domingo, junho 06, 2010

Crónica de uma pêga velha...

Regressar a um sítio onde fomos felizes, tem o risco de carregar dúvidas e a nostalgia: mas não é sobre isto que me apetece falar hoje!
Esta é a crónica de uma pêga velha. Recordo-me dela há dez anos. Há quinze! Se vasculhar nas memórias, estou certo que me recordo dela há pelo menos vinte anos. E senhores: era terrivelmente boa, aquilo que os físicos quânticos da NASA designam de podre de boa, aquilo que a populaça diz ser boa como o milho, expressou que me irrita solenemente, porquanto, se queremos adjectivar a mulher de forma gastronómica, chamem-lhe boa como lagosta grelhada de mares frios. Desculpe a redundância, sinto que estou a ser prolixo, mas quero que o leitor entenda que a mulher em questão era divinamente bela, daquele tipo de mulher que nos masturba só com um olhar!
Voltei a vê-la num destes dias, que por acaso foi de noite. Numa esplanada que é bar ou num bar que tem esplanada, porque não sei distinguir: rosto cansado pelo tempo, linhas disformes onde antes havia sintonia, o peso das vivências no corpo e no rosto, um olhar que perdeu a pureza de acreditar, uma mera sombra do sol que outrora conheci.
Vi-a entregando-se primeiro a um, depois a outro e mais outro, mais dois ainda, que se afastavam com sobranceria, leoa cansada e velha procurando desesperadamente macho, que, nas suas costas, a gozavam sem pudor nem piedade, com a arrogância altiva de quem cospe em público do prato que come no silêncio privado.
Procurei não olhar, mas atraía-me a miséria perdida da indignidade de não perceber que o tempo passa, os olhos cansados que encontram o espelho sem coragem de o olhar, a compaixão por quem teve quantos quis, por certo também alguns que não quis, mendigando pela falsa sensação de carinho e companhia. Numa noite de calor, sem lua cheia!

7 comentários:

  1. Lindo! Que bonito ...

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  2. Anónimo01:13

    não sei é que é que tu tens, mas deves estar doente, se eu fosse a ti ia à bruxa, a lua anda-te a fazer mal

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  3. Anónimo19:36

    Eu penso que vi aquilo que o Hugo retrata, mas a poesia das tuas palavras, disfarçam o que assisti, que foi muito triste.
    Triste, como me pareceu que estavas...

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  4. Anónimo22:18

    Lindo, mas ao mesmo tempo muito triste!

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  5. Lindamente triste, tristemente lindo!

    Há muitos casos assim, jovens, na "flor" da idade, a serem "procuradas" pelo aspecto que "oferecem" e "achadas" por aqueles que aparentam ser o par ideal, e depois não o são, e depois aparece outro...e outro! Normalmente, pessoas assim mudam de terra para que não sejam "reconhecidas", outras, porém, não têm essa oportunidade e caem desgraçadamente deste serro que outrora tão gloriosamente conseguiram subir ;)

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  6. Anónimo10:45

    quem é, quem é, quem é???

    diz, diz, diz

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Respeite as opiniões contrárias! Se todos tivéssemos o mesmo gosto, andávamos todos atrás da sua namorada! Ou numa noite de copos, a perseguir a sua mulher!