sábado, março 29, 2008

Beijo, por Toulouse-Lautrec

Toulouse-Lautrec foi um nobre italiano sem vocação para aristocrata! Vítima de uma doença desconhecida que lhe atrofiou o crescimento, entrou na idade adulta poucos centímetros acima do metro e meio.
Apesar da sua longa linhagem aristocrata, desde petiz que se depreendeu a sua diminuta apetência para a opulência, preferindo os prazeres simples!
É na enfermidade que descobre a apetência para a pintura, matando o tempo da convalescença na cama com a sua arte; esse prazer, leva-o a Paris, decisão que marca para sempre a sua vida.
Na cidade da luz, instala-se num bairro mal frequentado, um zona de escárnio, ambiente povoado por gentes pouco recomendáveis, como prostitutas, pessoas de humildes profissões e essa gente mal fadada que são os artistas e os perigosíssimos intelectuais! O bairro que foi a eterna casa de Toulouse-Lautrec, era frequentado por Degas, Cézanne, Monet, Van Gogh, Renoir, tornando as ruelas num local mítico em que a genialidade se fundia na boémia!
Especialmente o lendário Moulin Rouge, onde Toulouse-Lautrec se perdia nos prazeres das mulheres e do álcool, desenvolvendo o talento que ganhou a eternidade, pintando os cartazes de peças de teatro e alusivos aos famosos bordeis da capital francesa!
O beijo foi alegadamente pintado num bordel. Na mais fidedigna interpretação, o quadro parece oferecer-nos dois amantes furtivos de paixões carnais, ébrias, envoltos num vermelho forte, um fogo rasgado de calor, paixão ocasional, num ambiente que apela ao sexo, que oferece o sexo na sua obscenidade pura! Ou não! Ou o artista oferece-nos dois adolescentes, que se escondem para furtar beijos puros e imaculados, de uma quente pura e honesta paixão, que o mundo os obriga a esconder, com a certeza certa que se amam e que nada os pode destruir ou separar…

8 comentários:

  1. Tendo em conta a história que contas de Toulouse-Lautrec, vejo mais depressa o "inocente" beijo adolescente, carregado de amor, camuflado pelo ambiente de bordel. São as cores que envolvem os amantes que nos fazem ver um ambiente de apelo ao sexo. Como que se existisse um aroma de lasciva, a pairar no ar...
    Mas... há um pequeno detalhe que me leva a querer, que aquilo é mais uma despedida... algo mais...
    "Fomos fantásticos..."

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  2. lá está, a confirmação do ditado: com metro e meio e tanta coisa maravilhosa. gosto muito desta pintura, descobri-a recentemente e a interpretação que fiz foi mais próxima da dos adolescentes, do fazer amor e não aquela versão mais carnal...
    agora, olhando com outros olhos (bom, serão os mesmos olhos, mas sem as palas) consigo encontrar essa visão desejo, do vermelho, da troca de corpos e fluidos só pelo prazer em si, sem o romantismo. ainda assim... continuo a preferir a outra. a mais inocente. mas só pela perspectiva nova, obrigada. ainda bem que o da semana passada não foi o último.

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  3. Anónimo23:29

    Concordo com a moi chéri: é um imenso prazer ler as suas interpretações de quadros: este, é lindo!

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  4. Anónimo01:14

    Depois da critica á bimby vai a bonança com esta pintura. adoro Toulouse. ele fico pequeno, não por uma doença estranha mas porque em criança caiu das escadas (salvo erro) se não foi de um cavalo ou assim e partiu as pernas o que lhe atrofiou o crescimento , da cintura para cima era um homem normal e maior do que muitos gigantes que para ai andam..
    veja o filme Moulin Rouge (1952)
    Como diria Fernando Pessoa "Porque eu sou do tamanho do que vejo
    E não, do tamanho da minha altura"

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  5. No filme há essa versão; mas, em outros documentos, fala-se em uma distrofia poli-hipofisária (seja lá o que isso for!!!)

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  6. Anónimo01:00

    Henri–Marie–Haimond de Toulouse Lautrec. Nasce em Albi, pequena cidade do sudoeste da França. Aproximadamente 550 km de Paris. O futuro mestre de uma pintura formidável. Portanto um autentico “francês”, e não um nobre italiano como dito no texto. A primeira fratura ocorre em seu fêmur esquerdo, aos 13 anos, em casa quando cai de uma cadeira. Aos 15 anos em outra queda durante um passeio com sua mãe, fratura o fêmur direito...

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  7. Anónimo23:42

    Pelo que aprendi, Toulouse ao viver num ambiente de boldel e o que o acompanha, interessou-se pelas coisas que fossem directas a esse assunto, mas dando-lhes uma sensação de lar.
    E foi nos bordeis e assim que ele se interessou pelos que, tal como ele, precisavam, procuravam e escondiam romances num lugar em que governa o prazer carnal. Ou seja, não sei se vos disseram, são duas prostitutas, tal como na outra pintura que retrata um beijo e por ai fora. A confusão deve vir do cabelo curto.
    Digo isto porque isso torna a obra muito mais interessante do que um simples beijo. Tanto porque na altura era "diferente" retratar-se esse lado degradante da sociedade como porque vai buscar esse lado demente e mostrá-lo como sendo "belo". É um segredo e uma libertação.
    Que isso não altere na negativa o vosso gosto pela obra.
    Já agora, boas interpretações, muito expressivas e sentidas.

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  8. Obrigado anónimo - sou apenas um curioso! Nada sei de pintura! Apenas.. gosto e mexe comigo!

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