Oito séculos de história ofereceram-nos um passado que permite identificar características intrínsecas da portugalidade, uma certa forma de olhar e de estar no Mundo! Mais que o fado e o futebol, a tez morena ou a língua, a saudade ou o sentimento fatalista, na génese de cada português encontramos a apetência para dar um jeitinho! O tradicional “desenrascanço” é parte integrante do património cultural de um povo, que desde sempre se habitou a perceber que o caminho mais rápido entre dois pontos… é um atalho!
É esta característica genética que explica a nossa apetência para ter uma conversinha com o policia na ânsia de evitar uma multa mais que justificada, estar na fila do peixe com a senha na mão e pedir a um conhecido que peça para nós um quilo de janquinzinhos, beber cerveja enquanto se vê o futebol com descodificador pirata, oferecer pêgas a árbitros para tentar ganhar o penalty milagroso ou pedir à vizinha para falar com o primo para ele meter a miúda lá num emprego dele, funcionário público, com cargo de chefia, arranjado pelo camarada de partido!
O verdadeiro portuga, ignora os livros de instruções, faz obras em casa sem se preocupar com autorizações e projectos, bem ciente que poupa dinheiro no engenheiro e tempo nos papeis que desesperam nas Câmaras, porque um primo de um amigo, é trolha de profissão e aos fins de semanas faz biscates sem o patrão saber!
Pelo que fica dito, neste Portugal onde fugir aos imposto é chique, pagar é coisa para labregos, onde se valoriza a esperteza e se troça da inteligência, só a voz da hipocrisia politica pode vociferar contra a ida de Jorge Coelho para Presidente da Mota-Engil! O ex-Ministro de Guterres, limitou-se a demonstrar que é um português a sério, um Tuga no seu esplendor e tratou de fazer pela vidinha! Não pense o meu ouvinte que junto a minha voz aos que ingenuamente gritam que esta nomeação foi para pagar favores políticos do Jorge Coelho Ministro: num País em que o jornalismo fosse competente, todos os negócios do então Ministro com a sua actual empresa seria escrutinados e desvendado qualquer ilegalidade ou imoralidade, pelo que, o crime não ia compensar!
Só cegueira intelectual explica que não se perceba que o problema não é o passado, mas o futuro, ou seja, não é aquilo que Jorge Coelho fez pela Mota-Engil mas tudo o que poderá fazer no futuro, sempre que a empresa se cruze no caminho do Estado, impregnado de pessoas a quem Jorge Coelho deu uma solidária jeitinho! Não discuto a seriedade e honestidade destes homens e mulheres; da mesma forma que não discuto a sua generosidade para com os seus amigos! Não acho que os ex-politicos se aproveitem do seu passado político para enriquecer; o que acho escandaloso é que as empresas usem os ex-politicos para incrementar os seus lucros, beneficiando da cadeia de solidariedade pessoal, que abarca políticos reformados de todos os quadrantes políticos! Mas, se acho escandaloso, não o estranho: os políticos são Tugas como nós, sempre disponíveis para dar um jeitinho, artistas do desenrascanço, porque bem sabem que o esforço e a dedicação, são apanágio dos parolos!
Nos casamentos só casam 2 se os 2 quiserem, certo.
ResponderEliminarJorge Coelho é daqueles políticos por quem até tinha alguma admiração, agora com atitudes desta natureza, chiça, vai lá vai.
À mulher de César não basta ser séria...
É o n/ país no seu melhor, tristes cenas.
Jorge Coelho era Ministro e o Luís Parreirão Secretário de Estado ou lá o que valha, no mesmo governo, durante o qual caíu a ponte de entre os rios.... esperemos que à frente da maior construtora do país não voltem a repetir-se os mesmo erros....´ Continuamos com a mesma vergonha que já foi com Ferreira do Amaral. Adjudica-se à Lusoponte, lá vai Ferreira do Amaral para a presidência..... Adjuduca-se à Mota... Lá vai Parreirão e Coelho. Conflitos de interesses??? Ora essa... que disparate!
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