sábado, novembro 22, 2008

Golconda, por René Magritte

René Magritte foi um pintor belga nascido no fim do século XIX para falecer no fim da década de sessenta, não resistindo em trocar a terra natal por a cosmopolita Paris para mergulhar no ambiente dos surrealistas, onde se tornou intimo de alguns dos mais proeminentes intelectuais gauleses. Após alguns trabalhos técnicos, tornou-se artista profissional na década de vinte
Este quadro entra na eternidade com o nome Galconda, baptizado por Louis Scutenaire, amigo de Magritte, em homenagem a uma maravilhosa cidade indiana que conheceu o esplendor e esbarrou na miséria. Acho a tela fascinante e timidamente confesso que é um caso de paixão à primeira vista. E como todas as verdadeiras paixões, não conseguimos explicar a razão do seu encanto.
Convido o meu bom leitor a questionar-se sobre a razão pela qual os homens de Magritte aparecem suspensos no ar, quiçá elevando-se a caminho do esplendor ou, pelo contrário, numa verdadeira chuva humana, de homens que penosamente caminham para se estatelarem no chão. Todos iguais. Com vestes iguais. Roupas escuras. E com indiferentes chapéus de coco! Como se todos fossem apenas um…
A multidão de Magritte faz-se de homens iguais, uma multidão de um homem só, que se esconde no meio de outros homens iguais, com roupas que lhe permitem viver na penumbra, esquecido dos outros, para se conseguir esquecer de si. A multidão de Magritte é uma multidão de homens anónimos, que se esforçam para passar indiferentes, um perdido no meio de todos, numa praça que fica vazia por estar cheia de pessoas iguais. Como algumas cidades. Como algumas pessoas…


13 comentários:

  1. Anónimo00:37

    Agradável surpresa rever os seus quadros. Este é lindo de morrer!

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  2. Anónimo19:53

    Excelente escolha! Óptima leitura! Perante a simetria das casas, questionamo-nos sobre as eventuais diferenças ocultas nas simétricas janelas...
    ("@anónimo, mas pouco")

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  3. Anónimo12:00

    It's raining men, aleluia!

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  4. Anónimo12:00

    It's raining men, aleluia!

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  5. Anónimo12:58

    Interessante seu modo de pensar, mas o nome do quadro é Golconda.

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  6. No titulo está correcto: mas no texto aparece um lamentável erro! Obrigado pela correcção e pelas amáveis palavras!

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  7. Anónimo20:30

    Hoje vi um filme que me trouxe à memória os belos casos práticos de direito do prof. Hugo. O filme intitula-se "Sonhadores" de Bernardo Bertolucci.

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  8. Obrigado Anónimo

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  9. Talvez seja um questionamento quanto a homogeneidade do ser humano.

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  10. Magritte me encanta! Encontrei o artista, ou melhor, o trabalho do Surrealista como curioso... Eu gosto de arte e ao ver as propostas de Magritte, facilmente me permitir viajar, refletir, questionar, associar; experimentar diversas possibilidades. "Golconda" é um desse quadros que me prendem a atenção de modo bem particular. Ao procurar por pistas sobre a referência do substantivo, logo descobrir que representava uma cidade Indiana; antigas construções castigadas pelo tempo e pelo desleixo das autoridades daquele País. Incidindo de forma progressiva; procedo dessa maneira sempre que algo desperta minha atenção nesse nível, procurei combinar a informação histórica colhida com o que naturalmente borbulha da imaginação, ao deparar-me com a arte desse grande artista. Enfim, para mim o quadro evidência três momentos - passado, presente e futuro. Magritte foi feliz ao buscar referência nas cidades Indianas, que hoje se encontram degradadas. Mas, é ao olhar para o quadro, e ainda assistir a construções vivas, belas e imponentes; um cenário bem diferente da atual Golconda, que me provoco. Hora, A beleza da cidade "em pé" no quadro do artista, sugere nostalgia de algo tão belo que está se perdendo, arte aqui percorre uma memória, salda um espaço sagrado, que ao passar do tempo - os "climas comportamentais da humanidade", não vêm resistindo. Uma cidade que era talvez devesse ser regada pela "chuva humana"; algo como o cultivo de uma história, de uma identidade, de um retrato fiel de gerações e dos feitos humanos, hoje atravessa um momento de desmanche, de perda. Ora, o homem moderno ou contemporâneo, vive assediado pelo imediatismo, pelo fato, pela "falta do tempo", me parece que construímos um mundo em forma de calabouço, onde aquilo que deveria nos desembotar resultados fieis de satisfação e realização, hoje parece nos aprisionar cada vez mais dentro de um cenário nada animador seja pelo excesso de vaidade e aparência ou pela sobra daquilo que desenvolvemos como tecnologia subordinada ao lucro desenfreado. A chuva, sinal divino para alguns, ou ao menos um efeito primoroso, que enche de vida a natureza, serve de referencia ao artista, que ao criar uma chuva de homens, na verdade, denuncia a nossa atual escolha frente aquilo da qual somos parte; nossa cobiça, indiferença, distancia... A chuva humana no quadro "cai muito bem", rega no presente um futuro espinhoso, um engodo. O "temporal" marca a nossa depredação ou descaso as nossas próprias referências, e mesmo assim ainda estamos fantasiados de profissionais "bem vestidos", de pessoas de bem... Nosso próprio desenvolvimento se voltando contra nós. É muito bela a referencia a chuva. Uma resposta a altura, em forma de fenômeno; já devíamos conhecer o poder transformador da chuva. A chuva aqui talvez não construa, mas destrua a bela paisagem da imagem (uma questão de tempo, mas não só de tempo, como na Índia...); desabam "Golcondas", crianças, nações, culturas enfim, a humanidade. Agora, o que talvez seja mais assustador, é que o clima, parece que não mudará tão cedo; nem sinal de sol.
    Passado: seria a referência a antiga cidade da Índia;
    Presente: a chuva ordinária é um bom exemplo. No quadro ela parece persistente, sem previsão para encerrar;
    Futuro: a infelicidade de não enxergarmos ao menos um daqueles "homens chuva" vestido de forma diferente; parece que nesse momento todos caminhamos, ou melhor, "caímos" para concordar da mesma forma, literalmente.

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    1. Anónimo20:00

      man para deescrever textos

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  11. Anónimo20:34

    nao tem nada nesse site..
    quero saber quais materiais foram ultilizados para fazer esse quadro mas a gente num acha nada...a gente procura uma coisa e sai outra

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  12. Anónimo20:09

    devias meter a dimensão dos quadros

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!