A Última Ceia é considerada a mais dramática pintura na história evangélica e uma das mais míticas obras do Cristianismo, elaborada por um dos maiores génios de todos os tempos.
Seguindo a mais tradicionalista interpretação, Jesus ao centro, com ar resignado, anuncia aos seus discípulos que um deles o tinha traído!
Num sábado de Natal, a escolha parece-me óbvia! Por estes dias, muitos vão ter mesas fartas, onde o lombo se apaixona pelo bacalhau, as filhós brincavam com as azevias, o orgulhoso bolo rei procurava destronar do centro o porco doce, que piscava o olho às trouxas de ovos, meio amarguradas pela companhia da lampreia de ovos, imponente, procurando amesquinhar o tronco de chocolate, meio perturbado por se sentir rodeado de centenas de bombons, reunindo na mesma mesa, gerações de uma mesma família.
Mas lá fora, na noite que se anuncia fria, o horizonte não mostrará a estrela de Belém, mas milhares de pessoas apenas se vão alimentar de sofrimento e solidão, esquecidas pelas suas famílias, ou repartindo o seu tempo entre várias famílias que há muito deixaram de ser suas.
Quando o Pai Natal da publicidade simular a sua existência, os nossos meninos vão receber dezenas de coisas desnecessárias, compradas com sacrifícios que eles não entendem; vão esboçar bocejos de felicidade, perder-se de encantamento por breves instantes, para depois partirem para uma outra prenda, com o desdém desavergonhado da fartura: sem saberem, porque nós nos esforçamos por esquecer, que algures na noite gelada, outros meninos que não são nossos, jamais vão perceber o significado do que chamamos Natal.
E vai ser assim a noite em que comemoramos o nascimento de Jesus! Ainda querem falar sobre a traição de Judas?
"O que nunca ninguém diz, porventura com medo de parecer vaidoso, é que a inteligência tem um preço: a solidão" (Nuno Lobo Antunes)
sábado, dezembro 22, 2007
Última Ceia, por Leonardo Da Vinci
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Adoro a parte da descrição da mesa da Noite de Natal! Já ouvi algo parecido, algures...
ResponderEliminarMais uma vez, surpreende-nos! É isto que gosto neste blog. Nunca sabemos o que vamos encontrar! Pode ser uma gaja nua, ou um texto comovente!
ResponderEliminarBom Natal, Professor! Merece tudo de bom!
Quanto ao quadro: é maravilhoso e depois de ler sobre Da Vinci, as interpretações surgem ás postas. Gostava de poder vê-lo ao vivo.
ResponderEliminarQuanto à descrição: Não posso concordar mais. Vivendo nós num eterno consumismo natalício, não há pachorra para a correria das prendas e os pais natais. Mas afinal ainda não perceberam que é por causa do nascimento de JC que se festeja tudo isto? Vá se lá perceber...
Agora vou ser excomungado: Falta alguém nesse quadro...
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