Regressar a um sítio onde fomos felizes, tem o risco de carregar dúvidas e a nostalgia: mas não é sobre isto que me apetece falar hoje!
Esta é a crónica de uma pêga velha. Recordo-me dela há dez anos. Há quinze! Se vasculhar nas memórias, estou certo que me recordo dela há pelo menos vinte anos. E senhores: era terrivelmente boa, aquilo que os físicos quânticos da NASA designam de podre de boa, aquilo que a populaça diz ser boa como o milho, expressou que me irrita solenemente, porquanto, se queremos adjectivar a mulher de forma gastronómica, chamem-lhe boa como lagosta grelhada de mares frios. Desculpe a redundância, sinto que estou a ser prolixo, mas quero que o leitor entenda que a mulher em questão era divinamente bela, daquele tipo de mulher que nos masturba só com um olhar!
Voltei a vê-la num destes dias, que por acaso foi de noite. Numa esplanada que é bar ou num bar que tem esplanada, porque não sei distinguir: rosto cansado pelo tempo, linhas disformes onde antes havia sintonia, o peso das vivências no corpo e no rosto, um olhar que perdeu a pureza de acreditar, uma mera sombra do sol que outrora conheci.
Vi-a entregando-se primeiro a um, depois a outro e mais outro, mais dois ainda, que se afastavam com sobranceria, leoa cansada e velha procurando desesperadamente macho, que, nas suas costas, a gozavam sem pudor nem piedade, com a arrogância altiva de quem cospe em público do prato que come no silêncio privado.
Procurei não olhar, mas atraía-me a miséria perdida da indignidade de não perceber que o tempo passa, os olhos cansados que encontram o espelho sem coragem de o olhar, a compaixão por quem teve quantos quis, por certo também alguns que não quis, mendigando pela falsa sensação de carinho e companhia. Numa noite de calor, sem lua cheia!
Esta é a crónica de uma pêga velha. Recordo-me dela há dez anos. Há quinze! Se vasculhar nas memórias, estou certo que me recordo dela há pelo menos vinte anos. E senhores: era terrivelmente boa, aquilo que os físicos quânticos da NASA designam de podre de boa, aquilo que a populaça diz ser boa como o milho, expressou que me irrita solenemente, porquanto, se queremos adjectivar a mulher de forma gastronómica, chamem-lhe boa como lagosta grelhada de mares frios. Desculpe a redundância, sinto que estou a ser prolixo, mas quero que o leitor entenda que a mulher em questão era divinamente bela, daquele tipo de mulher que nos masturba só com um olhar!
Voltei a vê-la num destes dias, que por acaso foi de noite. Numa esplanada que é bar ou num bar que tem esplanada, porque não sei distinguir: rosto cansado pelo tempo, linhas disformes onde antes havia sintonia, o peso das vivências no corpo e no rosto, um olhar que perdeu a pureza de acreditar, uma mera sombra do sol que outrora conheci.
Vi-a entregando-se primeiro a um, depois a outro e mais outro, mais dois ainda, que se afastavam com sobranceria, leoa cansada e velha procurando desesperadamente macho, que, nas suas costas, a gozavam sem pudor nem piedade, com a arrogância altiva de quem cospe em público do prato que come no silêncio privado.
Procurei não olhar, mas atraía-me a miséria perdida da indignidade de não perceber que o tempo passa, os olhos cansados que encontram o espelho sem coragem de o olhar, a compaixão por quem teve quantos quis, por certo também alguns que não quis, mendigando pela falsa sensação de carinho e companhia. Numa noite de calor, sem lua cheia!
Lindo! Que bonito ...
ResponderEliminarnão sei é que é que tu tens, mas deves estar doente, se eu fosse a ti ia à bruxa, a lua anda-te a fazer mal
ResponderEliminarEu penso que vi aquilo que o Hugo retrata, mas a poesia das tuas palavras, disfarçam o que assisti, que foi muito triste.
ResponderEliminarTriste, como me pareceu que estavas...
Maravilhoso!
ResponderEliminarLindo, mas ao mesmo tempo muito triste!
ResponderEliminarLindamente triste, tristemente lindo!
ResponderEliminarHá muitos casos assim, jovens, na "flor" da idade, a serem "procuradas" pelo aspecto que "oferecem" e "achadas" por aqueles que aparentam ser o par ideal, e depois não o são, e depois aparece outro...e outro! Normalmente, pessoas assim mudam de terra para que não sejam "reconhecidas", outras, porém, não têm essa oportunidade e caem desgraçadamente deste serro que outrora tão gloriosamente conseguiram subir ;)
quem é, quem é, quem é???
ResponderEliminardiz, diz, diz