Estava numa daquelas reuniões tremendamente importantes, com pessoas muito relevantes, onde se discutem coisas proeminentes, de uma pertinência mesmo pertinente. E eu ali estava, sentado, de fato escuro e gravata asfixiante, mantendo um semblante sério e carregado, daquele que fingimos quando nos sentimos perdidos, mas somos demasiado hipócritas para gritar a nossa incompetência. E eu ali estava de fisionomia carregada, colocando toda a minha atenção nas palavras sábias dissertadas, arrazoadas com sapiência, sem perceber um absolutamente nada do que me pretendiam dizer. Ainda por cima a merda das boxers apertavam-me os colhões!Numa reunião de pessoas inteligentes, em que todos julgam que são inteligentes, qualquer estúpido pode fazer boa figura: basta acenar que sim muitas vezes e dizer umas frases curtas com palavras longas. Sendo que, tal é mais simples quando as cuecas nos dão liberdade!Na minha frente, um dos homens mais inteligentes, impecavelmente mal vestido, preleccionava sobre algo temerário! Ainda que eu não entendesse um caralho, estou certo que o fazia com inteligência e brilhantismo! Eu, tímido, introvertido, olhava-o, completamente absorto, viciado naquela imagem, de um homem brilhantemente inteligente, discursando especificamente para mim, com um imenso macaco a acenar-me num enorme nariz! Seguia com esforçado interesse as suas sábias palavras, embora no espírito inquieto e atormentado (pelas boxers apertadas), perpassando-me pela cabeça a questão essencial: numa reunião inteligente de pessoas inteligentes que discursam de forma inteligente, devemos dizer ao mais inteligente dos homens inteligentes que lhe brota do nariz um macaco, que sem desprimor, não tem aspecto de ser lá muito esperto? Que fique claro que nada me move contra os macacos, muito menos contra macacos de narizes doutorados, que têm tanto direito de os ostentar, como outro imbecil qualquer! Em certo sentido, até existe um charme mundano no facto de um homem notavelmente inteligente desfilar os seus íntimos macacos, exibindo uma sensação de vulgaridade na sua excelsa exuberância! Mas será que um homem notavelmente inteligente, nos ficará grato por salientar-nos que ostenta, numa reunião de pessoas inteligentes, um macaco digníssimo e exuberante macaco? Pelo sim pelo não, porque o silencio me parecia cobarde, aconselhei-o a limpar o rosto porque tinha um pintelho feminino no rosto! Ele agradeceu-me a mentira e dignamente limpou o macaco!
Porque até os homens inteligentes que vão a reuniões de pessoas inteligentes, gostam de fazer passar a ideia de que ainda mandam umas quecas!
Óscar
Porque até os homens inteligentes que vão a reuniões de pessoas inteligentes, gostam de fazer passar a ideia de que ainda mandam umas quecas!
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