quinta-feira, dezembro 16, 2010

A wikileaks


Nas últimas semanas tenho assistido a orgasmos colectivos com a incontinência verbal do wikileaks, mormente sobre o desvendar dos segredos diplomáticos americanos! 
Deixei-me ser assertivo! Por nenhuma razão especial, apenas porque acho a palavra absolutamente soberba e sempre me apeteceu utiliza-la numa crónica matinal! Já agora, sou ainda assertivo para deixar claro um aspecto: nada me move contra a pornografia, mas esta apenas tem graça quando os interessados concordam com a existência da mesma!
Porque é de pornografia – e de pornografia da má – que falamos quando dissertamos sobre a wikileaks! De tudo o que foi tornado público não há absolutamente nada de profundamente relevante, com excepção dos locais estratégicos para atacar os Estados Unidos, pelo que, as famosas fugas de informação confidencial, privilegiada e estratégica são meras coscuvilhices de taberna, matérias de revistas cor-de-rosa de segunda categoria!
Percebo este encanto: espreitar pelo buraco da fechadura e ver a vizinha em cuecas fio dental poderá ter alguma graça; mas assusta-me quando estadistas se comportam como trolhas!
O que a Wikileaks fez por estes dias é perigoso e patético,  é tudo menos informação, em nada se relaciona com liberdade de informação, antes é uma devassa inadmissível de correspondência privada, uma devassa dos segredos de um país democrático, algo absolutamente intolerável num qualquer Estado de Direito Democrático.
Cheira-me mal, muito mal, este processo judicial onde o mentor da wikileaks é acusado de crimes sexuais, ainda que num País de democracia fantástica como a Suécia, com, acho vergonhoso e inaceitável as pressões económicas para matar o site! Mas com a mesma veemência que sou claro no que deixei escrito, não esqueço nem escamoteio que o citado senhor devia estar preso por violação grosseira de regras básicas do Estado de Direito e, confesso, que me faz confusão, como quem lutou pela democracia agora esteja cego e não perceba que estes actos são intoleráveis!
Não gosto da forma como as pressões sobre o site aconteceram, mas não esqueço o essencial: e o essencial é que estamos perante um inadmissível e canalha combate contra os EUA!


Porque com todos os seus infinitos defeitos e contradições, durmo melhor por saber que os Estados Unidos existem. Porque foram os americanos que salvaram a Europa uma vez, porque são os americanos que defendem, contra o mundo, a sobrevivência da nossa forma de estar na vida!

27 comentários:

  1. Não sou nem Pro-Americano nem Anti-Americano
    mas se não fossem eles hoje falaríamos alemão.

    Quanto a wikileaks acho que já era tempo de acabarem com essa fantochada

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  2. Fairwind02:57

    Grande Texto!! Parabéns.

    Nesse aspecto até parece que os EUA são a única "puta" com segredos e coscuvilhice sobre os outros.
    Já agora é um pouco estranho que o El Pais da nossa amiga/inimiga de estimação Espanha só publique telegramas sobre Portugal, será que a Espanha é virgem ainda??

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  3. Anónimo11:36

    So gostava de saber onde é que o El Pais foi buscar esses ditos telegramas ja corri o wikileaks e nao vejo la tal coisa

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  4. Caro H: Não se importa de esclarecer como é que a sua afirmação - "o citado senhor devia estar preso por violação grosseira de regras básicas do Estado de Direito" - se conjuga com o respeito pelo Estado de Direito? Será que o "citado senhor" já foi disso formalmente acusado, julgado e condenado a prisão? Não se terá precipitado um pouco no seu juizo? É que neste caso não me parece que "a bota bata com a perdigota"...

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  5. LG - O que afirmei é que aquelas condutas são crimes e como tal devem ser tratadas, obviamente depois do respectivo processo judicial!

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  6. Então a Wikileaks não relevou factos relevantes?

    A Wikileaks mostrou que todos, mas todos mentem, condicionam, manipulam e matam para conseguir alcançar os seus interesses, até mesmo os altos defensores da liberdade e democracia.

    Mostrou que alguns sempre souberam que a guerra do Afeganistão nunca foi para caçar o Bin Laden, que alguns sempre souberam que o Iraque não constituía nenhuma ameaça à segurança mundial, que alguns sempre souberam do genocídio em curso no Médio Oriente desde a fundação do Estado de Israel, alguns sempre souberam que o Irão vai ser o próximo alvo, alguns sempre souberam que há lideranças corruptas em quase todos os países do mundo, mostrou a interferência e o controlo do poder económico sobre o poder político e mostraram-nos que esses “alguns” são os mesmos que sempre nos disseram a nós o contrário.

    Antes de escrever sobre o que NÃO conhece, pesquise um pouco: http://www.elpais.com/documentossecretos/mapa-cables-wikileaks/

    Como ainda não foi aqui referido, vou deixar uma discussão no ar, imaginem que a Wikileaks divulgasse factos sobre Cuba, Coreia do Norte, URSS, Laos desses países que tanto abominam.
    Provavelmente o Julian Assange não teria sido acusado de dar uma fodinha em duas gajas sem preservativo, nem teria atentado contra as regras básicas do Estado de Direito, admito até que seria um provável vencedor do Premio Nobel da Paz no próximo ano e você hoje estivesse a escrever um post bem diferente deste.

    Hasta

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  7. Anónimo16:06

    Concordo em absoluto com o vladimir.

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  8. Meu claro Vladimir - Sempre que discordam, vêm com o argumento que os outros falam do que não sabe!
    Tem a menor dúvida que se existissem fugas dos locais que refere, iríamos ouvir falar em homicídios e similares?! Mas.. eu iria escrever exactamente o mesmo: um pulha é um pulha, quer de esquerda, quer de direita! Mas,.. há quem apenas consigo ver um lado do filme!

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  9. Anónimo19:18

    Excelente crónica. Subscrevo palavra por palavra. Cuscuvilhice pura e sem interesse público de maior. Grosso modo o que se reproduz, já se sabia. Quem financia o projecto e com que objectivo(s)?

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  10. Anónimo19:29

    Excepcional. Um desperdício não escrever para jornais nacionais!

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  11. Anónimo19:45

    200% de acordo!!

    @Fairwind,

    Mais estranho ainda é certa comunicação social portuguesa só publique cuscuvilhices históricas que nada dignificam Portugal. Em Espanha tal não se passa; independentemente de todas as divergências internas que existam a comunicação social espanhola defende os interesses e a imagem do seu país perante o exterior. Era bom que por cá certos pés de microfone que andam por aí em estridente guinchadeira seguissem, pelo menos neste aspecto, o exemplo dos seus colegas espanhóis! A Bem da Nação!

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  12. Anónimo21:08

    Mas quando foram as escutas ao Pinto da Costa já achas-te imensa piada? Onde esta a coerencia?

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  13. Nao anónimo! Critiquei a divulgação publica das escutas do PC. O que disse e mantenho é que depois dos factos apurados no inquérito, PC falar em verdade desportiva é o mesmo que a ciciolina falar de virgindade!

    O que escrevi pode ser lido em baixo! Porque isto chama-se coerência!
    Ps - se nao fosses palhacito, agora davas o nome e pedias desculpas! Mas...

    (o que escrevi sobre PC -
    É ilegal e inadmissível que as escutas a Pinto da Costa estejam na Internet! Se são nulas deviam ter sido imediatamente apagadas! Ainda que as escutas provem que Pinto da Costa é corrupto!
    Mas sendo ilegais Pinto da Costa é um homem livre e deve fazer a sua vida. Mas deverá ter decoro: porque o facto de as escutas serem ilegais não significa que não existam!
    Ouvir as suas ridículas declarações anti-benfiquistas para conseguir enganar tontos e disfarçar os dramas do actual FCP é de uma intolerável estupidez. Quem é apanhado nas teias da corrupção, ainda que seja absolvido por uma irregularidade processual, tem o dever moral de ficar caladinho! Ouvir Pinto da Costa falar em transparência e justiça têm a mesma credibilidade que uma actriz porno a garantir a sua virgindade!
    vide aqui http://ireflexoes.blogspot.com/2010/01/escutar-o-pinto.html

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  14. Anónimo00:08

    De um povo imbecilizado que se baba e vibra com os "big bredas" da TVI que mais se pode esperar senão que acreditem em tudo o que passa nas televisões sem sequer se questionar (será que são capazes de o fazer?)?

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  15. Novamente de acordo! Mas, no meio disso tudo e perguntando aos defensores da wikileaks: imaginem-se fazer o mesmo sobre os russos, chineses ou iranianos...quantos segundos de vida vos sobrariam??

    m:
    Não é para defender o pulha que foi o Hitler, mas sabia que nos EUA, quando ainda não tinham essa designação, se fizera uma consulta popular se a língua oficial devia ser o inglês ou o alemão? Pois o inglês ganhou, mas por pouco...

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  16. Caro H

    Quando comentei, referi me sobretudo ao facto de não ter encontrado grande relevância nos facto divulgados pela Wikileaks é nesse ponto que discordo consigo. Se a forma de divulgação foi a melhor, se é legal pouco ou nada me importa até porque sou completamente leigo nessa matéria.

    Assim como não coloquei em causa a sua posição face a divulgação.

    Mas se antes achava que não tinha lido/pesquisado muito sobre o assunto (material divulgado) antes de escrever, agora com mais certeza fico que não o fez.

    Refere que se tivessem havido fugas dos locais que me referi, provavelmente estaríamos a falar de mortes e tentativas de assassinatos, provavelmente poderia ser verdade.

    Embora não tendo até a data sido divulgados dados sobre esses países, já foram divulgados dados sobre assassinatos cometidos pelos países ditos como “democracias”, como foi o caso das mortes de crianças e mulheres no Afeganistão e Iraque, até divulgaram as próprias imagens desses acontecimentos.

    Não acha relevância nesses factos?

    Acha que o tratamento que foi dado a essa informação seria igual ao dado se tivessem sido a Coreia do Norte no papel dos EUA?

    Provavelmente estaríamos a falar em crimes contra a humanidade cometidos pelo regime sanguinário Comunista, assim são danos colaterais de guerra cometidos por um soldado qualquer com problemas psíquicos e sexuais.

    Não sou inocente, mas querer fazer dos EUA, o paladino dos direitos humanos, defensor da humanidade e polícia do mundo é tão igual ao querer fazer da Coreia do Norte uma democracia.

    Hasta

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  17. Caro Lenin,
    não li o relatório! Tenho andado morto de trabalho, pelo acompanho as notícias apenas! Mas.. que facto realmente pertinente e fidedigno foi agora tornado público?!!
    Sobre a sua conclusão.. eu sou um homem da ONU! Mas.. quando falamos de países, se não confiamos nos EUA, mesmo com todos os seus defeitos, vamos confiar em quem?!

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  18. Caro H,

    É difícil confiar em países, sobretudo numa época em que o poder político dos próprios países está bastante fragilizado, devem ser raros os países/governos que defendem e respondem perante quem os elegeu.

    Mesmo os sistemas supra-países têm bastante falhas e a história demonstra que não são viáveis, SDN, URSS, ONU, NATO.

    Não deixa de ser uma pergunta pertinente a que faz, mas infelizmente não tenho uma resposta concreta para ela.

    Mas deixo lhe duas perguntas que poderão ser parte dessa resposta,
    Que legitimidade têm um Governo /País que é eleito com suporte em proposições que depois não realiza?
    Que valor tem as ideologias quando colocadas em pratica não resultam ou resultam contrariamente aquilo que defendem?

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  19. P.S - O sitema de enviar comentarios está com algum tipo de problema?
    Só na 3ª ou 4ª tentativa é que consigo enviar o comentário

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  20. Lenin - Estou a ser atacado por piratas por ter acusaso a wikileaks! :D

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  21. Sobre a legitimidade... em breve vou tentar escrever uma crónica sobre isso: em concreto, sobre a reforma das Instituições políticas!

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  22. Ou na volta o blog esta a ser censurado por quem não quer ver divulgados os seus torridos segredos. ; )

    Sem duvida um tema bastante interessente para ser discutido, legalidade vs legitimidade do poder politico

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  23. Para mim, é neste momento o grande tema! Há uma crise profunda nas democracias, sendo urgente rever os primados da democracia, mormente a questão da legitimidade!
    Ainda esta manhã em conversa privada defendi o aumento do vencimento dos políticos em 25%! (o que não é contraditório com o que disse há um ano, sobre a diminuição dos mesmos, porque este aumento era num contexto com outras medidas!)

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  24. A questão de legitimidade do poder politico levanta varias questões, muitas delas bastantes complicadas de enfrentar pelo poder politico, se fosse feita uma analise de fundo ao nosso sistema democrático não deveria ser muito complicado constatar-se a ilegitimidade do mesmo.

    Existe uma grade crise de valores, grande parte advêm da não responsabilização dos cargos públicos pelos actos práticos, outra advêm da falta de ética e moral dos titulares dos cargos públicos, se a isso juntarmos o incumprimento do sentido da Constituição, temos a situação política actual, na só da nossa mas também de todos os regimes democráticos liberais.

    Embora muita gente não goste de comparações histórias, mas a época social, económica e política que vivemos actualmente não difere muito da vivida nos finais dos anos 20 do século e todos sabemos ao que levou, não sou alarmista, muito mesmo pessimista, mas ignorar a história é no mínimo ser inconsciente.

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  25. Lenin - Já o escrevi há uns tempos, e é cada dia mais verdade! Hoje não vivemos uma questão de esquerda ou de direita hoje vivemos uma questão de decência ou de falta de decência, uma profundíssima crise de ética e valores!
    Dizia em aula um destes dias: como se qualifica uma sociedade que vive um momento de imensa crise económica, de miséria, de fome.. mas onde aumenta o número de pessoas com televisão por cabo, onde, todos continuam a ter telemóvel?!

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  26. Anónimo17:43

    Raramente concordo consigo, mas tenho de reconhecer que não é apenas inteligente, é coerente!

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  27. Não sei muito bem onde é a fronteira da liberdade da informação mas de certeza que não será no terreno onde a Wikileaks tem actuado. A sua política de terra queimada substitui o jornalismo pelo voyeurismo da opinião pública, ao melhor estilo de se saber qual é a cor do papel higiénico que os diplomatas usam. Como se não houvesse segredo de estado nem a diplomacia não fosse um manual de boas maneiras. Reconheço o papel relevante de Julian Assange na denúncia das violações de direitos humanos mas a sua organização acaba por fazer o mesmo que tanto a sua missão divina e protagonismo reclamam: espiar.


    http://dylans.blogs.sapo.pt/

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!