Lagos foi, entre 4 e 7 de Março, lugar de encontro (e desencontro) de diferentes pessoas, projectos, organizações que, de diferentes formas, estão ligados à “coisa” cultural. Criadores, programadores, autarcas, poder central, estudiosos e outros, reuniram-se durante estes dias em mais uns Encontros Alcultur, tendo como temas âncora Programação, Mediação Cultural, Públicos. De destacar neste encontro o papel que os autarcas com pelouro da cultura tiveram (ou deveriam ter tido) nestes encontros. De destacar também a fraca, fraquinha, participação de autarcas do distrito.
Enquanto em França há 20 anos que se vendem mais bilhetes para o teatro do que para o futebol, em Portugal permanecemos na luta contra a fraca tecitura cultural. E no entanto, a administração central continua a tentar encontrar linhas de orientação das políticas culturais; os teatros municipais, salvo belíssimas e raras excepções, estão subjugados ao caminho populista da casa cheia; os cineteatros exibem os filmes nomeados para os Óscares, uma ou outra exposição e uma programação ocasional sem qualquer estratégia; a maioria dos “programadores culturais” (figura recente), limita-se a escolher uns espectáculos frente ao computador, à procura do artista do momento, coleccionando tesourinhos deprimentes e esperando agradar a quem lhes paga (a caricatura, embora a subscreva, não é minha é de Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes); os criadores, salvo belíssimas e raras excepções, estão enfornados no seu forno que é o “objecto artístico” esperando que alguém apareça para ver o “objecto” já cozinhado.
E é nesta parafernália de estados de espírito que falamos em formação de públicos e formação pela cultura, mas continuamos a preferir comprar um bilhete para um qualquer jogo de futebol da divisão regional do que um “bilhete para mudar a vida”, nas palavras de Gonçalo M. Tavares.
As autarquias, enquanto promotores da oferta, podem ser o grande propulsor da mudança deste cenário, uma vez que são elas, em comparação com a Administração Central, que mais investem, em termos de orçamento, na cultura (o acréscimo no bolo destinado à cultura nas autarquias aumentou, entre 1987 e 2003, qualquer coisa como 613 por cento, enquanto a despesa da tutela com a cultura tem vindo a decrescer, até a uns míseros 0,4 por cento). E desengane-se quem pense que o Alentejo é a região que menos gasta em cultura, pelo contrário, é das que apresenta um maior peso da despesa com cultura.
No entanto, a qualificação pela cultura não pode ser dissociável da qualificação da cultura. E é aqui que o trabalho das autarquias, donas de cineteatros ou teatros municipais, falha. A obra está construída, toda a santa terra tem o seu espaço cultural, é tempo de apostar nos conteúdos. Uma aposta que seja orientada estrategicamente na definição de uma política cultural local que, preferencialmente, se una em redes (que funcionem) regionais e nacionais, liderada por profissionais exigentes que não reduzam as suas escolhas ao mainstream e ao consumo duvidoso. Cultura e entretenimento não são a mesma coisa. Programação cultural regular, conteúdos exigentes, formação dos profissionais, ligação directa à comunidade em geral, e às escolas, em particular, numa busca constante de audiências, pode fazer com que os teatros deixem de ser templos onde as pessoas têm medo de entrar.
Acredito que a constelação de futuro na batalha pela formação de públicos e qualificação pela cultura se faz de teatros, autarquias, escolas, “fazedores” de cultura e de todos nós, como sujeitos culturais activos. Qual estrela de cinco pontas, simbolizando o Homem integral.
Pena a fraca, fraquinha, participação de autarcas e outros agentes culturais do distrito na discussão destes assuntos. Pena que sejamos dos que mais gastam em cultura, mas pouco invistamos nela.
Enquanto em França há 20 anos que se vendem mais bilhetes para o teatro do que para o futebol, em Portugal permanecemos na luta contra a fraca tecitura cultural. E no entanto, a administração central continua a tentar encontrar linhas de orientação das políticas culturais; os teatros municipais, salvo belíssimas e raras excepções, estão subjugados ao caminho populista da casa cheia; os cineteatros exibem os filmes nomeados para os Óscares, uma ou outra exposição e uma programação ocasional sem qualquer estratégia; a maioria dos “programadores culturais” (figura recente), limita-se a escolher uns espectáculos frente ao computador, à procura do artista do momento, coleccionando tesourinhos deprimentes e esperando agradar a quem lhes paga (a caricatura, embora a subscreva, não é minha é de Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes); os criadores, salvo belíssimas e raras excepções, estão enfornados no seu forno que é o “objecto artístico” esperando que alguém apareça para ver o “objecto” já cozinhado.
E é nesta parafernália de estados de espírito que falamos em formação de públicos e formação pela cultura, mas continuamos a preferir comprar um bilhete para um qualquer jogo de futebol da divisão regional do que um “bilhete para mudar a vida”, nas palavras de Gonçalo M. Tavares.
As autarquias, enquanto promotores da oferta, podem ser o grande propulsor da mudança deste cenário, uma vez que são elas, em comparação com a Administração Central, que mais investem, em termos de orçamento, na cultura (o acréscimo no bolo destinado à cultura nas autarquias aumentou, entre 1987 e 2003, qualquer coisa como 613 por cento, enquanto a despesa da tutela com a cultura tem vindo a decrescer, até a uns míseros 0,4 por cento). E desengane-se quem pense que o Alentejo é a região que menos gasta em cultura, pelo contrário, é das que apresenta um maior peso da despesa com cultura.
No entanto, a qualificação pela cultura não pode ser dissociável da qualificação da cultura. E é aqui que o trabalho das autarquias, donas de cineteatros ou teatros municipais, falha. A obra está construída, toda a santa terra tem o seu espaço cultural, é tempo de apostar nos conteúdos. Uma aposta que seja orientada estrategicamente na definição de uma política cultural local que, preferencialmente, se una em redes (que funcionem) regionais e nacionais, liderada por profissionais exigentes que não reduzam as suas escolhas ao mainstream e ao consumo duvidoso. Cultura e entretenimento não são a mesma coisa. Programação cultural regular, conteúdos exigentes, formação dos profissionais, ligação directa à comunidade em geral, e às escolas, em particular, numa busca constante de audiências, pode fazer com que os teatros deixem de ser templos onde as pessoas têm medo de entrar.
Acredito que a constelação de futuro na batalha pela formação de públicos e qualificação pela cultura se faz de teatros, autarquias, escolas, “fazedores” de cultura e de todos nós, como sujeitos culturais activos. Qual estrela de cinco pontas, simbolizando o Homem integral.
Pena a fraca, fraquinha, participação de autarcas e outros agentes culturais do distrito na discussão destes assuntos. Pena que sejamos dos que mais gastam em cultura, mas pouco invistamos nela.
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