A mais estranha época na cidade é o mês de Agosto, quando calores medonhos baixam à planície, deixando inertes os corpos suados, que ficam mudos temendo o menor dos esforços, curvados sobre a força da intempérie que nos adormece. As ruas da cidade ficam ainda mais despidas, desertas de gente que se aconchega nas pequenas sombras, desejando que ao turbilhão de calor se siga a retemperadora acalmia. Que surge quando a noite cai. Sempre misteriosa e inesperada, instável, que nos pode arrastar para horas onde o vento se envergonha e foge deixando no ar o calor abrasivo, irrespirável ou, inesperadamente, surgir a dançar no ar um vento frio, que se incrusta nos corpos, recordando-lhes que tudo é efémero, mesmo o calor.
Nas noites de Agosto a cidade é feia e triste, faltando-lhe quase tudo. Parca em esplanadas porque o clima desaconselha, a cidade torna-se ainda mais estranha e inóspita, como se fechasse para reabrir mais tarde. As iniciativas municipais têm sido paupérrimas e por razões que nem a razão conhece a casa de espectáculos da cidade alheia-se de Beja, deixando-se perder num decrépito e ruidosos silêncio.
Dizia o mito que a cidade ia de férias em Agosto, que o Castelo se instalava em Monte Gordo em veraneio: mas as férias são um luxo que muitos já não têm e o mito esquece que muitos que foram ganhar a vida lá fora regressam em Agosto. E que estes também são bejenses e merecem esta cidade. Porque a cidade não pode morrer um mês em cada ano que passa...
Nas noites de Agosto a cidade é feia e triste, faltando-lhe quase tudo. Parca em esplanadas porque o clima desaconselha, a cidade torna-se ainda mais estranha e inóspita, como se fechasse para reabrir mais tarde. As iniciativas municipais têm sido paupérrimas e por razões que nem a razão conhece a casa de espectáculos da cidade alheia-se de Beja, deixando-se perder num decrépito e ruidosos silêncio.
Dizia o mito que a cidade ia de férias em Agosto, que o Castelo se instalava em Monte Gordo em veraneio: mas as férias são um luxo que muitos já não têm e o mito esquece que muitos que foram ganhar a vida lá fora regressam em Agosto. E que estes também são bejenses e merecem esta cidade. Porque a cidade não pode morrer um mês em cada ano que passa...
Não conheço as noites de Agosto em Beja, mas o texto está lindo!
ResponderEliminarGostei do texto, e identifiquei-me com ele, ainda mais, pq deixei de ter férias em agosto, e optei por o mes de junho, logo...sei o que é ficar por cá...coisa que durante anos a fio, não soube...mas a cidade fica mesmo deserta...e dizem que já não fica tanto...e vê-se muitos carros de matricula estrangeira e um "oui...oui..."por aqui e por ali, assim como "como se diz cá..." que me irrita um cadinho...mas enfim...nunca fui emigrante, não posso falar muito.
ResponderEliminaràs tantas com o tempo perdia mesmo o meu sotaque de alentejana...
O seu texto está igual áquilo a que habituou os seus leitores - excelente. Para mim Agosto é uma contradição, é o mês das maiores amplitudes térmicas, escaldante durante o dia , frio à noite. E sendo o mês em que a maior parte da cidade se transferia para Monte Gordo, Armação e Quarteira, era até ontem o mês em que a cidade registava maior afluência de pessoas, lembremo-nos de 10 e 15 de Agosto - Tourada e Feira. Sou do tempo ds chamados "agosteiros", isto é familia na praia e o chefe à redea soltana cidade.
ResponderEliminaruma das razões para amar a minha terra é que durante o mês de agosto à imensa coisa para fazer, umas delas serão passear à beira rio, ir ao festival sudoeste (SW), praia, concertos nos bares de verão, irmos às touradas .......
ResponderEliminarSim, também já estou com saudades do calor!
ResponderEliminarAgora, essa da casa citada na nº5 fechar durante o verão, penso que deste a resposta no próprio texto - além disso, esse pessoal também necessita de férias, ou não?
@zig - Conheço o argumento, mas sempre o achei fraquinho! também os médicos têm férias e os hospitais não fecham em agosto...
ResponderEliminarA cidade "morre" durante um mês, porque os bejenses "abalam" para as praias. Por isso, vejo lógica no facto de a cidade nesse mês parar. É como um recarregar de batérias, onde se fica um mês sem ver e fazer o que fizemos no resto do ano.
ResponderEliminarA cidade fica quase deserta porque alguns se vão embora, e os que ficam, vão se embora porque a cidade esta quase deserta, ficando ela assim deserta.