sábado, dezembro 01, 2007

O grito, por Edvard Munch

Edvard Munch - 1863 - 1944 - 1893

Hoje, contrariamente a outras ocasiões, não vou tecer uma explicação sobre o quadro. Até porque já antes falámos da obra de Edvard Munch!
O grito” é sobejamente conhecido, bebeu diversas excelentes interpretações, pelo que esboçar uma visão seria banal, um mero vomitar para o papel trivialidades e lugares comuns.
Limitar-me-ei a tentar explicar, a razão pela qual “o grito” é provavelmente o quadro que mais me impressiona, uma tela que sufoca a respiração, que faz crescer no estômago a azia doce dos momentos inesquecíveis!
Atrai-me aquele vulto frágil perdido em nuvens de turbulência, que parece carregar em si o peso de todos os mundos, encanta-me a ternura de um desabafo no caos da noite, gritos mudos de impotência corajosa, na penumbra de uma treva fria.
Excita-me a solidão, deseja e procurada, rodeada por muitos outros, a irrelevância dos seus olhares, que me deixam imune e permitem-me viajar entre pensamentos íntimos, deixar a imaginação rumar a portos e mundos distantes, destruindo pontes entre a fantasia e a realidade. No quadro, onde alguns descobrem cores sinistras, apenas consigo ver os tons quentes e fortes, tonalidades que nos inspiram, com a força fraca dos sonhos impossíveis. Não prendo os olhos nas cores do rio frio e triste de uma amarga madrugada de Oslo, mas apaixono-me pelo laranja quente que rasga o céu, que nos aquece a alma, com o crepitar de uma lareira numa noite gélida de Inverno.
Não consigo encontrar infelicidade quando alguém em angústia sofre, chora, geme e grita: nessa revolta, apenas encontro a esperança, a capacidade de continuar a acreditar que a felicidade não é um mito impossível, mas uma conquista que apenas depende de cada um de nós…

10 comentários:

  1. Sabes, sempre que vejo um quadro, reparo no primeiro momento em dois ou três pormenores apenas. Neste caso, claro, o principal, o indivíduo angustiado. Em segundo, as outras duas pessoas e depois a ponte, ou vedação. A primeira ideia que me fica é que o "gritante" quer estar sozinho e não consegue por haver sempre gente ali. Não sei se é um total disparate que digo agora aqui, ou não, mas é a minha visão e interpretação deste quadro.

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  2. Anónimo23:53

    Espantosa a interpretação! Fico confuso, como alguém que escreve o que o escreve algumas vezes, tem depois esta sensibilidade!

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  3. Anónimo00:36

    gostei...
    do que li fiquei com a sensação que tem uma vida cheia de paixões ou uma paixão cheia de vida...a sensiblidade que mostrou ter faz de si um Homem ainda mais interessante, o gosto pelas cores fortes torna-o positivo...como que a dizer...sou feliz e e conquisto a minha vida a cada momento de esperança vivido.
    obrigada por transmitir essa sensibilidade...

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  4. @zig -
    Gosto de pintura; digo uns dislates sobre quadros, o que não quer dizer que perceba! Mas... o que mais me atraí, é o facto de cada um de nós fazer a sua leitura, de nos deixarmos perder no mundo do artista!
    @anónimo -
    eu sou sensível! Mas... mais do tipo.. elefante! Até trombudo sou...

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  5. Anónimo01:43

    Formidável interpretação! Sem dúvida, que não "vomitou" banalidades!

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  6. Anónimo18:08

    Sempre gostei deste quadro porque vejo retratada a liberdade! Transmite-me sensações muito possitivas! Agora, depois de ler esta interpretação, fiquei a gostar ainda mais... Excelente texto! Parabéns!

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  7. 'as palavras são como pedras, aquilo que são é o que por elas passa' ... os quadros são como as vidas, podemos ver neles, aquilo que por nós passa... cada um espelha o que há dentro em si, o pintor o que havia nele. Gosto de pensar que muitos ilustram as suas vidas com esta sensibilidade, que espelham assim!

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  8. Gosto e Mete-me medo ao mesmo tempo...
    Contradições que me fazem parar e olhar para esta obra sem saber bem o que sentir.
    Gosto da forma como ilustra aquilo que por vezes nos aconteces nos sonhos: gritamos mas ninguém nos ouve.
    Medo de um dia o sonho ser tão real e ninguém conseguir ouvir os gritos que nos sufocam na garganta.

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  9. Anónimo14:26

    Adroro o quadro
    e as obras de Eduard Much

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!