sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Prazeres efémeros de uma noite de lua cheia...


Senti penetrar-me no estômago aquele delicioso e raro frio, que nos consome, vestido de nervosismo, um olhar fulminante que nos aguça o desejo, forte, negro, meloso, quente, um sorriso, um olhar de encantamento, misturado com os odores mágicos da noite. Porque escamoteá-lo – porque a verdade quase sempre deve ser dita – deixei-me envolver pela música, dançar com o álcool, perder-me no mistério do desconhecimento, no desejo por encantamentos efémeros. Ela estava perto, acessível, disponível vestida com roupas de pecado, a beleza do fruto proibido, o feitiço do que não é permitido.
Os meus viram os dela, que me furtaram o olhar, uma tortura de sentimentos confusos, o afrodisíaco medo que nos conduz ao êxtase ou à loucura. Se é que o êxtase não é a contra face da loucura…
Fui ao bar, pedi mais um copo do veneno da noite, acendi um parvo de um cigarro, tentei mergulhar nas minhas divagações, até que a realidade me roubou ao mundo dos sonhos, um friozinho que me varreu as costas, uma gargalhada e um olhar colado no meu, agora junto a mim, de uma desconhecida que me sorria com o desejo nervoso da timidez descarada!
Senti-me cobarde, incapaz de lutar contra o fado da noite, fraco para me revoltar contra o hedonismo dos corpos insaciáveis. Por instantes, ainda que breves e tímidos momentos, perdi a racionalidade quase lúcida e deixei-me guiar pelo calor dos olfactos, perdido no tacto!
Mas dentro de mim, senti, rebelar-se um sentimento confuso, uma força maior que eu próprio, que me ordenava que aquele já não podia ser eu, que aquele era o local onde não podia estar, um sentimento forte, inexorável, que me fazia arrastar, fugir dali, correr para outro lugar, onde encontrasse uma pacatez tranquila, longe dos olhares dos outros! Hoje, que passou algum tempo, posso confessar que fugi, que corri dali como um louco, doido desvairado, tendo na mente um único e tortuoso pensamento:
- puta da diarreia que me estragou a queca!

6 comentários:

  1. Anónimo15:24

    Você não existe... Estes textos são fabulosos!
    Parabéns, professor!

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  2. Efeitos do cigarro, hehehe!

    Excelente texto :))

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  3. Anónimo12:41

    Quase diria que essas podiam ser as minhas palavras...(com excepção da última frase, claro!)

    ...Se tivesse direito a tudo!

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  4. Anónimo12:41

    Quase diria que essas podiam ser as minhas palavras...(com excepção da última frase, claro!)

    ...Se tivesse direito a tudo!

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  5. Anónimo16:01

    então não contas o resto...
    Foste a correr para a Farmácia. Quando lá chegaste:
    - Rápido pf, dê-me um medicamento para a diarreia.
    Pouco tempo depois o farmacêutico verificou que se tinha enganado e te tinha entrege um forte calmante.
    Uma hora mais tarde, voltaste à Farmácia.
    O farmacêutico perguntou-te:
    - Como é que você está?
    - Todo cagado, mas calminho, calminho...

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!