Hoje, contrariamente a outras ocasiões, não vou tecer uma explicação sobre o quadro. Até porque já antes falámos da obra de Edvard Munch!
O grito” é sobejamente conhecido, bebeu diversas excelentes interpretações, pelo que esboçar uma visão seria banal, um mero vomitar para o papel trivialidades e lugares comuns.
Limitar-me-ei a tentar explicar, a razão pela qual “o grito” é provavelmente o quadro que mais me impressiona, uma tela que sufoca a respiração, que faz crescer no estômago a azia doce dos momentos inesquecíveis!
Atrai-me aquele vulto frágil perdido em nuvens de turbulência, que parece carregar em si o peso de todos os mundos, encanta-me a ternura de um desabafo no caos da noite, gritos mudos de impotência corajosa, na penumbra de uma treva fria.
Excita-me a solidão, deseja e procurada, rodeada por muitos outros, a irrelevância dos seus olhares, que me deixam imune e permitem-me viajar entre pensamentos íntimos, deixar a imaginação rumar a portos e mundos distantes, destruindo pontes entre a fantasia e a realidade. No quadro, onde alguns descobrem cores sinistras, apenas consigo ver os tons quentes e fortes, tonalidades que nos inspiram, com a força fraca dos sonhos impossíveis. Não prendo os olhos nas cores do rio frio e triste de uma amarga madrugada de Oslo, mas apaixono-me pelo laranja quente que rasga o céu, que nos aquece a alma, com o crepitar de uma lareira numa noite gélida de Inverno.
Não consigo encontrar infelicidade quando alguém em angústia sofre, chora, geme e grita: nessa revolta, apenas encontro a esperança, a capacidade de continuar a acreditar que a felicidade não é um mito impossível, mas uma conquista que apenas depende de cada um de nós…
Sabes, sempre que vejo um quadro, reparo no primeiro momento em dois ou três pormenores apenas. Neste caso, claro, o principal, o indivíduo angustiado. Em segundo, as outras duas pessoas e depois a ponte, ou vedação. A primeira ideia que me fica é que o "gritante" quer estar sozinho e não consegue por haver sempre gente ali. Não sei se é um total disparate que digo agora aqui, ou não, mas é a minha visão e interpretação deste quadro.
ResponderEliminarEspantosa a interpretação! Fico confuso, como alguém que escreve o que o escreve algumas vezes, tem depois esta sensibilidade!
ResponderEliminargostei...
ResponderEliminardo que li fiquei com a sensação que tem uma vida cheia de paixões ou uma paixão cheia de vida...a sensiblidade que mostrou ter faz de si um Homem ainda mais interessante, o gosto pelas cores fortes torna-o positivo...como que a dizer...sou feliz e e conquisto a minha vida a cada momento de esperança vivido.
obrigada por transmitir essa sensibilidade...
@zig -
ResponderEliminarGosto de pintura; digo uns dislates sobre quadros, o que não quer dizer que perceba! Mas... o que mais me atraí, é o facto de cada um de nós fazer a sua leitura, de nos deixarmos perder no mundo do artista!
@anónimo -
eu sou sensível! Mas... mais do tipo.. elefante! Até trombudo sou...
Gostei do texto!!
ResponderEliminarFormidável interpretação! Sem dúvida, que não "vomitou" banalidades!
ResponderEliminarSempre gostei deste quadro porque vejo retratada a liberdade! Transmite-me sensações muito possitivas! Agora, depois de ler esta interpretação, fiquei a gostar ainda mais... Excelente texto! Parabéns!
ResponderEliminar'as palavras são como pedras, aquilo que são é o que por elas passa' ... os quadros são como as vidas, podemos ver neles, aquilo que por nós passa... cada um espelha o que há dentro em si, o pintor o que havia nele. Gosto de pensar que muitos ilustram as suas vidas com esta sensibilidade, que espelham assim!
ResponderEliminarGosto e Mete-me medo ao mesmo tempo...
ResponderEliminarContradições que me fazem parar e olhar para esta obra sem saber bem o que sentir.
Gosto da forma como ilustra aquilo que por vezes nos aconteces nos sonhos: gritamos mas ninguém nos ouve.
Medo de um dia o sonho ser tão real e ninguém conseguir ouvir os gritos que nos sufocam na garganta.
Adroro o quadro
ResponderEliminare as obras de Eduard Much