Há um restaurante que baptizei como o sítio das pessoas felizes. Tudo começou numa noite tórrida de Agosto, salvo erro no finalzinho de um Julho quente, quando passeava por ruas geométricas e fui atraído pelo ruído de uma música de baile de casamento de aldeia pobre, assustadoramente terno, onde velhos e velhas felizes cantavam em coro entre sorrisos desdentados felizes.
O restaurante é uma tasca rasca, onde se come peixe de gente pobre, a preços meiguinhos, sem charme ou requinte, mas com uma qualidade notável. Fui deliciar-me com sardinhas assadas e uma salada feita com vegetais verdadeiros, sentei-me ao canto, tendo no mão o livro que fingia ler e nos ouvidos os phones do telemóvel, comprados ao indiano.
Olhei para os rostos cansados daquelas pessoas humildes e vi sorrisos de gente feliz! Naqueles traços vincados, não encontrei as rugas do deficit orçamental ou dos planos de austeridade, não se discutia como travar o desemprego ou a regulação do capitalismo, nem sequer as lacunas culturais ou os ordenados obscenos de idiotas partidários! No sítio das pessoas felizes, gente sofrida, que carrega escondida as dores e penso de uma vida, comiam sardinhas e carapaus, com vinho barato e sorrisos lindos!
O restaurante é uma tasca rasca, onde se come peixe de gente pobre, a preços meiguinhos, sem charme ou requinte, mas com uma qualidade notável. Fui deliciar-me com sardinhas assadas e uma salada feita com vegetais verdadeiros, sentei-me ao canto, tendo no mão o livro que fingia ler e nos ouvidos os phones do telemóvel, comprados ao indiano.
Olhei para os rostos cansados daquelas pessoas humildes e vi sorrisos de gente feliz! Naqueles traços vincados, não encontrei as rugas do deficit orçamental ou dos planos de austeridade, não se discutia como travar o desemprego ou a regulação do capitalismo, nem sequer as lacunas culturais ou os ordenados obscenos de idiotas partidários! No sítio das pessoas felizes, gente sofrida, que carrega escondida as dores e penso de uma vida, comiam sardinhas e carapaus, com vinho barato e sorrisos lindos!
E no papai noel também acerdita o menino?
ResponderEliminar@amoroso - ainda há pessoas felizes! E mais não digo para não ser ofensivo!
ResponderEliminarParabéns por conheres o Portugal profundo. Também conheço uns quantos sitios assim onde me refugio sem fones e sem livro para poder esquecer-me do resto e lembrar que é necessário tão pouco para ser feliz. Gosto de pensar que nem que seja por algumas horas faço parte da alma dessa gente que ri da miséria. Adorei o post :), fez-me lembrar uma boa parte de mim
ResponderEliminarA sua escrita é comovedoramente boa. Aqui é um sítio onde faz pessoas felizes!
ResponderEliminarÉ tão bom sorrir a visualizar o quadro que acabaste pintar...
ResponderEliminarAté me cheirou a sardinhas..
ResponderEliminarTem o dom da palavra para escrever um bom livro!
ResponderEliminarQuando é o lançamento dessa obra que tarda em aparecer?
e você....
ResponderEliminaré feliz? ;)
abraço
...uma casa portuguesa com certeza...
ResponderEliminar...a ternura do pobrezinho...
Éra assim o país maravilhoso do nosso amigo que caiu da cadeira.
ResponderEliminarGente pobre, analfabeta, que não conhece mais do que a sua terra, não ambiciona mais do que aquilo que conhece.
Os tipos que com sorte já foram ao médico a Lisboa, esses é que já viram mais qualquer coisa, querem um pouco mais - comunas de merda.
Estive a almoçar à beira rio, uma esplanada com cadeiras anatómicas, pratos divinais; as entradas: lagosta, "ovas das tais"; olhei em volta - via crianças muito bem vestidas, pessoas perfumadas, não dei por ninguém chorar, apesar do menu rondar os 200 euros.
ResponderEliminarGostei da forma como escreveste, mas prefiro o meu "restaurant"...
O que é a relação dos comunas com este post???
ResponderEliminarQue saudades da "minha" aldeia Corte Gafo de Baixo...;)
ResponderEliminarTem certos dias
ResponderEliminarEm que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá¡ uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
CHICO BUARQUE - Gente Humilde