segunda-feira, abril 28, 2008

OviBeja... IV

Porque tudo na vida tem dois lados, deixo a visão do saudoso Extremo! Plágio do mais canalha que existe!!!
"Quando a auto-estima colectiva de uma cidade inteira se decide no chamamento do cartaz dos espectáculos de uma feira agrícola com inusitada componente beberrona, isso ilustra bem o seu sub-desenvolvimento e provincianismo. A Ovibeja começou por ser uma feirinha de criadores de ovelhas, vacas e porcos. Um punhado de agrários da bota caneleira faziam a festa, fumavam os seus charutos e bebiam o seu whisky, e as suas esposas pintadas de loiro bocejavam ou passeavam-se com a botinha alta da equitação. Tudo bem. Era a festa deles. O povo ia como vai a todas as feiras, fica a ver e passa. Com o passar dos anos, os betinhos e queques filhos dos agrários criadores de gado, resolveram espalhar pelo espaço as suas tasquinhas com a música deles: sevilhanas e rádio comercial. E bebiam até ao vómito. Tudo bem. Era a festa dos pais agricultores e dos filhos e primos que vinham de Cascais e do Estoril para beber uns copos na parvónia.
Mas o povo queria também a festa para ele. Afinal, o povo dava enchimento à feira. Era justo. E se o povo dava enchimento, as autoridades e instituições locais também queriam estar, não fosse o povo dar pela sua falta. Era justo. E para contentamento do povo, os "programadores" da feira têm vindo, ano após ano, a oferecer um cartaz de "carrinhos de choque": bem popularucho. À excepção de uma "noite" condescendentemente "alternativa" que fica sempre às moscas, pois claro.
A Ovibeja está longe de ser uma montra do mundo rural alentejano, esse é outro mundo, feito de abandono, de operários agrícolas velhos e cansados, de deserto, de arame farpado dos novos coutos a rasgarem a memória de quem cresceu sem cercas no horizonte.
A Ovibeja é a celebração colectiva de um ritual de alienação: nessa semaninha o mundo pára e o circo comanda a vida. E o povo, de fato domingueiro posto, anda contente, lado a lado com as tias e os tios, quase a beberem do mesmo copo, numa desarmante harmonia de classes... A Ovibeja é a maior festa democrática do sul. O povo não piquenicou no 1º de Maio, mas foi à feira mais uma vez. O povo já não tem mais nada para comemorar. E tristezas não pagam divídas. Vai mais um copo!"

4 comentários:

  1. e tirando os cartazes e algumas cuscovelhices que mudam todos os anos... de resto é tudo igual... até as bebedeiras são as mesmas!!!
    Por isso, este ano fiz férias à Ovibeja!!! hehehehe

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  2. e tirando os cartazes e algumas cuscovelhices que mudam todos os anos... de resto é tudo igual... até as bebedeiras são as mesmas!!!
    Por isso, este ano fiz férias à Ovibeja!!! hehehehe

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  3. Até eu este ano consegui introduzir a bebida da minha ilha, a bela da Poncha de Maracujá...

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  4. Anónimo17:16

    Tens razão, tristezas não pagam divídas.
    Por isso eu cá alinho "Vai mais um copo!"

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!