Não é especial segredo que adoro o Beijo de Klimt. Podia procurar explicação no contraste das cores, na leviana sensualidade dos tons, vasculhar na história para contar o pioneirismo da obra, arguir pensamentos profundos, roubados a outros, sobre o estilo, a estrutura e a técnica. Mas a verdadeira e arrebatadora paixão tem uma explicação racional ou arrebatam-nos com a evidência da inelutável força do destino?
O meu enamoramento pelo beijo de Klimt é uma das coisas da vida que apenas encontra justificação no injustificável, com a força bruta de uma certeza que nos esmaga! Que se ergam os críticos e aleguem que a técnica não é a mais apurada, que outras obras ou pintores têm mais esplendor ou genialidade, que a todos responderei com a minha mais solene indiferença.
Não vejo uma obra de arte pelos olhares ou conceitos dos outros, mas pela capacidade de uma quadro me suster a respiração, de me desenhar num rosto um sorriso feliz, de me permitir viajar no imaginários dos meus sentimentos.
No “Beijo” prendo os olhos nos amantes que se protegem do frio da noite, mais do que entrelaçados, fundindo-se num só, como se um fosse apenas o complemento do outro, unindo-se num beijo terno, profundo, meloso, em que os olhos se fecham num sonho a duas vozes! As personagens de Klimt são fulminadas num amor à primeira vista e ousam ter a coragem de se entregar a esse amor, libertam-se de medos e convenções e têm a audácia de se entregarem à batalha de construir a esfera da felicidade!
Nem que seja efémera, como um punhado de nada…
"O que nunca ninguém diz, porventura com medo de parecer vaidoso, é que a inteligência tem um preço: a solidão" (Nuno Lobo Antunes)
sábado, dezembro 15, 2007
O beijo, por Klimt
Gustav Klimt - 1862 - 1918 (O Beijo 1907-1908)
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Não que seja púdica, mas não me sinto confortável com algumas coisas q escreve aqui! Mas adoro as suas interpretações: esta, está arrepiante!
ResponderEliminarEi-la, a foto do teu perfil. Mas, e para variar, a minha visão é essa: Só vi amarelo, depois a mulher e só depois deparei naquela coisa que parece ser a cabeça de um homem...
ResponderEliminarLinda interpretação, envolvente e até comovente... Amei!
ResponderEliminarMagnifico! Talvez das melhores interpretações deste blog!
ResponderEliminarKlimt...é tudo isso e muito mais que só se consegue explicar no campo das emoções.
ResponderEliminarCarla
Até comentava, mas a imagem fala por si só.
ResponderEliminarUm beijinho
Obrigado a todos! Mas..é fácil ficar inspirado por este quadro!
ResponderEliminarQualquer dia vai olhar para o beijo do Klimt. com a mesma dose de repulsa que certamente olha agora para o menino da lágrima.M&M
ResponderEliminarUm beijo é um beijo! Do rosto dela transparece o amor que sente e recebe não só do beijo em si mas das mãos lhe envolvem a face. Com um beijo inicia e com um beijo termina...
ResponderEliminarAgora um menino a chorar é sadismo, seja o menino rico ou pobre (então o pobre é sadismo ao rubro!)
Confesso que o beijo de magritte me emociona e me toca de uma forma quase inexplicável e em definitivo mais profundamente ao primeiro olhar…não sei porquê, nem tenho que encontrar explicações para o que não se explica.
ResponderEliminarNo entanto, tu consegues fazer com que a atenção se prenda a um quadro que me passaria despercebido com a profundidade das tuas palavras; assim sendo, algo que não me chamou inicialmente a minha atenção…revi de novo, fui ao pormenor da pintura e em sincronia com as tuas palavras e consegui ver muito mais além…Tive que reconhecer,um quadro que era quase indiferente tornou-se num quadro cheio de pormenor e detalhe, e é sempre o detalhe que faz a diferença!
Bj A.