sábado, junho 28, 2008

A dança, por Marc Chagall


Chagall é um dos meus orgasmos predilectos: contemplar a sua obra avulta-me a glande mental, perdendo-me num prazer eufórico, num verdadeiro êxtase, uma mescla de contraditórias sensações de intenso deleite!
A dança é uma descoberta recente! Tipicamente um autentico Chagall, o bode ao centro com especial destaque, congeminações eróticas nas mulheres contrastantes que se antagonizam no quadro, num destaque, que não consegue esconder os pormenores, como o rosto que espreita na parte superior direita do quadro, que com indisfarçável espanto, aprecia o quadro, como se fosse alguém exterior ao mesmo!
O que mais me intriga e encanta na tela é o soberbo amarelo verão que enquadra os diversos quadros dentro deste quadro: sob o quente de uma tela que apela aos prazeres mais básicos, quase carnais, um bando de ninfas entrega-se ao descontrolado prazer de uma qualquer dança, que por certo, não é inspirada pelo violino.
Invejo-as! Leves, soltas, rodopiam alheias ao mundo, imunes aos tons sombrios que enevoam os dias, dançam como cabritas mimosas, despreocupadas, como se o mundo fosse apenas um fim de tarde de verão, quente, como amarelo!
Mas na escolha deste quadro para esta noite, mais que as ninfas, o bode e a musica, mais que o amarelo ou o rosto que espreita, existe uma razão oculta, uma espécie de dádiva ou tributo, uma dedicatória a alguém genuinamente extraordinário. Admito que me acusem a falha, de oferecer como prenda de aniversário um singelo post em tom de amarelo, mas compreenda o meu bom leitor que a economia não é o que era, e um bom forreta poupado, aproveita a boleia de Chagall para dar um beijo terno a um ser com coração de ouro (ouro amarelo como o amarelo de Chagall), uma daquelas pessoas puras, que nós os cínicos mal intencionados, tendemos a confundir com uma qualquer debilidade mundana. Porque não são apenas as ninfas de Chagall que dançam despreocupadas ao vento: ao nosso lado, nas mesmas ruas que calcorreamos, também passeiam pessoas que aprenderam que a vida é bem mais simples quando a percorremos de sorriso nos lábios, confiando nos outros e saboreando pequenos prazeres!


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