
Edgar Degas é um pintor francês cuja vida se cruzou entre os séculos XIX e XX para se tornar imortal graças à excelência do seu traço.
Degas teve uma infância faustosa, no meia da mais proeminente burguesia, privilegiado na vertente material, cresceu para vingar como aristocrata, na peugada de seu pai, insigne banqueiro parisiense. Na opulência de uma vida farta, o jovem adulto Degas ruma a Itália numa viagem de lazer, onde se encanta com os clássicos do período renascentista. Nesses dias ainda estava longe de ser o génio revolucionário que o imortaliza.
O percurso artístico nasce depois, após travar conhecimento com a obra do seu primeiro mestre Dominique Ingres e posteriormente o seu grande amigo Manet.
Faço parênteses no percurso de Degas, para convidar as leitoras a refugiarem-se na infância, os leitores a recordarem as suas pequenas petizas, retroagindo a um momento no tempo, em que todas as meninas sonharam um dia em ser bailarinas, perderem-se na musica, com um par de sandálias mágicas nos pés, que nos permitem viver todos os sonhos. E carregam convosco essa imagem pura e cândida para a leitura do quadro.
Na pequena bailarina vemos a negação do seu estilo impressionista, o momento que quebra os dogmas da técnica que lhe havia granjeado sucesso, deixando soltar o pincel para tons mais quentes e vibrantes, sendo espelho das minhas palavras, a bailarina que vou, que deixa o palco inóspito para entrar num mundo maravilhoso dos sonhos, aquele local acolhedor que apenas conhecemos nas primeiras infâncias. Um lugar de sonho!
Mas, quem é a bailarina serena pura e imaculada de Degas?
A bailarina é uma jovem artista de parcos recursos, uma família que vivia de miséria, tinha na irmã uma prostituta e ela própria vendeu o corpo como sustento para a vida artística. Ao retrata-la Degas expõe a hipócrita sociedade aristocrática parisiense que cultiva a futilidade com uma tela de realidade, pintando a vida, com cores diferentes dos contos de fadas. No rosto de uma bailarina que deixou de conseguir sonhar e ser criança!