Começo por assumir-me como fumador, nesta época em que a lei parece querer fazer uma distinção entre os portugueses bons e nós!
Não me choca a existência de uma lei anti-tabaco! Defendo a liberdade de o não fumador não ser incomodado com o fumo dos outros. Como admito a veracidade dos estudos sobre o fumo passivo. Pelo que seria o primeiro a aplaudir esta lei! Como – e sou fumador há demasiado tempo – nunca me inibi de apagar um cigarro, quando senti que incomodava outros! Mas, esta não é uma lei anti-tabaco, é uma lei anti-fumador!
Para alem disso, sublinha-se o problema é que esta lei está mal redigida e é desequilibrada! Uma péssima redacção, que gera dúvidas sobre as excepções possíveis, facto que cumulativo a uma interpretação abjecta por parte da Direcção Geral de Saúde, levou a que muitos empresários, motivados por cobarde medo, tenham escolhido a decisão que parece mais fácil! Por outro lado a lei é desequilibrada, porque atentatória dos nossos direitos: importa não esquecer, que fumar é legítimo e é legal!
O que me indigna – e os defensores da lei, em breve irão compreender o preço que lhes custa o recente sorriso – é o surgimento de uma lei, que na sua génese tem um princípio: ridicularizar os fumadores, sujeita-los a um conjunto de situações embaraçosas, fazendo do seu ridículo um acto de campanha contra o tabagismo!
Só os tolos podem encontrar nesta luta, uma guerra que opõe fumadores a não fumadores! O que está aqui em causa é uma querela que divide aqueles que admitem que o Estado, ao abrigo de um puritanismo higiénico, queira interferir com as nossas escolhas individuais e os outros, onde me incluo, que acham intolerável uma intromissão do Estado na intimidade de cada um! Porque é disso que se trata em muitas destas proibições, que são injustificadas e absurdas!
Bem sei que pode ser demagogia, mas só no País de energúmenos se trocam seringas numa prisão e se proíbe os detidos de fumar! Só num pais com saudades do salazarismo ou que sente inveja do fascismo e do comunismo, é que se aprova uma lei, onde cada português tem o solene direito e dever de ser bufo, arrogando-se do privilégio de ir ligar às policias, só porque alguém cometeu o criem de acender um cigarro! Só num pais com pouco apego à liberdade é que um dono de um bar pode ser multado se alguém acender um cigarro, sendo-lhe licito não proibir o consumo de cocaína ou heroína! Só numa época de puritanismos, se proíbe a um empresário privado, de estabelecer as regras de acesso e permanência na sua casa!
A lei anti-fumadores é uma lei à medida de pessoas mesquinhas e menores, que se excitam com a possibilidade de exercer o seu pequeno poder para achincalhar a vida dos outros! E não se iludam: a seguir a estas, vão perseguir os gordos, os que gostam de beber um copo e os que têm comportamentos sexuais mais audazes… Porque o povinho gosta e fica toda satisfeito!