Girassóis, por Van Gogh

Regresso esta noite a Van Gonh, para contemplar os mais famosos girassóis do mundo!
Inspirado pelos primeiros raios de sol, que desabrocham depois de um Inverno que pareceu infindável, senti vontade de partilhar com o meu bom leitor, um pintura que clama pelo Verão!
Os girassóis de Van Gonh não se trata de um único quadro, mas de uma série de quadros, com três, doze e quinze girassóis, sempre dentro de uma jarra, todas similares, mas diferentes entre si!
Num primeiro olhar, apraz-me sublinhar o óbvio, bem ciente da blasfémia que são estas palavras: parece um quadro banalíssimo, uma variante pouco inspirada de naturezas mortas, um esboço de um aprendiz, reproduzindo algo que o mestre lhe exibe!
Será um engodo que justifica a fama deste quadro? Será esta uma obra menor, excepcionalmente valorizada pelo olhar cúmplice de cínicos críticos que malevolamente endeusaram uma banalidade?
Ou será o quadro sublime e a falácia está nos olhos que hoje o vê?
…

Ofereceu-lhe um novo olhar, contemplo-o de um diferente prisma, procuro beber as cores, mas não sou capaz de me perder nos amarelos; centro a visão nos girassóis, mas olho-os desalinhados, perdidos numa jarra madrasta, desorientados, por terem sido ceifados à terra mão ainda imberbes, perdidos, ensandecidos com a ausência do sol que era o seu guia!
Questiono-me a razão de depositar numa jarra, algures numa ombreira de uma mal iluminada janela girassóis, plantas esguias, selvagens, mas sem a exuberante beleza das mais delicadas flores?
Será que o segredo que o quadro esconde é recordar-nos da beleza das coisas simples, o orgásmico deleite dos pequenos prazeres, a prolixidade das coisas mais elementares?
Volto a olhar o quadro e encontro nele o prazer quente do sol e esboço o sorriso singelo que nos oferecem as coisas simples, que são sempre as mais complicadas de ter; e comento com os meus botões, que afinal gosto bastante deste Girassóis de van Gogh!