goste-se ou não. Deixamos referências para outros blogues, onde se discute a próxima Câmara Municipal de Beja, prova a afirmação que deixámos!
- Alvitrando;
- Rádio Pax;
- Linha do Sul;
PS - Se algum leitor identificar outros locais onde se discutam o tema, aqui o gajo agradece que façam referência ao local!
Actualização: a posição de Lopes Guerreiro
SOU UM MILITANTE DO PSD COM ALGUMAS LUTAS TRAVADAS EM ANTERIORES AUTARQICAS E VEJO QUE SE NAO FOR ATRAVES DE UMA COLIGAÇÃO ENTRE ESTES DOIS PARTIDOS NAO CONSEGUIMOS TIRAR A CIDADE DE BEJA DO MARASMO ONDE SE ENCONTA, NOTO TAMBEM QUE É O SENTIMENTO GERAL DE OUTROS COLEGAS DE PARTIDO. CARO H, OPORTUNAMENTE IREI CONTACTALO PESSOALMENTE PARA LEVARMOS POR DIATE ESTA IDEIA, QUE ME PARECE INTERESSANTE QUER AS CONCELHIAS QUEIRAM OU NAO
ResponderEliminarParabéns H. Uma visão lúcida!
ResponderEliminarCaro H a coligação PS/PSD seria um disparate total. Acredito num projecto apresentado por pessoas credideis, com provas dadas. Ainda não há muito tempo, em amena conversa, conversáva eu com a minha amiga Ana Rosa( presidente da junta de São João Batista) e dizia-lhe que se deveria candidatar á Câmara de Beja como independente.É uma pessoa credivel, bem vista socialmente, com experiência politica, determinada e, acima de tudo muito estimada na cidade.
ResponderEliminarTenho a certeza que era a pessoa ideal para ganhar muitos votos vermelhos, rosas e laranjas.
Como é sabido, nas autárquicas vota-se em pessoas. A vertente politica neste tipo de eleições não é a mais importante.
@noctivaga - eu também gosto muito da Ana Rosa.
ResponderEliminarSobre a coligação, há vários tipos possíveis! Uma das modalidades, era os partidos não concorrerem à CMB, apenas para a Assembleia Municipal.
A dois anos das eleições, penso que o mais importante é tentar perceber quais as alternativas.
Depois, será o momento de aparecerem projectos. Por fim, os nomes...
@h - se a nova legislação for aprovada, vai haver uma só eleição, para a AMunicipal. A força política mais votada elege o Presidente, que escolhe os vereadores dentre os eleitos à AM. Por isso, a hipótese de não concorrer à CM e só concorrer à AM não se vai colocar.
ResponderEliminar"ajunta" o "à queima-roupa" no molho!
ResponderEliminar@amrevez - eu ajuntava,, mas nao sei o link...
ResponderEliminarbasta clicares no meu nick, ó seu azelha!
ResponderEliminarhttp://aqueima-roupa.blogspot.com/
ehehhehehe - eu sou realmente idiota!!
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